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USD/BRL em Foco: Embate político e expectativas sobre juros nos EUA

Escrito por Hedgepoint Global Markets | Sep 30, 2025 6:34:50 PM

O USD/BRL operou em faixa estreita, com movimentos guiados por fluxos e noticiário macro. A cotação trabalhou aproximadamente entre R$ 5.33 e R$ 5.37 ao longo dos pregões e encerrou a sexta-feira próximo de R$ 5.34, praticamente estável na comparação semanal. No decorrer da semana, experimentamos alta volatilidade, com a mínima atingindo R$ 5.27 no dia 23/09 e a máxima tocando R$ 5.37 dois dias depois, em 25/09.

 

O valor mínimo foi atingido logo após a confirmação sobre o corte de juros do FED em 0.25 ponto percentual para os níveis de 4.00 a 4.25 a.a., gerando expectativas sobre o aproveitamento do diferencial entre as taxas de juros BRA/EUA, o que foi atenuado nos dias seguintes. 

 

 

Cenário Brasileiro: Economia e Principais Acontecimentos 

No cenário local, os agentes econômicos acompanharam as projeções atualizadas do Boletim Focus, o qual divulgou expectativas estáveis em relação à semana anterior. A expectativa de inflação (IPCA de 2025) se mantém em 4.83% - ainda acima da meta de 4.5%. Para 2026, temos a expectativa recuando um pouco para 4.26% ao ano. A expectativa para PIB se manteve estável, com previsão de crescimento de +2.16% para 2025, indicando um otimismo moderado com a economia, sendo que para 2026 a projeção segue em +1.80%, também estável. Em relação à SELIC as expectativas apontam para uma taxa no patamar de 15% ao ano para 2025 e 12.25% em 2026, isto considerando “tudo mais constante”. 

 

Com a decisão de setembro, o mercado ajustou suas expectativas sobre os próximos passos do Banco Central. A mediana dos analistas (segundo o Focus e outros indicadores) sugere que não deve haver cortes de juros em 2025, com a primeira redução da Selic ocorrendo possivelmente apenas em janeiro de 2026. Ou seja, espera-se que a taxa básica termine 2025 ainda em 15% ao ano, devido à cautela do Copom diante das incertezas. De fato, as projeções apontam um corte somente na primeira reunião do Copom de 2026 (programada para 28 de janeiro). Já para o câmbio, as expectativas apontam para os valores de R$ 5.50 para 2025 e R$ 5.60 para 2026. 

 

Outro ponto relevante na semana foi a prévia da inflação de setembro (IPCA-15) que saiu na última quarta-feira (24/09), indicando alta de +0.48% ao mês com pressão da energia elétrica, mas mantendo a inflação acumulada em trajetória controlada, dentro das expectativas de mercado. 

 

No tocante aos gastos públicos, o mercado continua no monitoramento das iniciativas do governo para controle da dívida fiscal.

 

Estados Unidos 

Nos EUA, a semana foi dominada por disputas políticas “acaloradas” em Washington. Em especial, intensificou-se o impasse no Congresso em torno do orçamento federal, elevando o risco de “shutdown” do governo. Com o ano fiscal se encerrando em 30 de setembro, republicanos e democratas travaram debates acirrados sobre um acordo de curto prazo para financiar as atividades governamentais. No Senado, tentativas de aprovar medidas temporárias de financiamento falharam, refletindo desentendimentos sobre níveis de gastos e prioridades (como custeio de programas de saúde). Lideranças de ambos os partidos passaram a trocar acusações sobre a responsabilidade pelo possível fechamento parcial do governo.

 

O cenário se delineou por democratas argumentando que os republicanos não buscavam um compromisso real, enquanto eles retrucavam aos democratas por exigirem aumentos de gastos excessivos e itens alheios ao orçamento emergencial.

O clima político, portanto, foi de troca de acusações e poucas concessões, aumentando as chances de paralisação administrativa se nenhum acordo surgir até o prazo final. Esse embate fiscal dominou as atenções e gerou alguma cautela nos mercados, uma vez que um “shutdown” no início de outubro poderia reduzir o crescimento e provocar volatilidade financeira.

