Dólar encerra agosto em R$5,42; real ganha força com commodities, expectativa de cortes nos EUA e cenário fiscal mais positivo no Brasil.
O dólar comercial encerrou agosto praticamente estável, oscilando entre R$ 5,40 e R$ 5,44, com média de R$ 5,42. Apesar da volatilidade, o real mostrou resiliência apoiado pela valorização das commodities e pela expectativa de cortes de juros nos EUA. Internamente, a semana foi marcada por dados mistos: o IPCA-15 reforçou preocupações inflacionárias, mas o Caged confirmou mercado de trabalho sólido e o Banco Central destacou o bom funcionamento do câmbio. No campo político, sinais de responsabilidade fiscal e pesquisas eleitorais pró-mercado também trouxeram alívio. Em suma, o período consolidou valorização do real em agosto, ainda que a trajetória futura dependa do cenário externo e do ritmo da inflação doméstica.
Ao longo da última semana de agosto, o ambiente doméstico brasileiro foi marcado pela divulgação de dados relevantes e sinais políticos que reforçaram um quadro de cautela, mas também de suporte ao real. No campo econômico, o Boletim Focus reduziu novamente as projeções de inflação para 2025 (IPCA de 4,95% para 4,86%) e ajustou o crescimento do PIB para 2,18%, além de indicar expectativa de câmbio mais apreciado no fim do ano, em R$ 5,59. Apesar desse alívio, a prévia do IPCA-15 de agosto mostrou deflação menor que a esperada (-0,14%), com núcleos ainda pressionados, levantando dúvidas sobre a velocidade da desinflação.
Do lado da atividade, o Caged de julho registrou criação líquida de 129,7 mil vagas formais, abaixo do consenso e do mês anterior, sinalizando moderação no mercado de trabalho, embora este siga robusto, com desemprego em mínimas históricas. Já a dívida pública bruta subiu para 73,5% do PIB, avanço atribuído em parte à variação cambial, mas sem alterar a avaliação de sustentabilidade fiscal.
Na política monetária, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou que o real tem se valorizado mais que outras moedas emergentes e que o mercado cambial doméstico permanece bem-comportado em liquidez. Ressaltou, contudo, que a convergência da inflação à meta segue lenta, justificando uma postura cautelosa após o início do ciclo de cortes da Selic. Esse tom mais prudente contribuiu para dar suporte à moeda brasileira, ao reduzir apostas de cortes agressivos nos juros.
No front fiscal, o governo sinalizou compromisso com o novo arcabouço: o PLOA 2026 foi confirmado sem novas medidas de arrecadação, projetando superávit primário de 0,25% do PIB e incorporando despesas sociais sem extrapolar limites. A postura foi bem recebida pelo mercado, reforçando a percepção de disciplina fiscal.
Por fim, o ambiente político interno trouxe redução de incertezas. O STF formou maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, tornando-o inelegível e diminuindo riscos de polarização futura. Além disso, pesquisa eleitoral apontando vantagem do governador Tarcísio de Freitas, visto como pró-mercado, em um eventual segundo turno de 2026 trouxe confiança aos investidores. Assim, a combinação de sinais fiscais positivos, estabilidade política e resiliência da economia reforçou um ambiente de suporte ao real na semana.
A semana internacional foi marcada por tensões comerciais, geopolítica desafiadora e expectativa de mudança monetária nos EUA, fatores que influenciaram diretamente o apetite por risco e o comportamento das moedas emergentes.
No campo comercial, Donald Trump intensificou sua agenda protecionista ao impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, motivadas por razões políticas e econômicas. O Brasil reagiu acionando a Lei de Reciprocidade Econômica, abrindo caminho para possíveis retaliações em serviços e propriedade intelectual. Ao mesmo tempo, a disputa entre Estados Unidos e China seguiu sem trégua: Pequim redirecionou compras de soja para países do Mercosul, beneficiando exportadores sul-americanos, mas reforçando a fragmentação do comércio global.
Na geopolítica, as iniciativas de Trump para mediar a guerra entre Rússia e Ucrânia perderam força. Apesar de encontros com Putin e Zelensky em agosto, os ataques intensificados no leste europeu mostraram a resistência do Kremlin em negociar. Os EUA mantiveram a estratégia dupla de diálogo diplomático e apoio militar a Kiev,
mas cresceu o ceticismo quanto a um acordo de paz imediato, elevando o risco de prolongamento do conflito.
