O que esperar do fenômeno La Niña em 2024?

Veja como se forma o La Niña, sua influência no clima e seus possíveis efeitos no mercado agrícola mundial em 2024.

26 de Junho de 2024

Hedgepoint Global Markets

O fenômeno El Niño está finalizando sua temporada em 2024 e o La Niña é o próximo evento que vai influenciar o clima ao redor do globo. Os primeiros sinais de transição já estão acontecendo e a previsão é de que fique ativo a partir de junho e agosto, com 49% de chance, ou entre julho e setembro, com 69% de chance. 

As causas desse tipo de fenômeno são naturais, mas seus efeitos são cada vez mais intensos. Por isso, o mercado de commodities precisa se manter atento para prever e lidar com potenciais riscos à produção agrícola. Neste texto, você vai conferir como se forma o La Niña, suas perspectivas para 2024 e sua influência em diferentes colheitas e regiões do globo. 

Confira o conteúdo e faça uma boa leitura!

Como funcionam os fenômenos climáticos La Niña e El Niño?

O El Niño e a La Niña são padrões climáticos opostos que quebram as condições naturais do Oceano Pacífico. Enquanto o primeiro aumenta as temperaturas da água na linha equatorial, o segundo atua de forma inversa, resfriando a mesma região. Ambos podem provocar secas severas em um lado do planeta ao mesmo tempo em que a outra ponta do globo sofre com chuvas pesadas

Mapas das temperaturas do Oceano Pacífico durante os fenômenos:

la niña 01

Fonte: NOAA

De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), os dois fenômenos normalmente duram de 9 a 12 meses, mas também podem seguir por anos. O La Niña não tem tanta frequência quanto seu oposto, mas é igualmente potente. Com ventos fortes, ele empurra águas quentes para a Ásia, intensificando a ressurgência de água fria na costa oeste das américas

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Entre os principais efeitos do La Niña, está a sua influência nas temperaturas globais e no clima de diferentes regiões do planeta simultaneamente. Além disso, também pode levar a uma temporada de furacões mais severa no oceano atlântico

Padrões semanais de temperatura da superfície do mar no Pacífico tropical (8 de abril – 5 de maio de 2024)

la niña 02

Fonte: Climate.gov

Apesar de irregulares, fenômenos climáticos como o La Niña podem ser previstos e mensurados. O Índice Oceânico Niño (ONI) é a medida mais utilizada e se baseia na temperatura média da superfície marítima de uma determinada região do Pacífico, marcada na imagem acima. Combinando esses dados com a força do vento e outras variáveis, é viável entender as condições meteorológicas e quais suas perspectivas para um futuro próximo. 

Também é possível prever os efeitos do La Niña observando a sua influência histórica nas temperaturas do oceano. De acordo com o gráfico abaixo publicado pela NOAA, os fenômenos meteorológicos do último século seguem uma linha parecida, com alterações leves e regulares, mas usualmente com pico de resfriamento entre os meses de setembro e março

Fonte: NOAA

A influência global do La Niña em 2024

As previsões para o La Niña são registradas oficialmente desde 1950 e são cada vez mais precisas. A NOAA publicou no dia 3 de junho de 2024 as últimas atualizações sobre o fenômeno, além de um histórico completo de 70 anos. 

Na Hedgepoint, a influência do La Niña também é acompanhada periodicamente. Com isso, foi possível entender o evento e prever seus efeitos em diversas regiões e safras específicas. 

Para 2024, os índices indicam que o La Niña dure pelo menos até o início de 2025. Entre junho e agosto, é esperado um clima mais frio para as Américas Central e do Sul e a África Ocidental. O Brasil, o Uruguai e a Argentina podem ficar mais secos, enquanto a América Central terá chuvas mais fortes, podendo também intensificar a temporada de furacões na região. O Sudeste Asiático pode experimentar monções mais intensas. 

A seguir, você confere a previsão para as temperaturas e precipitações mundiais de junho e agosto com a influência do La Niña:

Dependendo do calendário de colheita agrícola, o La Niña também pode apresentar riscos ao rendimento de certos produtos. Historicamente, seus efeitos podem ser maiores conforme sua intensidade e correlação dentro de cada região. Abaixo, você pode ver uma previsão para diferentes commodities em 2024, construída pela Hedgepoint:

  • Café

O La Niña afeta o clima de regiões produtoras de café, incluindo o Brasil, a Indonésia, o Vietnã, a Colômbia e a Guatemala. No Brasil, o evento meteorológico causa temperaturas mais baixas e aumenta as chances de geadas nas áreas de café do Sudeste (como aconteceu em 1975 e 2021). Isso pode resultar em quedas na produtividade e em chuvas abaixo do normal, como foi na safra 21/22, ano em que o rendimento teve uma queda de 19%.  

