Por que o chocolate está mais caro este ano?

No Dia Mundial do Chocolate, discutimos como a oferta e a demanda da commodity cacau está afetando a volatilidade do mercado global.

5 de julho 2024

Hedgepoint Global Markets

No Dia Mundial do Chocolate, celebrado no dia 7 de julho, buscamos entender como a cadeia produtiva do cacau atua no balanço entre oferta e demanda e como este está mexendo com a volatilidade do mercado.

Só para você ter ideia, os contratos futuros da commodity atingiram novo recorde intradiário e ultrapassaram os em Nova York pela primeira vez, em abril de 2024. E o preço do cacau continua volátil no mercado internacional.

Para começar a entender o mercado, explicamos como funciona a produção de cacau no mundo:

A cadeia produtiva do cacau?

Antes de ele chegar ao consumidor como chocolate e outros produtos, existe todo um processo que começa no cacaueiro, planta perene de onde se extrai o fruto do cacau. Existem basicamente três variedades cultivadas:

  • Forastero: é o mais comum e representa até 80% da produção mundial. Sua maior região de cultivo é a África Ocidental. Suas principais características consistem no seu alto rendimento, na resistência a doenças e no sabor mais amargo.
  • Criollo: mais suave e com qualidade superior. É menos vigoroso e mais vulnerável a doenças. Sua principal região de cultivo é a Venezuela.
  • Trinitário: com origem na ilha de Trinidade, sua criação ocorreu a partir do cruzamento entre o cultivo de Criollo e Forastero. Portanto, a variedade combina a resistência do cacau a granel com os aromas do cacau fino.

Em relação à cadeia produtiva do cacau, há basicamente sete etapas. Abaixo, explicamos cada uma delas.

1.    Cultivo

A unidade de produção (UP) ou propriedade rural começa a cultivar o cacau. Essa etapa requer a preparação do solo, que deve ser rico em matéria orgânica e bem drenado.

As árvores de cacau são plantadas em condições de sombra adequadas, geralmente sob árvores mais altas, para protegê-las do sol direto. Durante o cultivo, os agricultores monitoram as árvores para garantir que recebam água suficiente e estejam livres de pragas e doenças.

2.    Colheita

A colheita do cacau é feita manualmente durante 3-4 semanas, após as quais os grãos germinam, sendo necessária uma colheita regular. Os agricultores abrem o fruto e removem os grãos molhados dentro de uma semana a 10 dias após a colheita.

3.    Fermentação

Após a colheita, os frutos do cacau são abertos. As sementes, conhecidas como amêndoas de cacau, são removidas e colocadas em caixas ou montes para fermentar. Esse processo pode durar de alguns dias a uma semana, dependendo das condições locais.

A fermentação cria os sabores característicos do cacau, pois remove substâncias indesejáveis e desenvolve compostos que contribuem para o sabor do chocolate.

4.    Secagem

Depois da fermentação, as amêndoas de cacau são espalhadas ao sol para secar. Este processo pode levar vários dias e é essencial para reduzir o teor de umidade das amêndoas, o que ajuda a evitar o mofo durante o armazenamento.

As amêndoas de cacau são viradas regularmente para garantir uma secagem uniforme e prevenir a formação de mofo. Quando as amêndoas atingem o teor de umidade ideal, elas são embaladas e enviadas para processamento adicional, como a torrefação e a moagem, para produzir chocolate.

5. Negociação

A próxima etapa do processo pode variar. Os agricultores têm várias opções: podem transportar, classificar e exportar os seus grãos diretamente; vender para um intermediário; ou junte-se a uma cooperativa que cuida das vendas ao exportador. Independentemente do método escolhido, os grãos são inspecionados, classificados e enviados para um armazém próximo ao porto.

6. Transporte

Depois de classificados, os grãos são preparados para embarque em navios cargueiros. Eles podem ser enviados em sacos de juta ou a granel. O transporte a granel pode ser feito em contêineres ou sem embalagens.

7.Torrefação e a moagem

Os grãos de cacau são torrados para reduzir o teor de água e desenvolver aromas e sabores. Isso pode ser feito antes de descascar os grãos inteiros ou depois de descascados. Depois de torrados e descascados, os grãos são moídos em altas temperaturas até formar um fino licor de cacau, que pode ser usado diretamente como ingrediente culinário. O licor de cacau pode ser prensado em uma peneira fina, separando-o em material sólido (bolo de cacau) e um líquido/creme mais puro (manteiga de cacau). O bolo pode ser quebrado em pedaços menores e soldado, ou pulverizado em pó com teor variado de gordura.

Quais fatores explicam a volatilidade nos preços do cacau?

Há fatores específicos que justificam a volatilidade que atinge o mercado do cacau atualmente, pois impactam diretamente a África Ocidental. Nela, concentram-se os dois maiores produtores mundiais: Costa do Marfim e Gana.

Abaixo, explicamos cada um dos aspectos que influenciaram a produção nesta região.