 

Estados Unidos - Expectativa de cortes de juros 

Após o primeiro corte concretizado, as atenções se voltam para o ritmo dos próximos alívios monetários. As projeções atualizadas do próprio Fed sugerem que a maioria dos agentes antevê mais dois cortes de 0.25 ponto percentual até o final de 2025, levando assim a taxa anual de juros americana para o intervalo de 3.5% a 3.75%, caso o cenário econômico evolua conforme o esperado. Ou seja, o Fed vislumbra mais dois ajustes modestos nas próximas duas reuniões que seguem em 2025 (novembro e dezembro), levando a política monetária a uma rota um pouco menos restritiva. 

 

 

 

 

 

A expectativa do mercado gira em torno de 89% para um possível corte na próxima reunião. Entretanto, Jerome Powell (presidente do Fed) deixou bem claro que nenhuma decisão está em tom firme, e que as estimativas podem mudar a depender das condições. Condições estas que dependem exclusivamente dos dados econômicos que devem ser anunciados na próxima semana, com calendário bem relevante para a economia norte-americana: 

 

30/09 (Terça): Oferta de Empregos JOLTS, EUA – Job Openings and Labor Turnover Survey é um relatório do Bureau of Labor Statistics (BLS) que mede o número de vagas de emprego abertas, contratações, desligamentos voluntários e demissões nos EUA. 

 

01/10 (Quarta): Empregos no Setor Privado (Relatório ADP EUA) – O Relatório ADP é elaborado pela empresa de processamento de folha de pagamentos Automatic Data Processing. Mede a variação de empregos criados ou perdidos no setor privado dos EUA no mês. 

 

03/10 (Sexta): Relatório Payroll, EUA – O Payroll é o relatório oficial de emprego dos EUA, também do Bureau of Labor Statistics (BLS). Mede a variação do número de empregos não-agrícolas, junto com taxa de desemprego, crescimento dos salários médios e horas médias trabalhadas. 

 

O cenário pode ser alterado caso sejam divulgados números mais elevados nestas três medições, trazendo uma leitura de que a economia americana esteja em um ritmo mais “estagnado” e não em retração. Caso seja este o cenário, o Fed pode adotar um tom mais cauteloso, postergando os cortes de juros de 2025 ou ainda, quem sabe, possivelmente diminuindo para apenas um ajuste até o final do ano. Porém, pelo que foi divulgado recentemente, o mercado espera por números de geração de empregos e folha assinalada mais modestos, corroborando para o tom menos restritivo do Fed e para a continuidade dos cortes de juros neste ano. 

 

América Latina 

México: a política seguiu relativamente tranquila. O novo presidente (que assumiu em dezembro de 2024) completou seus primeiros meses implementando gradualmente seu plano de governo. Uma notícia foi o aumento do salário-mínimo mexicano em 2025 acima da inflação, reforçando o poder de compra sem, até agora, gerar pressões significativas de preços. Economicamente, o México divulgou superávit comercial em agosto graças a exportações industriais robustas e manteve a moeda (peso mexicano) estável, perto de 17 por dólar. O Banco do México, na ata da reunião, reiterou que poderá cortar juros no fim do ano se a convergência da inflação persistir – notícia bem recebida pelo setor produtivo. 

 

Chile: Além do clima de negócios favorável mencionado, o Chile noticiou cortes contínuos na taxa básica de juros. O Banco Central do Chile realizou em setembro mais uma redução, reduzindo a taxa para 8,75% (era 11,25% em julho), diante de uma inflação cadente para cerca de 4%. Isso impulsionou expectativas de consumo e investimento, colaborando para a melhora do humor empresarial. 

 

Peru: Infelizmente as notícias não foram tão boas. O Peru enfrenta instabilidade política contínua, com o presidente Boluarte (empossada após impeachment do antecessor) tendo baixa aprovação e sendo alvo de protestos esporádicos. 

 

Colômbia: Houve alívio quando o Banco Central colombiano cortou a taxa de juros em 0.25 p.p., primeiro corte após um ciclo altista duro. A inflação colombiana recuou de dois dígitos para 6,5%, permitindo essa flexibilização. O presidente Petro comemorou como apoio ao crescimento, mas investidores ainda estão cautelosos devido às reformas de esquerda (a da saúde, especialmente controversa). 

 

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