Crise imobiliária na China: impactos e estratégias para conter os efeitos

 Entenda mais sobre a crise imobiliária na China, o que os dados do mercado revelam e medidas adotadas para a retenção.

14 de outubro de 2024

Hedgepoint Global Markets

A crise imobiliária na China começou em 2021 e tem impactado a economia local e global desde então. Em seu auge, o setor imobiliário chinês já chegou a representar cerca de um quarto do PIB do país. Hoje, os preços dos imóveis da China caem periodicamente, registrando em junho de 2024 a queda mais rápida em 9 anos. 

Neste texto, vamos entender o que causou esse colapso, qual é o cenário atual da situação, quais são as medidas de retenção e mais. Boa leitura!

Como começou a crise imobiliária na China?

A crise imobiliária chinesa começou principalmente por meio de políticas monetárias concedidas às incorporadoras locais. Os bancos estatais disponibilizaram juros baixos às empresas para impulsionar a construção de moradias ao redor do país. Contudo, essa expansão acelerada resultou no endividamento das empresas que financiaram grandes projetos, muitas vezes sem capital suficiente para cobrir os custos. À medida que menos compradores adquiriam novos imóveis, o setor começou a enfrentar uma crise severa.

Abaixo, você pode acompanhar o pico de construção de imóveis na China em 2021 e a redução nos anos seguintes:

crise imobiliária na china

Fonte: KPMG

Para suprir os gastos, as incorporadoras aumentaram os preços dos imóveis, mas o resultado no mercado foi inverso: os altos valores diminuíram a demanda dentro do país. Isso gerou um efeito em cadeia que você acompanha abaixo:

1 – Políticas restritivas às incorporadoras

O governo local impôs restrições ao endividamento das construtoras, limitando suas dívidas de acordo com a proporção dos seus ativos. 

2 – Pressão ao fluxo de caixa das companhias

As empresas imobiliárias enfrentaram dificuldades para obter novos financiamentos e refinanciar suas dívidas, devido às políticas restritivas. 

3 – Excesso de oferta

A construção em larga escala e o envelhecimento da população resultaram no aumento da oferta de imóveis no país. Veja os dados mais recentes sobre o estoque imobiliário na China:

crise imobiliária na china

Fonte: ICIS

4 – Crise em uma das maiores empresas imobiliárias

A Evergrande entrou em colapso financeiro devido ao seu endividamento. Isso causou uma série de problemas no mercado de crédito, prejudicando bancos e investidores. Outras incorporadoras, como a Country Garden, também enfraqueceram após o início da crise. 

Em agosto de 2023, as ações da Evergrande despencaram 79%. A Country Garden reportou um prejuízo de US$ 6,7 bilhões no 1º semestre do mesmo ano.

5 – Desconfiança no setor imobiliário

Milhares de projetos imobiliários foram paralisados ou atrasados na China. Isso aumentou a desconfiança no setor, pois muitos chineses não receberam suas moradias já compradas. 

6 – Queda nos valores dos imóveis

Esse cenário quebrou a imagem de que os imóveis eram um investimento seguro para os chineses. A alta oferta e a demanda encolhida ocasionaram na redução desenfreada dos preços

Veja abaixo o gráfico que evidencia esse declínio, principalmente a partir de 2021:

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Fonte: Reuters

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O cenário atual da crise imobiliária chinesa

As vendas no setor imobiliário continuam em ritmo de queda. Atualmente, a redução é de 20,2% em comparação com o ano passado. Em investimento, também houve um declínio de 9,8% nos primeiros quatro meses de 2024, enquanto o início de novas construções caiu 24,6%. De acordo com a Reuters, os preços de imóveis novos também caíram pelo 13º mês consecutivo, com 0,7% de queda. 

Dados do Banco Central da China relatam a expectativa da população em relação aos preços dos imóveis. Em agosto de 2024, 23,2% dos chineses ainda acreditavam que os valores continuariam a cair no terceiro trimestre do ano, um recorde desde que os dados ficaram disponíveis em 2013. Com a crise de confiança doméstica e a crença de que os preços continuarão a cair, há menos incentivos para que os compradores adquiram imóveis no momento. Isso gera incerteza sobre quando a crise chegará ao fim.

