A internacionalização do agronegócio brasileiro: evolução e perspectivas
A internacionalização do agronegócio brasileiro é um processo em expansão que alia tecnologia, sustentabilidade e inovação. Leia aqui sobre a evolução do setor!
A internacionalização do agronegócio brasileiro se refere ao processo pelo qual as atividades de produção, processamento e comercialização de mercadorias agrícolas são expandidas para além das fronteiras nacionais.
Esse é um processo em ascensão no Brasil. O país conquistou enorme relevância no mercado global, deixando de ser um importador de alimentos e se consagrando como o maior produtor de soja do mundo. Assim, desempenha um papel crítico no fornecimento de alimentos, destacando-se pela produção de outras commodities como milho, café e açúcar.
O agro brasileiro fechou 2022 com exportações recordes de US$ 159,09 bilhões, crescimento de 32% em relação a 2021, segundo dados do Governo Federal. Os cinco principais destinos dos embarques foram:
- China: 31,9%.
- União Europeia: 16,1%.
- Estados Unidos: 6,6%.
- Irã: 2,7%.
- Japão: 2,7%.
A internacionalização do agro proporciona o crescimento econômico e a troca de experiências e conhecimentos. Também, traz a necessidade de adoção de novas tecnologias e práticas sustentáveis.
Continue a leitura para entender como foi a evolução deste setor e qual a importância da inovação ao longo da história!
Trajetória do agro no Brasil: os primeiros anos rumo à internacionalização
Na década de 1950, o Brasil era predominantemente rural: 63,8% do total da população vivia no campo. Esse número caiu para 44% apenas 20 anos depois, devido ao intenso êxodo rural que ocorreu entre 1950 e 1970.
Até a metade do século XX, as regiões rurais brasileiras produziam mercadorias em ciclo, ou seja, a produção se concentrava em torno de um produto específico que concentrava a economia e se destinava à exportação, como o ciclo da cana-de-açúcar (de 1530 até 1700) e o do café (entre 1800 e 1930). A internacionalização do agronegócio brasileiro teve início a partir dos anos 60, com a modernização da agricultura e a diversificação de culturas.
Um novo ciclo expansivo começou nessa época, com a decisão governamental de acelerar e diversificar a industrialização. Para isso, houve investimentos em pesquisas científicas. O governo também aproveitou o contexto de liquidez nos mercados internacionais visando lucrar com os produtos brasileiros.
Todas essas decisões foram fundamentais para elevar as taxas de crescimento do produto nacional entre 1970 e 1980. A demanda de trabalho aumentou, estimulando a migração aos centros urbanos.
Política de industrialização transforma a produção do agro
A política de industrialização que se seguiu mudou totalmente as dinâmicas produtivas no Brasil. O pós-guerra introduziu a meta de desenvolvimento para todas as nações. Surgiram instituições multilaterais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Organização das Nações Unidas (ONU).
Com essa política, a economia brasileira se diversificou e foram criados mercados para os produtos agropecuários. A redução gradual da mão de obra no campo e a maior demanda das cidades por alimentos e outros produtos exigiram a intensificação tecnológica para os produtores. Esse movimento acompanhou o desenvolvimento de pesquisas agrícolas e dos avanços na ciência.
O comportamento dos produtores mudou. No passado, eles avaliavam principalmente o aumento da área plantada. A partir da política de industrialização, o principal objetivo passou a ser a incorporação da tecnologia para elevar a produtividade. O Governo Federal investiu na criação de instituições e leis capazes de fomentar a autossuficiência na produção agrícola.
O Sistema Nacional de Crédito Rural foi instituído em 1965, considerado o principal instrumento de política agrícola e grande responsável pela expansão da economia agropecuária. Em 1972, formou-se a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) para assegurar a modernização tecnológica e aumentar a produtividade.
Tecnificação no século XXI: inovação e aumento da competitividade
No século atual, a produção sofre forte intensificação tecnológica. Só para você ter ideia, uma pesquisa realizada em 2022 pela McKinsey & Company indica que 71% dos agricultores entrevistados usam plataformas digitais em sua jornada de compras. Cerca de 50% dos participantes apontaram já usar ou estarem dispostos a usar tecnologias agrícolas nas suas operações.
