
Entenda o cenário de negociação EUA x China, os impactos das tarifas no comércio entre os países e os efeitos de um possível acordo para o agro.
O cenário atual de negociação EUA x China tem reflexos profundos no comércio global e, de forma particular, no setor agrícola. A disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, que se manifestou de forma acentuada em uma guerra tarifária, tem levado a mudanças na geopolítica e no mercado de commodities. Diante disso, as discussões sobre um possível acordo entre Estados Unidos e China ganham destaque, com potenciais impactos relevantes para o agro brasileiro.
Neste artigo, vamos explorar:
Boa leitura!
A relação comercial entre EUA e China, as duas maiores economias do planeta, determina fluxos de comércio globais e preços de commodities, em particular a soja. A China é o maior país importador da oleaginosa, enquanto os EUA estão entre os principais produtores e exportadores. Antes da guerra comercial, a China comprava mais da metade de toda a soja exportada pelos EUA. Em algumas safras, a aquisição chegava a 70% das exportações, demonstrando o peso da relação. Essa interdependência afeta diretamente os preços e a logística do setor agrícola em todo o mundo.
Este modelo foi construído ao longo da década de 1980 quando comitivas do governo norte-americano levaram para a China as vantagens da inclusão do farelo de soja na ração dos suínos. Naquele momento, o governo chinês viu uma oportunidade de industrialização, construindo plantas de esmagamento de soja em conglomerados nos portos do país para receberem a soja importada, esmagá-la e direcionar o farelo ao interior do país para uso na ração animal.
Durante décadas, essa relação prosperou e atraiu o interesse de outros países, que buscavam aproveitar o aumento do consumo chinês de soja, reflexo direto da expansão do rebanho de suínos na potência asiática. Foi nesse cenário que o Brasil ganhou destaque, estabelecendo com os Estados Unidos uma alternância estratégica no abastecimento de soja para a China.
A partir desse cenário, nota-se que as exportações de soja têm um papel relevante no mercado agrícola norte-americano, correspondendo a cerca de 18% do total agrícola exportado pelos Estados Unidos. Qualquer interrupção ou restrição nesse fluxo comercial gera efeitos em cadeia, como o redirecionamento das compras chinesas para outros fornecedores. Por isso, o setor agrícola está entre os mais sensíveis às tensões geopolíticas entre as duas nações.
Em 2018, Estados Unidos e China deram início a uma intensa disputa comercial marcada por tarifas e contratarifas. Naquele ano, primeiro governo de Donald Trump, foi lançado o programa “Make America Great Again”. Em novembro de 2018, os EUA já haviam imposto tarifas sobre cerca de US$ 250 bilhões em produtos chineses, ao passo que a China retaliou com tarifas sobre US$ 110 bilhões em bens americanos.
Diante do aumento das tensões, em dezembro de 2018, os presidentes dos dois países se reuniram durante o encontro do G20 em Buenos Aires. O resultado foi uma trégua temporária de 90 dias, enquanto as duas nações buscavam negociar um acordo mais amplo. Nesse período, a China se comprometeu a aumentar a compra de produtos agrícolas, energéticos e industriais norte-americanos, enquanto os EUA suspenderam a elevação de tarifas adicionais que estava prevista para o início do ano seguinte.
Apesar das negociações, um consenso amplo não foi alcançado, e as tarifas voltaram a subir nos meses seguintes, acompanhadas de novas contramedidas de ambos os lados, em um contexto de conflito geopolítico e tecnológico.
Em 2015, a China lançou o plano “Made in China 2025”, visando consolidar sua liderança em setores estratégicos como robótica, semicondutores e inteligência artificial. Os EUA passaram a ver o programa como uma ameaça à sua supremacia tecnológica e acusaram Pequim de práticas desleais, incluindo subsídios estatais, transferência forçada de tecnologia e barreiras a investimentos estrangeiros. Como resposta, impuseram restrições a empresas chinesas e limitaram investimentos em setores sensíveis, ampliando a rivalidade para além das tarifas.
O cenário atual da disputa entre Estados Unidos e China permanece marcado por tensões comerciais e tecnológicas. Desde 2018, a guerra tarifária evoluiu para um embate mais amplo, envolvendo cadeias de suprimentos estratégicos, tecnologia e liderança geopolítica.