Na Indonésia, o La Niña pode causar chuvas intensas que atrasam a colheita. No Vietnã, há anomalias de temperatura, mas sem impacto claro na produção. Na Colômbia e na Guatemala, chuvas intensas podem danificar plantações e potencializar a suscetibilidade a doenças, além de aumentar a probabilidade de tempestades e furacões, como Eta e Iota em 2020. No entanto, não é possível relacionar diretamente o La Niña à queda de produtividade nesses países.

  • Soja/ Milho/Trigo

O La Niña pode afetar esses tipos de cultivo na Sudamérica, em especial na Argentina, no Brasil e no Uruguai. O fenômeno se associa com largos períodos de seca e pode afetar diretamente a qualidade da colheita e reduzir seu rendimento

Na Ásia, na Índia e na Austrália, o fenômeno intensifica a umidade e as chuvas. Em geral, essas condições são produtivas para a colheita nessas localidades. Para os Estados Unidos, o fenômeno desenvolve chuvas e tormentas elétricas em todo o cinturão de milho. Se o La Niña realmente começar entre julho-setembro, poderá provocar bons benefícios para os agricultores, mas por outro lado poderia criar problemas logísticos com o descenso de água no rio Mississipi.

  • Açúcar

O impacto do La Niña pode ser tanto positivo quanto negativo. No Brasil, o fenômeno tende a manter o inverno mais seco, facilitando a colheita e contribuindo para um maior teor de sacarose. Porém, também pode levar a um maior número de queimadas. A extensão do tempo seco pelo fenômeno pode ainda prejudicar o rendimento final da safra 24/25 e até mesmo afetar o desenvolvimento da safra 25/26, caso seja de maior intensidade durante a primavera e verão no Hemisfério Sul

Na América Central, um La Niña moderado pode trazer mais chuvas na região e beneficiar o desenvolvimento da cana. Contudo, no caso de um evento mais intenso, pode atrasar a colheita além de intensificar a temporada de furacões. No Hemisfério Norte, o fenômeno pode trazer um período de monções positivo para o desenvolvimento da safra 24/25 na Índia.

Lembrete:

Os dados informados foram direcionados para as regiões do globo que mais podem sofrer com o La Niña. O ápice do fenômeno ainda pode sofrer alterações, atingindo com mais ou menos força a época crítica do desenvolvimento e colheita das plantas. 

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La Niña 2024: a importância em acompanhar o fenômeno

Há 5 décadas, os cientistas Bill Quinn e Klaus Wyrtki fizeram a primeira tentativa de prever as oscilações do El Niño. Na época, a motivação deles foi entender o impacto do clima na pesca comercial de anchova peruana. Quando as águas do mar aqueciam, os peixes migravam para locais mais frios, reduzindo o sucesso na pesca e, por consequência, o poder econômico dos envolvidos. 

Desde então, a previsão desse tipo de evento climático se tornou essencial para a economia global. Por isso, empresas envolvidas com commodities agrícolas devem sempre buscar informações e estimativas que ajudem a cuidar de suas safras. 

Na Hedgepoint, utilizamos dados e análises detalhadas do mercado para que você possa acompanhar o mercado e ter informações que podem te ajudar na sua tomada de decisão.  Assine nossa newsletter e se mantenha informado sobre todos os possíveis efeitos do La Niña

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Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente com fins informativos e instrucionais, não tendo o propósito de estabelecer obrigações ou compromissos à terceiros, nem a intenção de promover uma oferta, ou solicitação de oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários, futuros, opções, moedas e swap ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral do HPGM, é uma Introducing Broker e um membro registrado do National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swap envolve riscos significativos de perdas e pode não ser adequado para todos os investidores. Performance anterior não é necessariamente indicativo de resultados no futuro. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e em consultores externos antes de entrar em qualquer transação que seja introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados expressamente não se responsabilizam por qualquer uso das informações contidas neste documento que resulte direta ou indiretamente em danos ou prejuízos de qualquer tipo. Em caso de questionamentos não resolvidos por nossa equipe de atendimento ao cliente ([email protected]), contate nosso canal de ombudsman interno ([email protected]) ou 0800-878 8408/[email protected] (somente para clientes no Brasil).

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