A intensificação tecnológica é comprovada pela sua relevância no aumento da produção. No Censo Agro 2017, a tecnologia explicava 46,3% do crescimento do valor da produção. As inovações foram essenciais para corresponder ao aumento da demanda, fornecendo fertilizantes, defensivos, máquinas, equipamentos, sementes e demais insumos que aperfeiçoam a gestão, o processamento e a comercialização.
O processo de tecnificação impacta a eficiência produtiva, o que foi motor do crescimento da produção no Brasil, principalmente de grãos. A aplicação em larga escala de novas tecnologias teve um efeito considerável na melhora da produtividade da terra, pois reduziu a necessidade de expansão da área a ser cultivada.
A agricultura tecnificada está consolidada e integrada aos mercados nacional e internacional. Ela possibilita a produção de forma eficaz, gerando renda e ampliando a capacitação. Além disso, promove alcance global e coloca a tecnologia como força motriz para o desenvolvimento do agro brasileiro.
Além disso, a agricultura tecnificada desempenha um papel crucial na produção, distribuição e disponibilidade de alimentos em quantidade e qualidade suficientes para atender às necessidades da população global. Ao obter eficiência na produção agrícola e ampliar o acesso a diversos mercados, a tecnificação contribui significativamente para a promoção da segurança alimentar.
Isso acontece porque a agricultura tecnificada ajuda a combater a fome e a desnutrição em todo o mundo por meio da diversificação e otimização das culturas produzidas.Também, a adoção de novas tecnologias facilita o acesso a informações sobre práticas agrícolas, preços e oportunidades de negócio.
Práticas ESG são aliadas da internacionalização
A adoção das práticas ESG (Ambiental, Social e Governança, tradução livre do inglês) no agronegócio brasileiro pode desempenhar um papel fundamental na internacionalização.
Segundo a mesma pesquisa que citamos anteriormente, realizada pela McKinsey & Company, os brasileiros são os que mais incluem práticas sustentáveis no agro, como o plantio direto (+ 80% dos entrevistados) e a cultura de cobertura e controle biológico (+ de 60% dos entrevistados).
As práticas ESG são diretrizes que integram preocupações ambientais, sociais e de governança nas operações das empresas. Ao incorporá-las, os produtores brasileiros podem ganhar vantagens competitivas no cenário internacional, como:
- Acesso a mercados mais exigentes;
- Melhora da reputação e imagem das empresas do agro brasileiro devido ao estímulo à inovação e eficiência;
- Busca de melhores práticas na gestão dos recursos naturais e otimização dos processos produtivos e de governança.
Quais as perspectivas para o agro brasieiro em 2023?
Em 2023, a balança comercial do agronegócio iniciou o ano com superávit de US$ 8,69 bilhões. O valor das exportações brasileiras bateu novo recorde: US$ 10,22 bilhões, com alta de 16,4% na comparação com janeiro do ano passado.
Mesmo com a revisão das estimativas do milho e da soja em decorrência dos problemas enfrentados no Sul do país, a produção foi superior à safra anterior, com novo recorde para a soja. Com expectativa de maior participação do milho brasileiro no mercado internacional, o agronegócio poderá encerrar 2023 com contribuição ainda maior na balança comercial total do país.
O acordo que permite à Ucrânia exportar grãos por meio do Mar Negro expirou em 18 de julho. O país é um grande produtor de grãos e oleaginosas. A interrupção de suas exportações corre o risco de aumentar consideravelmente o preço dos alimentos, algo que estava sob controle com o acordo.
O Brasil poderá intensificar ainda mais seu papel no cenário global, oferecendo grãos como o milho, o que já ocorre com a exportação de quase 17 milhões de toneladas de milho brasileiro pelo corredor.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) , o volume da produção brasileira de grãos deverá atingir 317,6 milhões de toneladas na safra 2022/2023 , um crescimento de 16,5% ou 44,9 milhões de toneladas acima da safra 2021/ 22 . Assim, a tendência é ser uma maior safra de grãos já produzida no país.
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Muitas commodities agrícolas passaram a ser negociadas em dólares. Variações dessa moeda podem afetar a rentabilidade dos produtores nacionais. A hEDGEpoint está conectada com o mercado global, fornecendo acesso às principais bolsas do futuro do mundo.
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