Explicamos recentemente em nosso blog o que é basis. Esse conceito se refere à diferença entre o preço à vista de uma commodity no mercado físico em relação ao seu preço no mercado futuro.
Nas operações de hedge, o basis desempenha um papel importante, pois determina como os contratos futuros se alinham aos preços praticados à vista. Os contratos futuros são acordos financeiros padronizados entre duas partes para compra ou venda de um ativo subjacente a um preço determinado, em uma data específica do futuro.
Para você entender melhor, imagine o seguinte cenário: um produtor de milho quer proteger o valor da sua mercadoria que será colhida em junho. Para isso, ele tem a opção de vender contratos futuros de milho para entregar o produto neste mês, fixando o preço.
Porém, se o basis mudar até a data de vencimento dos contratos futuros, poderá afetar o hedge realizado. Por isso, é essencial compreender como utilizar o basis estrategicamente e quais os seus riscos.
As estratégias de basis são utilizadas no mercado de commodities para aproveitar ou gerenciar as variações na diferença entre os preços à vista e os preços dos contratos futuros de um determinado produto. Essas ferramentas podem ser usadas para proteção em relação às flutuações do valor de basis.
Abaixo, pontuamos cada uma delas.
Essa abordagem é utilizada quando um negociador de uma determinada commodity acredita que o preço à vista do mercado físico deve subir em relação ao preço futuro nos próximos meses.
Dessa forma, ao realizar a estratégia long basis, o negociador irá se posicionar long (compra) no mercado à vista, comprando contratos para aquisição do produto no curto prazo no mercado local. Simultaneamente, se posicionará short (venda) em contratos futuros.
Realiza-se, assim, um payoff positivo que reflete exatamente a diferença entre o preço que comprou o produto no mercado à vista e posteriormente vendeu.
Estratégia short basis: venda de basis
Essa abordagem é aplicada quando o negociador acredita que o basis de um determinado ativo em seu mercado local deverá se deslocar em um certo período. Dessa forma, o preço no mercado à vista deve diminuir ao longo do tempo em relação ao preço dos contratos futuros desta mesma commodity.
Com isso, é prevista a redução nos preços do mercado à vista em relação aos futuros, ou seja, há diminuição do valor do basis. Com a estratégia short basis, o negociador aproveita de uma base mais forte no curto prazo. Assim, pode vender o ativo no mercado local com o preço à vista, pois imagina que ele ficará ainda mais barato nos próximos meses. Simultaneamente, compra contratos futuros deste ativo na bolsa de referência.
O mercado de commodities está sujeito a vários riscos. Os preços, por exemplo, sofrem influência de fatores de oferta e demanda.
Neste contexto, os riscos podem ser minimizados por meio de ferramentas de hedge. Entre elas, destaca-se o uso de derivativos, como os contratos futuros. Com essa alternativa, o hedger promete comprar ou vender a mercadoria a um preço específico, em uma data determinada.
Porém, as operações de hedge realizadas em bolsa com contratos futuros têm padrões diferentes das características dos produtos negociados no mercado físico. Isso gera a diferença de basis.
O basis varia ao longo do tempo e pode ser negativo ou positivo, refletindo, respectivamente, o fato de o preço à vista da mercadoria ser menor ou maior do que a cotação no mercado de futuros. Essa variação do basis no tempo é chamada de risco de basis. Esse conceito é importante porque pode afetar o resultado final do hedge.
Para entender tudo o que explicamos, vamos voltar para o exemplo do início do texto. Pense na seguinte situação: no mês de janeiro, um produtor de milho do Rio Grande do Sul acredita que a commodity terá um preço à vista no mercado físico que estará maior no final da colheita, que acontece por volta do mês de junho.
Em sua visão, a variação do basis irá aumentar ao longo deste período, pois há previsão de oferta reduzida e aumento da procura em sua região de produção, devido à possibilidade de chuvas fortes que podem afetar a safra. Com isso, os preços da commodity à vista estarão elevados em junho.
Tendo em vista essa estimativa, ele resolve, em janeiro, comprar o grão no mercado físico à vista e armazená-lo, pois espera vendê-lo em junho com valor físico maior. Decide, também, vender contratos futuros deste mesmo grão, pois o preço, no início da colheita, está mais vantajoso do que a média histórica de preços futuros do milho nesta época.
Somando o resultado da bolsa + mercado físico, o produtor teve um ganho de R$ 4,50 por saca, o que reflete a variação do basis que aumentou. Porém, se o basis fosse reduzido, ele provavelmente teria prejuízo: esse é o risco de basis na prática.
Entender o que é basis, como utilizá-lo estrategicamente e quais os riscos da sua variação faz toda a diferença no hedge. Assim, é possível proteger o seu negócio, tomando decisões embasadas.
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