Conforme o Goldman Sachs, o valor total de casas não vendidas ou inacabadas na China é de cerca de 30 trilhões de yuans, ou 4,1 trilhões de dólares. A instituição afirma que pode ser necessário mais de 967 bilhões de dólares para reduzir a oferta de moradias aos níveis anteriores ao colapso. 

Em milhões de metros quadrados construídos, os novos empreendimentos residenciais na China caíram 58%, de 1.515 milhões de m² em 2019 para 637 milhões de m² em 2023. Veja abaixo:

As medidas chinesas para conter a crise imobiliária

O recorde na oferta de moradias ainda afeta a liquidez do setor imobiliário e a economia chinesa, como mostram os números. Contudo, o governo local já está trabalhando com medidas para estabilizar o mercado. O objetivo é compensar a demanda decrescente, diminuir a queda dos preços e controlar o estoque de imóveis não vendidos. 

Entre as principais soluções anunciadas pelo governo chinês, está a redução das taxas de juros para hipotecas. O objetivo é estimular o uso de empréstimos para impulsionar as vendas dos imóveis. O Banco Central da China também anunciou a criação de um fundo de 300 bilhões de yuans para habitação acessível, medida que busca aumentar a demanda por imóveis na classe média

Por fim, empresas estatais também têm buscado comprar apartamentos para diminuir a oferta do mercado imobiliário, além da audiência de liquidação da Country Garden (que foi adiada para 20 de janeiro de 2025). 

Para o futuro, as expectativas ainda são incertas. Não há previsão para o retorno do setor imobiliário a níveis pré-crise. O governo chinês já acumulou US$ 15 trilhões em dívidas relacionadas à pandemia e à infraestrutura. Isso pressiona as contas públicas e restringe a fonte de financiamento que poderia aquecer o mercado novamente. 

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O impacto da crise imobiliária chinesa na economia global

O setor imobiliário da China responde por uma parte significativa do PIB do país. Com a desaceleração desse setor, o crescimento da nação também é impactado diretamente. 

Essa redução na economia influencia a demanda global, principalmente por commodities (como aço, soja e mais). Em longo prazo, essas consequências podem prejudicar países exportadores de commodities como o Brasil, grande parceiro comercial da nação asiática. 

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A desaceleração econômica na China também afeta as cadeias de suprimentos globais. O país é um grande centro de manufatura e uma queda na atividade econômica pode impactar nações que dependem dos produtos chineses. Além disso, em casos de queda nas exportações e na receita chinesa, outras nações podem ter que baixar as taxas de juros ou adotar políticas expansionistas para mitigar os impactos negativos.

A importância do hedge neste cenário

A incerteza em torno da crise imobiliária chinesa tem provocado volatilidade no mercado de commodities. Como esse colapso pode atingir a demanda por produtos, os preços das matérias-primas também sofrem alterações em todo o globo

Neste cenário, o hedge é importante ferramenta que contribui para a proteção de preços. Entre em contato com um especialista na Hedgepoint e entenda mais sobre os nossos produtos de hedge que podem te ajudar no gerenciamento de riscos de preço de commodities. 

Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente para fins informativos e instrutivos e não se destina a estabelecer obrigações ou compromissos com terceiros, nem a promover uma oferta ou a solicitação de uma oferta para comprar ou vender quaisquer títulos, futuros, opções, moedas e swaps ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral da HPGM, é uma Corretora de Apresentação e um membro registrado da National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swaps envolve um risco significativo de perda e pode não ser adequada para todos os investidores. O desempenho passado não é necessariamente indicativo de resultados futuros. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e no julgamento de consultores externos antes de entrar em qualquer transação introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados se isentam expressamente de qualquer responsabilidade por qualquer uso das informações aqui contidas que resulte, direta ou indiretamente, em danos de qualquer natureza. Em caso de dúvidas não solucionadas por nossa equipe de atendimento ao cliente ([email protected]), entre em contato com nosso canal interno de ouvidoria ([email protected]) ou 0800-878 8408/[email protected] (somente para clientes no Brasil).

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