Perspectivas do mercado de etanol no Brasil

Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da hEDGEpoint, fala sobre a dinâmica e as perspectivas do mercado de etanol brasileiro.

04 de Abril de 2024

Hedgepoint Global Markets

Você sabia que o Brasil é um dos destaques no mercado de etanol global? O país é um dos maiores produtores do mundo deste combustível renovável, conhecido por abastecer automóveis e servir de matéria-prima em indústrias.

Atualmente, há perspectivas de mudanças relacionadas à essa commodity: entre elas, o aumento da mistura de etanol à gasolina. Pensando nisso, convidamos Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado da hEDGEpoint, para falar sobre:

  • A dinâmica de produção e comercialização do etanol no Brasil.
  • Indicativos de oferta e demanda.
  • ⁠Projeto de Lei (PL) que prevê a adição de até 35% de etanol na gasolina do país.

Boa leitura!

Como funciona o mercado de etanol brasileiro?

O primeiro ponto que você precisa saber é que a produção de etanol ocorre por meio da fermentação do amido ou de outros açúcares, de origem vegetal. No Brasil, a principal matéria-prima utilizada é a cana-de-açúcar e, em segundo lugar, vem o milho.

Existem dois tipos de etanol nos combustíveis: anidro e hidratado. A diferença entre eles é a concentração de água: no hidratado, a água pode chegar a 5% e, no anidro, a 0.5%. Com isso, o etanol anidro contém muito mais álcool do que água na composição. Essa é a característica que o torna praticamente um álcool puro. Coda explica a diferença entre os seus usos:

“O hidratado é o que usamos diretamente nos carros flex, pois funcionam 100% com combustível renovável. O anidro, que tem um poder maior de combustão, mistura-se à gasolina, conforme o percentual estabelecido em lei. A partir disso, forma-se a gasolina C, comercializada nos postos. A gasolina A é a que temos antes dessa mistura”, pontua.

Hoje, o Brasil apresenta a necessidade de importar petróleo para a gasolina. Segundo Coda, temos uma produção com certa suficiência, mas que não é total:

“Ainda precisamos importar bastante, porque a octanagem do petróleo brasileiro não é tão boa quanto a octanagem de outros países. Então, há uma necessidade de importação pela qualidade desse petróleo, que também é diferente entre as regiões do país”, pondera.

Perspectivas da oferta e demanda de etanol

Existem dois fatores-chave para compreender a oferta e demanda de etanol. Abaixo, evidenciamos cada um deles.

●     Oferta: produção de açúcar e milho

Neste aspecto, Coda explica que é importante compreender a decisão do produtor: ele deve avaliar o quanto da sua produção será destinada para o etanol e o quanto será para o açúcar. Os preços são um aspecto relevante, pois o produtor busca obter mais lucro por meio do produto que pagará mais:

“Se o etanol estiver pagando muito mais do que o açúcar, maximiza-se o volume de produto bruto que produzirá etanol”, comenta.

Hoje, o açúcar paga consistentemente mais, desde a safra 22/23, marcada pela recuperação da produção brasileira, com recorde em 23/24. Simultaneamente a essa situação, o Hemisfério Norte apresentou quebra na safra, o que tornou os preços mais atrativos para os produtores brasileiros.

No caso do milho, espera-se que haja, neste ano, em torno de 7 bilhões de litro de etanol de milho, um número que cresce a cada ano:

“Existe um investimento alto em novas plantas de etanol de milho. Observamos também uma produtividade bastante elevada, porque a tecnologia empregada é muito nova”, pontua Coda.

Leia também:

●     Demanda: relação entre distribuidoras e consumidores

Outro ponto importante é a demanda. Nesse sentido, há o papel da distribuidora de etanol e dos postos de combustíveis:

“Ambos analisam como está a demanda, ou seja, a preferência do consumidor em relação ao etanol ou à gasolina. Há também diferenças regionais significativas. No Sul, por exemplo, o etanol é mais caro por causa da logística e menor produção. No Centro-Sul,  a paridade costuma ser menor, dando mais força para o etanol na escolha do consumidor”, explica Coda.

Nos últimos anos, a queda no preço da gasolina é um dos motivos que explica a redução na demanda de etanol:

“Desde julho do ano passado, voltou a existir uma paridade em favor do etanol, mas a demanda não tem sido tão forte quanto se poderia esperar. Apesar de recuperar força nos últimos 3 meses, ainda não é suficiente para reduzir os estoques da supersafra de açúcar 23/24”, aponta Coda.

Desse modo, espera-se que o etanol fique com um volume de estoque de passagem alto e que isso mantenha os preços baixos do produto até a próxima safra. Porém, se a demanda vier forte na próxima safra, o preço do etanol poderá subir.

