Mercado de cacau: como funciona e por que se tornou tão relevante

A história do comércio do cacau e como ele se tornou uma commodity global.

11 de abril de 2023

Hedgepoint Global Markets

O cacau é uma planta milenar que vem do cacaueiro. O mercado de cacau ganhou relevância e se tornou uma commodity estimada graças ao queridinho dos doces: o chocolate . Além de ser usado em bebidas, cosméticos e outros produtos.

Atualmente, há cinco países que lideram a produção de cacau no mundo:  Costa do Marfim, Gana, Equador, Nigéria e Camarões.  Para entender melhor este mercado, vamos nos aprofundar nos números dessa commodity, processo de produção e cenário econômico atual.

Os números do mercado de cacau

De acordo com dados recentes da Organização Internacional do Cacau (ICCO), a produção mundial de cacau atingiu 5 milhões de toneladas em 2022/23,   A indústria do chocolate é responsável por uma grande parcela do mercado de cacau, com os Estados Unidos, Alemanha e Suíça liderando o consumo per capita. Em 2020, a receita global da indústria de chocolate atingiu US$ 103 bilhões, com previsão de crescimento para US$ 130 bilhões até 2025.

Ao longo dos anos, a produção de cacau na África Ocidental (que é a principal região produtora) variou muito, devido a problemas climáticos, envelhecimento das árvores, más práticas agrícolas e problemas de investimentos. Nas Américas, a produção aumentou ao longo dos anos, mas representa apenas 1/4 da produção da África Ocidental.

O cacau é particularmente importante para os países exportadores. Gana, por exemplo, é o segundo maior produtor mundial com cerca de 800 mil toneladas anuais. Lá, o fruto contribui para uma média de 3,5% do PIB de Gana e emprega cerca de 18% da população trabalhadora.

A importância do cacau para a economia de Costa do Marfim e Gana é tão grande que, em muitos casos, o produto é considerado um “ouro marrom”, sendo tão valioso quanto o ouro para esses países.

Como funciona a produção de cacau?

A produção de cacau pode ser explicada em 3 etapas diferentes: Cultivo de cacaueiros, colheita e quebra das vagens, fermentação e secagem.

Cultivo de cacau:

O cacau é geralmente cultivado por pequenos agricultores em fazendas com tamanho médio de 2 a 4 hectares. São três as principais variedades de cacaueiros: Crioulo, Trinitário e Forasteiro (Amelonado).

Os cacaueiros geralmente crescem sob a sombra protetora de plantas como bananeiras, bananas-da-terra e palmeiras. Eles toleram uma grande variedade de tipos de solo, mas são vulneráveis à falta de água. As variações na produtividade dos cacaueiros são mais afetadas pelas chuvas do que por qualquer outro fator climático.

Os cacaueiros podem viver até 100 anos, mas são mais produtivos por cerca de 25 a 30 anos.

Colheita e quebra de vagens:

Vagens de cacau contendo grãos crescem do tronco e galhos da árvore. A colheita envolve a remoção das vagens maduras das árvores e a abertura delas para extrair os grãos úmidos.

As vagens são adequadas para colheita por 3 a 4 semanas, após as quais os grãos começam a germinar. Portanto, é necessário colher em intervalos regulares, pois as vagens não amadurecem todas ao mesmo tempo.

Os agricultores abrem as vagens para remover os grãos dentro de uma semana a 10 dias após a colheita. Dentro de uma safra, os cacaueiros geralmente florescem e produzem vagens em dois ciclos de seis meses.

Fermentação e secagem:

Os grãos de cacau são normalmente fermentados e secos na fazenda ou na aldeia do fazendeiro. Esse processo, que pode durar de três a sete dias, é uma etapa essencial para realçar o sabor dos grãos de cacau. Os grãos de cacau mal fermentados desenvolvem pouco sabor, enquanto os grãos excessivamente fermentados produzem um sabor ácido.

Ou seja, o tempo é importante em todas as etapas da produção de cacau, precisando ser respeitado. Sendo assim, não há como apressar etapas para otimizar a produtividade.

Depois de pronto, o cacau está pronto para exportação ou processamento local. São duas associações que promovem e regulam o comércio de cacau físico, a Cocoa Merchants’ Association of America (CMAA) para os EUA e a Federation of Cocoa Commerce (FCC) que é tradicionalmente usada para o resto do mundo.

Ele pode ser negociado e entregue em duas bolsas com especificações de produto diferentes, ICE New York e ICE London. Os tamanhos dos contratos são de 10 toneladas métricas por lote, porém as cotações de preços são em USD/toneladas métricas para o primeiro e GBP/métrica para o segundo.

Qual a atual situação do mercado de cacau?

Ultimamente, o mercado de cacau tem estado sob estresse de oferta. Isso se deve aos desafios na colheita da safra principal devido a um vento Harmattan mais forte do que o esperado, o vento frio e seco que sopra do sudoeste do Saara.

Vemos naturalmente um ritmo mais lento das exportações a partir de meados de janeiro, mas os volumes foram realmente inferiores à média de cinco anos a partir de fevereiro.

O aperto aumentou com discussões entre o Cocoa & Coffee Council e os exportadores internacionais, que tiveram 20% de seus direitos de exportação expropriados por estes últimos em benefício dos exportadores locais.

Isso resultou em uma paralisação e nenhum cacau disponível da Costa do Marfim, o que impulsionou os diferenciais e o câmbio a chegarem onde estão hoje. Isso teve um efeito bola de neve, pois a demanda mudaria naturalmente para outras origens disponíveis. Os diferenciais do Equador subiram, por exemplo, criando outra tensão com possíveis inadimplências.

Espera-se um déficit global na faixa de -100.000 / -80.000 toneladas métricas para o ano safra 22/23. As chuvas aumentaram na África Ocidental, mas com o El Niño à espreita neste ano, precisaremos de uma safra de verão particularmente boa para repetir os 2,1 milhões de toneladas da última temporada para a Costa do Marfim. Mas o cacau não estará imune a movimentos erráticos, dadas as notícias macroeconômicas que impactaram todas as classes de ativos.

Qual a importância de gerenciar riscos nesse mercado?

O gerenciamento de riscos desempenha um papel significativo no mercado de cacau, pois as principais origens vendem o produto a preço fixo, enquanto o mercado de segunda mão e/ou mercados de destino comercializam com diferenciais.

Players não comerciais contribuíram para a liquidez atual. No entanto, o uso crescente de ferramentas de negociação sistemática desencadeia movimentos na bolsa que podem ser contra-intuitivos para os fatores fundamentais de oferta e demanda, enquanto o processo de tomada de decisão se torna mais difícil.

Em um mercado com tantas particularidades e variações, é imprescindível contar com um parceiro que ofereça produtos especializados na gestão de riscos.  A hEDGEpoint é especialista em hedge, aliando o conhecimento de especialistas com tecnologias para oferecer sempre a melhor experiência em operações de futuros.

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