O prazo de 60 dias, em vez dos 120 pleiteados, no entanto, pode interferir de forma significativa no mercado global de trigo, segundo análise divulgada pela HEDGEpoint.
De acordo com a consultoria, na perspectiva global, a próxima safra de trigo contará com a relação estoque/consumo de trigo mais apertada desde 2013/14, o que torna o mercado do grão ainda mais dependente da produção de Ucrânia e Rússia.
Além disso, a não renovação de extensão do acordo afetaria não somente a Ucrânia, impedida de ter acesso aos portos, como a Rússia, que possivelmente sofreria com sanções impostas pelos países ocidentais, como forma de retaliação.
Globalmente, o mercado do trigo foi impactado pela baixa produtividade da safra de inverno dos EUA e efeitos do El Niño na Austrália.
Os países do norte da África, principais importadores do trigo ucraniano, como Egito, Argélia, Marrocos e Tunísia, também estimam safras menores para este ano e maior dependência da importação.
Milho
Segundo análise da HEDGEpoint, o cenário para o mercado global milho preocupa menos do que o trigo diante de uma não-renovação do acordo do corredor de grãos, em função das boas perspectivas de produção global.
A consultoria destaca que os mercados de milho provavelmente estarão bem abastecidos em 2023, reduzindo a dependência à Ucrânia.
“Há boas perspectivas para a produção na União Europeia. Desta forma, Espanha, Holanda e Itália, que são grandes importadores, terão oferta maior dentro da própria União Europeia”, diz o relatório.
“Além disso, perspectivas apontam para grande safra de inverno no Brasil e abundante safra 23/24 nos Estados Unidos, completando um cenário de oferta farta de milho”, indica o material.
Texto originalmente publicado em: https://globorural.globo.com/agricultura/trigo/noticia/2023/05/mercado-de-trigo-deve-sentir-o-maior-impacto-por-situacao-no-mar-negro.ghtml