Para 24/25, estima-se, atualmente, cerca de 2,6% de crescimento do Ciclo Otto, que é a demanda por energia: Com isso, os preços do etanol podem ser afetados, à medida que esse número pressione o mercado porque os consumidores precisam de mais produto:

“Isso traz chance de aumento no preço do etanol. Mas, nesta nova safra, não vemos ameaça ao mix de açúcar, que deve seguir alto. Assim, em 24/25, aumentos de preços podem gerar cortes na demanda, a qual a recuperação ainda é frágil, especialmente no contexto dos preços da gasolina reduzidos”, fala Coda.

Quais os possíveis impactos do aumento de até 35% na mistura de etanol e gasolina?

Hoje, a gasolina C precisa ter o percentual mínimo de 22% de etanol, com limite máximo em 27,5%. Contudo, a proposta de aumentar o percentual de etanol para até 35% deve ser discutida nos próximos dias, na Câmara dos Deputados, pelo PL 4516/23.

Inicialmente, a ideia do governo federal era passar o percentual máximo de 27,5% para 30%, com o objetivo de melhorar a independência energética. Desse modo, espera-se a redução das importações de petróleo. Além disso, a medida visa impulsionar a descarbonização, pois o etanol é um tipo de energia renovável.

Mas, a proposta sofreu alterações na Câmara e, agora, prevê o aumento de 22% para 27% do percentual obrigatório de etanol anidro a ser adicionado na gasolina tipo C. O limite máximo está em 35%, segundo o PL.

Entre os possíveis efeitos para o mercado de commodities brasileiro, destacamos:

1.   Impactos no mercado de açúcar

O aumento da demanda por etanol anidro pode causar um deslocamento de mais Açúcar Total Recuperável (ATR) da safra de cana-de-açúcar para a produção do biocombustível. Mas, Coda reforça que o crescimento da demanda provavelmente seria afetado antes de o etanol chegar a alcançar o preço do açúcar. Por isso, é difícil projetar uma mudança no mix, inclusive pelo contexto do mercado de açúcar e os contratos já realizados pelas usinas com relação à nova safra.

Se a demanda por etanol estiver superaquecida, o preço sobe. Então, pode ser, e é mais provável em 24/25, que ocorra um corte na demanda pelo aumento dos preços. Pouca procura leva ao acúmulo de estoques que pressiona os preços:

“Uma queda de preços impacta diretamente a produção, e portanto o estoque, elevando os preços. Essa interação entre oferta e demanda traz o equilíbrio. Lembre-se de que ela deve respeitar limites físicos da usina e contratos já firmados. A relação entre os preços do açúcar e do etanol é, assim, um dos principais drivers de decisão”, comenta Coda.

2.   Maior demanda de etanol anidro

“Com o aumento da mistura de etanol à gasolina, a demanda de etanol anidro poderá crescer, principalmente em relação às distribuidoras. Isso acontece porque elas precisam aumentar a quantidade acrescentada na mistura”, explica Coda.

Esse incremento no consumo traria o estímulo de maior produção desse biocombustível nas indústrias, com possível ampliação da capacidade instalada neste setor. É possível que ocorra a situação de alta ou baixa nos preços, o que irá depender da relação entre oferta e demanda e dos custos de produção.

Leia mais:

hEDGEpoint: gerenciamento de riscos para o mercado de etanol

Como você percebeu, o mercado de etanol está sujeito à volatilidade de preços. Nesse sentido, torna-se fundamental que os participantes deste setor realizem o gerenciamento de riscos.

A hEDGEpoint existe para isso. Com um time de inteligência de mercado e produtos de hedge sofisticados, estamos sempre atentos a todos os fatores que podem causar mudanças de preço e impactar as cadeias produtivas.

Acompanhar todas as movimentações que podem afetar esse mercado faz toda a diferença na tomada de decisão. Afinal, com análise de dados e relatórios completos, os produtores conseguem compreender onde será mais estratégico alocar recursos e esforços.

Conte conosco para ter acesso a instrumentos de gerenciamento de riscos eficazes. Entre em contato agora com um profissional da hEDGEpoint e saiba como podemos atuar no seu negócio.

Receba o melhor conteúdo sobre gerenciamento de risco de commodities em sua caixa de entrada!

Quero me inscrever!

Follow Us

 

Follow Us

   

hEDGEpoint ©️2021. All rights reserved.

Privacy Settings
We use cookies to enhance your experience while using our website. If you are using our Services via a browser you can restrict, block or remove cookies through your web browser settings. We also use content and scripts from third parties that may use tracking technologies. You can selectively provide your consent below to allow such third party embeds. For complete information about the cookies we use, data we collect and how we process them, please check our Privacy Policy
Youtube
Consent to display content from - Youtube
Vimeo
Consent to display content from - Vimeo
Google Maps
Consent to display content from - Google