Por fim, a política monetária foi destaque nos mercados globais. Nos EUA, os dados do PCE confirmaram a trajetória de desinflação, elevando para 90% as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve já em setembro. O dólar global (DXY) caiu para o menor nível em dois meses, favorecendo moedas emergentes como o real. Na Europa, o BCE sinalizou estabilidade após inflação próxima à meta, sustentando a valorização do euro. No Japão, a preocupação foi conter a fraqueza do iene, enquanto a China manteve estímulos à sua economia.
Em resumo, o cenário global seguiu complexo: tarifas americanas e tensões comerciais aumentaram riscos, a guerra na Ucrânia trouxe incerteza geopolítica e a expectativa de cortes nos EUA deu fôlego às moedas emergentes. Para o Brasil, o saldo foi positivo no curto prazo, mas a volatilidade segue no radar diante das próximas decisões de política monetária e dos desdobramentos comerciais.
Nas próximas semanas, o mercado cambial tende a continuar sensível a uma série de fatores que podem mexer no apetite por risco e, consequentemente, no dólar frente ao real.
O destaque fica para a reunião do Federal Reserve em setembro (dia 17), onde o mercado precifica com alta probabilidade um corte de 0,25 p.p. na taxa básica. Caso o Fed confirme esse movimento, o dólar tende a perder força globalmente, favorecendo moedas emergentes como o real. Porém, qualquer sinal mais duro, indicando preocupação com a inflação ainda acima de 2,5% a.a., pode frustrar expectativas e fortalecer o dólar de forma repentina. Ao mesmo tempo, decisões de outros bancos centrais como um BCE mais hawkish ou eventuais intervenções do Japão no iene também podem reconfigurar fluxos internacionais.
No Brasil, a atenção recai sobre o Copom de setembro, que será um dos principais gatilhos de curto prazo. A Selic está atualmente em 15% a.a., e o mercado discute se haverá espaço para início de cortes ou se o Banco Central manterá os juros por mais tempo diante da inflação ainda resistente. Mais do que a decisão em si, o tom do comunicado será determinante: uma postura mais cautelosa pode reduzir apostas de cortes agressivos e sustentar o real, enquanto qualquer sinal de afrouxamento mais rápido poderia encurtar o diferencial de juros com os EUA e pressionar o câmbio.
No campo fiscal e político, o Congresso inicia a análise do PLOA 2026, que projeta superávit de 0,25% do PIB. A aprovação sem ruídos reforça a confiança na disciplina fiscal e tende a apoiar o real. Já questionamentos sobre receitas, aumento de despesas ou atrasos na Reforma Tributária podem gerar desconfiança e pressionar o câmbio. Além disso, pesquisas eleitorais começam a influenciar expectativas, com investidores monitorando candidatos pró-mercado.
No cenário externo, o foco permanece na disputa tarifária entre Brasil e EUA. A Camex tem 30 dias para avaliar a legalidade das tarifas de 50% impostas por Trump sobre exportações brasileiras e recomendar retaliações. Qualquer escalada pode afetar fluxos comerciais e reduzir o apetite de investidores estrangeiros. Em paralelo, a longa tensão comercial entre EUA e China segue reconfigurando cadeias globais, com Pequim redirecionando compras de commodities para países do Mercosul, beneficiando parcialmente o Brasil, mas elevando a incerteza sobre o comércio global.
Na geopolítica, a guerra entre Rússia e Ucrânia continua sem sinais concretos de trégua. Os EUA mantêm pressão diplomática sobre Putin e, ao mesmo tempo, reforçam o apoio militar a Kiev. Sanções mais duras contra Moscou podem elevar preços de energia e fortalecer o dólar, enquanto qualquer anúncio de cessar-fogo surpreenderia positivamente os mercados emergentes.
Por fim, a China permanece no radar. Seus indicadores de atividade continuam fracos, refletindo dificuldades no setor imobiliário e na indústria, mas a forte demanda por commodities segue sustentando preços de minério e petróleo. Se novos estímulos forem anunciados, podem dar fôlego extra às exportações brasileiras e ao real. Caso contrário, dados decepcionantes podem reacender temores de desaceleração global e pressionar moedas emergentes.
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