Estiagem no Rio Grande do Sul: prejuízos para a agricultura e a economia local
Veja os impactos da seca na safra 22/23 da soja gaúcha e estratégias para evitar prejuízos.
O RS tem um importante papel no agronegócio brasileiro. A soja, o milho, o arroz e o trigo estão entre as principais commodities produzidas e exportadas pelo estado. Mas a estiagem no Rio Grande do Sul vem causando prejuízos aos agricultores.
Durante o verão, período crucial para o desenvolvimento da soja, o efeito La Niña prejudicou as plantações. Com clima quente e ausência de chuvas, os grãos semeados por volta de outubro e novembro de 2022 tiveram dificuldades para crescer e amadurecer até a época de colheitas, entre janeiro e abril.
Diante desse cenário, mais de 200 cidades do RS já decretaram situação de emergência. Mesmo com chuvas no radar e já se manifestando em algumas regiões, ainda é difícil visualizar um bom cenário para produtores.
Perdas e prejuízos estimados no RS
No Brasil, quatro estados são responsáveis por 70% da produção de grãos no país: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Entre eles, MT é o maior produtor e RS o quarto, no ranking nacional. Mesmo assim, a commodity é de grande importância para a economia do estado gaúcho.
Já são três anos seguidos de fenômeno La Niña no verão, período de crescimento da soja. Mas mesmo com a estiagem, as exportações de grãos do agronegócio brasileiro atingiram o maior valor da série histórica em 2022.
Isso porque houve queda no volume embarcado, mas aumento nos preços médios dos itens. A venda de trigo e o estoque de soja (da safra 20/21) compensaram a quebra de safra 21/22. Mas com a volta da seca no verão 22/23, já fica mais complicado ter estimativas de aumento, seja em volume ou em valores.
Como a precificação da soja depende também de oferta e demanda, quando há pouca oferta o preço pode subir. E nesse caso, o Centro-Oeste deve suprir as demandas, pois lá o clima é mais previsível e já se consolida uma nova safra recorde em 22/23.
Essa mesma safra de grãos no Rio Grande do Sul já estima perda de 50 a 60%. Se a produtividade esperada do milho de verão, por exemplo, era de 5 a 6 milhões de toneladas, devem ser colhidas cerca de 3 milhões.
Na soja, a expectativa de 22 milhões caiu para 15 milhões. E atualmente, se esse número se mantiver será uma excelente notícia. Olhando para os prejuízos financeiros, estima-se perda de 6 a 7 bilhões para a economia gaúcha.
Apesar de o principal impacto ser no bolso do agricultor, toda a cadeia econômica acaba sendo afetada. É um valor que deixa de chegar ao estado e circular no comércio, serviços e outros.
O que fazer para gerenciar os riscos no mercado agrícola?
No mercado de commodities, para minimizar os impactos é preciso fazer gestão de risco. Mas são diversos os tipos de riscos envolvidos, logo, existem diversas possibilidades de gerenciamento.
Uma prática muito comum no mercado de grãos é a realização de contratos a termo. Quando o produtor de soja investe em insumos para a próxima safra, ele vende parte dessa safra travando o preço futuro para obter na hora o valor que precisa.
O problema disso é que há um compromisso com a entrega física do produto. E com as quebras de safra que vêm acontecendo, pode não haver produto suficiente para entregar a este comprador. No RS, já houve casos de um produtor precisar comprar soja de outro para poder entregar ao comprador.
É aí que entra a estratégia de hedge como uma possível alternativa para reduzir prejuízos. Pois apesar de também travar um preço para a commodity, os contratos são realizados em bolsa.
Como usar estratégias de hegde no mercado de commodities?
As estratégias de hedge surgem como um novo patamar de negociação para o agricultor. É uma opção onde o produtor pode encontrar mais tranquilidade para negociar sem tanta pressão para a entrega final.
Uma das grandes vantagens é que não há comprometimento físico. Ou seja, os valores são negociados a partir da bolsa de valores de Chicago, e não em contraparte de produtos. Assim, se a safra não atingir a expectativa desejada, basta desfazer o contrato.
Além disso, é uma forma para se precaver das instabilidades do clima e das taxas de câmbio. Ou seja, uma boa estratégia de hedge pode ser a chave para um gerenciamento de riscos eficaz, evitando surpresas desagradáveis em sua programação financeira.
A melhor opção para entrar neste universo é contar com um parceiro que possua vasto entendimento no mercado agro e, ao mesmo tempo, no financeiro. Somente a partir de uma visão ampla de um contexto tão complexo e do mercado global será possível tomar as melhores decisões.
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