O dólar iniciou a semana de 28/07 cotado a R$ 5,5888, mantendo leve viés de baixa nos dias seguintes. Na quarta-feira, fechou em R$ 5,5735, e na quinta alcançou a máxima da semana, em R$ 5,6015. A sexta-feira trouxe alívio, com a moeda encerrando o período em R$ 5,5450. O movimento refletiu cautela com o cenário externo e tensões comerciais com os EUA. Ainda assim, a valorização do real indica resiliência frente ao ambiente de incerteza.
A disparada do dólar na quinta-feira, 31 de julho, refletiu uma combinação de fatores externos e domésticos que elevaram a aversão ao risco no mercado. O principal catalisador foi a confirmação, pelo presidente Donald Trump, da elevação das tarifas sobre produtos brasileiros de 10% para 50%, com vigência a partir de 1º de agosto. A medida, entendida como retaliação política em meio ao avanço de processos judiciais contra o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, ampliou as incertezas comerciais e gerou forte impacto nos ativos locais.
Em meio ao clima de tensão, investidores buscaram proteção, reduzindo sua exposição a moedas emergentes, como o real. Esse movimento de fuga para a segurança pressionou o câmbio, e o dólar chegou a superar os R$ 5,60 durante o dia.
A forte queda do dólar na sexta-feira (01/08), após alcançar a máxima da semana na véspera, foi marcada por um movimento contrário e ajuste parcial no mercado. O recuo da moeda americana refletiu, em parte, ajustes técnicos e a realização por investidores que tinham se posicionado na alta anterior. Com o câmbio superando R$ 5,60 na quinta-feira, muitos participantes optaram por encerrar posições, o que contribuiu para reversão da tendência.
Outro fator relevante foi a entrada pontual de recursos estrangeiros, especialmente dos exportadores que aproveitaram o patamar elevado do dólar para internalizar receitas. Esse fluxo deu suporte adicional ao real, ajudando a arrefecer a cotação da moeda americana para baixo no fechamento da semana.
Enquanto o dólar disparava frente ao real no Brasil, seu desempenho no mercado global também chamou atenção. O índice do dólar americano (DXY) subiu cerca de 0,3% na quinta-feira (31 de julho), atingindo 100,05 pontos, impulsionado por sinais de resiliência da economia dos EUA e a decisão do Federal Reserve de manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, com tom cauteloso quanto a cortes futuros.
Essa valorização foi acompanhada de queda nos mercados globais de ações, à medida que o índice MSCI global recuou e a perspectiva de inflação nos EUA elevou a aversão ao risco. O movimento sinalizou que investidores deram preferência ao dólar como porto seguro diante de incertezas comerciais e tensões geopolíticas.
Entre os mercados emergentes, o impacto foi claro: apesar de um rali surpreendente no ano até então, ativos locais começaram a ceder terreno com a alta do dólar. O MSCI Emerging Markets Currency Index entrou em sua primeira trajetória negativa mensal em 2025, reflexo do aumento da pressão cambial.
Moedas como a rupia indiana sofreram perdas acentuadas — cerca de 1,2% na semana — influenciadas por tarifas de 25% anunciadas pelos EUA e fluxos cambiais desfavoráveis. A Índia enfrentou demandas fortes por dólar por parte de empresas estatais de petróleo, além da saída de capital estrangeiro, mesmo com intervenções do RBI (Banco Central da Índia) para conter a volatilidade.
Em 2025, o índice MSCI de ações emergentes acumulava ganhos de quase 17%, superando o S&P 500, impulsionado por fluxo de capital em busca de rendimentos mais altos em meio a um dólar ainda excessivamente valorizado e à crescente incerteza de políticas monetárias nos EUA.
——————————————————————————————————————