nálise dos impactos do corte de juros do Fed na economia dos EUA, no dólar e no Brasil, com foco em inflação, empregos e valorização do real em 2025.
Durante a semana de 1º a 5 de setembro, mesmo com um dia a menos de pregão em decorrência do feriado americano para o Dia do Trabalho (Labor Day), a cotação do dólar americano frente ao real brasileiro oscilou entre R$5,4680 (máxima em 02/09) e R$5,3968 (mínima em 05/09).
Ao fim do período, o dólar acumulou leve queda semanal de cerca de 0,75%, refletindo um real marginalmente mais forte. O maior movimento diário ocorreu na terça-feira (02/09) sob os efeitos do início do julgamento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, em conjunto com demais movimentações externas de mercado.
Dentre os fatores que influenciaram as cotações podemos destacar as expectativas de que as tarifas comerciais dos EUA poderiam ser consideradas ilegais por uma decisão judicial, fato que trouxe aumento do apetite ao risco por ativos de mercados emergentes.
Adicionalmente, a crescente expectativa de cortes nos juros americanos deve manter elevado o diferencial de taxas entre Brasil e EUA, o que torna o carry trade atrativo por mais tempo. Por outro lado, as incertezas fiscais internas, somadas às dúvidas sobre os impactos das tensões comerciais com os Estados Unidos, ainda limitam o potencial de valorização do real.
Na sexta-feira (05/09), a divulgação de dados de emprego nos EUA, com a abertura de 22 novas mil postos de trabalho frente a uma expectativa de mercado de 75 mil, elevou a percepção de que a atividade econômica americana começa a mostrar sinais de estagnação. Fato esse que indica que o início do processo de afrouxamento da política monetária (corte de juros) deve ocorrer na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve nos dias 16 e 17 de setembro.
Permanece a atenção quanto ao andamento do novo arcabouço fiscal e às reformas tributárias estruturais, fundamentais para ancorar a confiança de longo prazo.
Os fatores externos continuam adicionando riscos: desde o início de agosto está em vigor nos EUA um “tarifaço” de 50% sobre diversos produtos brasileiros, medida adotada pelo governo Trump. Essa tarifa afeta cerca de 36% das exportações brasileiras aos EUA, incluindo itens-chave como carnes, café, frutas e calçados. A imposição unilateral traz preocupação para o desempenho das exportações e da balança comercial brasileira no segundo semestre, em meio a um ambiente global de disputas comerciais.
O governo brasileiro vem buscando dialogar com parceiros e adotar medidas mitigatórias. Por exemplo, foi editada uma MP liberando crédito extraordinário de R$ 30 bilhões para amenizar impactos do tarifaço, porém, a tensão comercial com os EUA adiciona um elemento de incerteza significativo ao cenário doméstico.
Ainda para adicionar maiores tons de complexidade ao cenário local, começou o julgamento pelo STF ao ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, por sua participação e envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília.
Julgamento este que deve se estender por mais algumas semanas, gerando nervosismo e possíveis variações no câmbio até seu término.
Nos últimos meses, a economia dos Estados Unidos tem mostrado sinais claros de perda de fôlego. O mercado de trabalho, que vinha sustentando a expansão, agora revela fragilidade: a criação de empregos desacelerou de forma significativa e a taxa de desemprego subiu para o maior nível desde 2021. Além disso, indicadores antecedentes como o ISM da manufatura permanecem em território contracionista (<50 pontos), enquanto setores tradicionalmente mais resilientes, como serviços, também mostram ritmo de expansão mais moderado.
Esse conjunto de dados sugere que a maior economia do mundo pode estar entrando em uma fase de desaceleração cíclica, após anos de crescimento impulsionado por estímulos fiscais e monetários.
Ao mesmo tempo, a inflação nos EUA encontra-se em trajetória de desaceleração consistente. O índice de preços ao consumidor (CPI) mantém-se próximo de 2,7% ao ano, e o núcleo (que exclui alimentos e energia) em torno de 3,1%, ambos bem abaixo dos picos de 2022. Esse comportamento reflete tanto o arrefecimento da demanda interna quanto a normalização das cadeias de suprimento globais. A inflação mais controlada reduz a necessidade de manutenção de juros muito altos por parte do Federal Reserve.
A tabela a seguir resume os principais dados econômicos americanos divulgados entre 1º e 5 de setembro, com seus resultados e comparativos:
O relatório de emprego de agosto mostrou uma forte desaceleração do mercado de trabalho norte-americano. Foram criadas apenas 22 mil vagas no mês, bem abaixo da expectativa (~75 mil) e configurando o pior resultado de geração de empregos em vários anos. Além disso, a taxa de desemprego subiu para 4,3%, atingindo o nível mais alto desde outubro de 2021.
Essa combinação de baixo crescimento do emprego e desemprego em alta sinaliza arrefecimento da atividade, selando a aposta de cortes de juros pelo Fed já na próxima reunião agora em setembro, o que demonstra um consenso de mercado com mais de 90% de participantes acreditando em tal corte. Vale notar que os dados de junho foram revisados para terreno negativo (redução de empregos), reforçando a tendência de enfraquecimento do mercado de trabalho.
Por outro lado, a inflação ao consumidor continua em trajetória moderada – o CPI de julho subiu 0,2% no mês, acumulando +2,7% em 12 meses, enquanto o núcleo (excluindo energia e alimentos) avançou 3,1% anual. Esses índices de inflação, embora ainda ligeiramente acima da meta de 2%, mostram clara desaceleração em comparação ao ano anterior e aliviaram a pressão sobre o Fed.
A atuação do Fed na retomada dos cortes de juros vem ao encontro do que a autoridade monetária descreve como um momento de inflexão nos indicadores do mercado de trabalho. O que chama a atenção nesse momento, contudo, é o nível dos indicadores de inflação nos EUA que se mantêm sob controle, mas acima da média histórica no pré-pandemia (quando a inflação americana se encontrava ao redor de 1,5% ao ano).
Com os indicadores de inflação sob controle, mas em patamar elevado historicamente, podemos ver um Fed mais cauteloso em relação ao movimento de cortes já que há ainda os impactos das tarifas que não foram completamente sentidos nos índices de atividade e preços.
Quanto aos impactos globais, espera-se que a moeda americana continue sua trajetória de enfraquecimento, principalmente em comparação com outras moedas fortes (dólar index). O déficit fiscal crescente dos EUA e a postura comercial e da política internacional da atual administração americana tem elevado o prêmio de riscos, principalmente nos títulos do tesouro americano de longo prazo, sinalizando incertezas sobre o rumo da política econômica dos EUA.
Especificamente para o Brasil, é importante notar que, mesmo diante dos problemas fiscais e das incertezas sobre o cenário político interno, como o julgamento do ex-presidente e os conflitos entre o Judiciário e Legislativo, tendo o BRL tem se destacado entre os países emergentes. A moeda brasileira apresenta a maior taxa de juros real (juros menos inflação) entre os seus pares.
Além disso, a expectativa de inflação para os próximos dois anos está mais ancorada, conforme apontado pelo Boletim Focus. Estes fatores têm contribuído para que o BRL seja, até o momento, a moeda que mais se valorizou frente ao dólar na América Latina em 2025.
A redução dos juros nos EUA na próxima reunião do FOMC (Comitê de Política Monetária do Fed), que deve elevar os patamares do “carry trade”, pode trazer pressão adicional ao dólar frente ao real. Contudo, como mencionado, os problemas de dívida estrutural que o Brasil enfrenta ainda devem evitar maior valorização do BRL frente ao USD.
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