Nos últimos anos, os dois países vêm tentando estabilizar a relação por meio de acordos pontuais. Em 2025, o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, anunciou que os dois países haviam chegado a um acordo parcial sobre terras raras e minerais estratégicos, insumos essenciais para setores como defesa, eletrônicos e baterias elétricas.
O entendimento prevê a aceleração das exportações chinesas desses materiais, enquanto os EUA podem suspender algumas medidas restritivas, condicionadas ao cumprimento dos compromissos por parte da China. Todavia, os presidentes das duas potênciais têm trocado ameaças e elogios alternados, aumentando as incertezas quando a conversa entre eles de fato irá ocorrer e qual será um possível acordo entre eles.
A disputa comercial também influencia diretamente o mercado de commodities agrícolas, especialmente a soja, já que a China é um grande importador desse produto.
Apesar de avanços pontuais nas negociações, o impasse permanece. O governo dos EUA continua pressionando por maior acesso ao mercado chinês e por limites aos subsídios e práticas consideradas desleais, enquanto o governo da China busca preservar sua autonomia tecnológica. Analistas destacam que a disputa atual é menos sobre tarifas específicas e mais sobre controle de tecnologias estratégicas e influência nas cadeias globais de valor.
Um novo acordo entre os EUA e a China pode beneficiar o setor agrícola americano, especialmente a soja. A China suspendeu as compras de soja americana em 2025, após a imposição de tarifas pelos EUA. Em fevereiro de 2025, o governo Trump aumentou as tarifas sobre produtos chineses em 10%, passando para 20% em março do mesmo ano, 34% em abril e depois 145%.
Em resposta, a China impôs tarifas de 10 a 15% sobre produtos agrícolas dos EUA, com reatliação em abril anunciando tarifa de 34% e logo em seguida, 125%. Em maio tem início trégua de 90 dias, prorrogada em agosto por mais 90 dias. Em outubro, o mercado aguarda nova conversa entre os dois líderes, com o governo dos EUA anunciando cobrança de tarifas de 130% sobre a China a partir de 1º de novembro.
Como resultado, as exportações de soja dos EUA para a China caíram drasticamente. Em setembro de 2025, as compras chinesas de soja americana foram praticamente nulas, comparadas aos US$ 12,6 bilhões registrados no ano anterior.
A retomada das compras chinesas de soja americana ajudaria a aliviar a pressão sobre os preços internos e os estoques. Contudo, a China está diversificando seus fornecedores, cobrindo boa parte do seu programa de compras. A retomada das negociações também poderia influenciar outros mercados de commodities, como o do milho.
Um novo acordo entre Estados Unidos e China pode afetar significativamente o agronegócio brasileiro. Durante a guerra comercial, a China redirecionou suas compras de soja, milho e carnes para outros fornecedores, beneficiando especialmente o Brasil, que ampliou exportações e se favoreceu da valorização dos preços internacionais. Um estudo da UFMG estima que o Centro-Oeste brasileiro teve um ganho potencial de R$ 6,94 bilhões no PIB regional, enquanto estados como Bahia, Maranhão e Piauí também registraram impactos positivos com o aumento das vendas externas.
Caso os dois países firmem um novo acordo que retome as compras chinesas de produtos agrícolas dos EUA, o Brasil pode enfrentar maior concorrência no mercado chinês, seu principal destino de exportação de soja. Isso pode pressionar prêmios nos portos brasileiros e reduzir a participação brasileira nas exportações para a China, sobretudo em períodos de safra recorde americana.
Os Estados Unidos e a China intensificaram as negociações para tentar firmar um novo acordo comercial. O presidente Donald Trump anunciou que pretende se reunir com o presidente Xi Jinping durante a cúpula da Apec, no fim de outubro de 2025, com a soja entre os temas da agenda. A suspensão temporária das tarifas impostas pelos Estados Unidos expira no início de novembro, o que aumenta a pressão por um entendimento.
Há incertezas se a China voltará a importar soja americana em grandes volumes, já que vem diversificando os fornecedores, como o Brasil e a Argentina. Outro ponto em aberto é o escopo do acordo. O governo chinês pressiona pela suspensão das restrições à exportação de semicondutores e tecnologias avançadas, enquanto os EUA buscam acesso às terras raras, o que pode prolongar as negociações.
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