●      Clima

O cacau depende do clima porque as condições climáticas interferem diretamente no seu crescimento e desenvolvimento. Temperaturas consistentes e moderadas, combinadas com a umidade adequada, são essenciais para o florescimento, frutificação e maturação dos frutos de cacau. Este cultivo é particularmente vulnerável à escassez de água, necessitando entre 1.500 mm e 2.000 mm de chuva anualmente para um desenvolvimento ideal. Períodos secos, com menos de 100 mm de chuva por mais de três meses, podem reduzir significativamente sua produtividade. Durante a fase de desenvolvimento dos botões dos frutos, especialmente no meio da colheita, fatores como o Harmattan e a estação seca desempenham um papel crucial.

Além disso, a precipitação regular é crucial para garantir um suprimento adequado de água para as árvores de cacau. Desse modo, promove-se o seu crescimento saudável e a produção de frutos.

O harmatã, fenômeno de ventos secos e poeira que surge a partir do Saara, deixou o clima mais seco na Costa do Marfim e em Gana. O El Niño também modificou as temperaturas e diminuiu as chuvas em algumas regiões, o que reduziu a produtividade no último ciclo.

●      Pragas agrícolas

As plantações de cacau podem sofrem com a presença de pragas agrícolas, como:

  1. Vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa): é uma das doenças mais devastadoras do cacau. Sua causa é um fungo que infecta os brotos, flores e frutos do cacau, o que leva à morte das partes infectadas e redução da produção.

 

  1. Podridão-parda (Phytophthora spp.): doença ocasionada por vários tipos de fungos do gênero Phytophthora, que infectam os frutos do cacau. Com isso, há decomposição e perda da qualidade e quantidade da produção.

 

  1. Mirmeleão (Atta spp.): essas formigas cortadeiras podem causar danos significativos às plantações de cacau. Consequentemente, enfraquecem plantas e reduzem a produção.

 

  1. Broca-do-cacau (Conopomorpha cramerella): praga que afeta os frutos do cacau, perfurando-os para se alimentar das sementes. Isso pode resultar em danos significativos à qualidade e quantidade da produção.

 

  1. Cigarrinhas (Empoasca spp.): insetos sugadores de seiva que podem causar danos às folhas do cacau, com enfraquecimento de plantas e menor capacidade de produção.

Porém, hoje, a praga que mais afeta o cacau é o vírus do broto inchado.  É uma doença grave que interfere nas plantações de cacau. Ela traz inchaço nos brotos e deformidades nas folhas, com danos significativos à produção.

●      Falta de pesticidas

Gana deve produzir 40% abaixo da meta para a temporada. O vírus do broto inchado contribui para isso, aliado à aplicação tardia de pesticidas e fungicidas para proteger os pés de cacau.

Para reduzir custos, o governo de Gana diminuiu gradualmente a distribuição de mudas de cacau e pesticidas para quase um milhão de produtores. No lugar, o governo pagou aos produtores um preço mais alto pelo cacau e deixou que eles comprassem os equipamentos e serviços. Contudo, muitos agricultores embolsaram o dinheiro extra do governo.

Quando o governo descobriu, voltou a entregar os produtos químicos diretamente. Mas, isso ocorreu tarde demais para o desenvolvimento da safra.

●      Alta demanda

A demanda por cacau segue alta, mesmo com os preços recordes. O ICCO (Organização Internacional do Cacau, tradução do inglês) prevê que o consumo vai exceder a produção em 38 mil toneladas de grãos da commodity em 2024.

As principais explicações para essa resiliência se encontram no aumento da demanda de mercados emergentes na Ásia e, também, na mudança de hábitos do consumidor. A população não está abrindo mão de pequenos luxos, como o consumo de chocolate, algo tendência que começou na pandemia de COVID-19.

O aumento de preços do cacau em 2024 é um evento de Cisne Negro?

Um cisne negro é qualquer evento imprevisível e que gera grande impacto em toda a economia. Ou seja, são acontecimentos fora da curva e que repercutem globalmente.

O filósofo Nassim Taleb introduziu esse conceito e determinou uma classificação para eventos que afetam consideravelmente o mercado financeiro. A lógica por trás do estudo é a de que vivemos em um mundo instável. Nesse sentido, torna-se essencial se preparar para gerenciar os riscos.

E foi o que ocorreu no mercado do cacau em 2024. Devido às problemáticas nas plantações da África, houve o que podemos chamar de cisne negro. Afinal, os impactos foram significativos e intensos em relação aos preços da commodity, que dispararam em todo o planeta e continuam com a tendência altista.

Futuros de cacau em Nova York atingem US$ 7.000 a tonelada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Bloomberg

Leia também: Panorama geral para commodities agrícolas e energéticas em 2024

Hedgepoint: produtos de hedge para o mercado do cacau

O mercado do cacau sofreu um acontecimento chamado de cisne negro. Em outras palavras, a produção da commodity foi impactada, o que segue afetando todo o globo.

Nesse sentido, os participantes do mercado devem adotar instrumentos para se proteger da volatilidade. Afinal, os riscos sempre existirão. A Hedgepoint fornece produtos de hedge em commodities, como o uso de derivativos, para fixar o preço do cacau em relação à compra e venda no futuro.

 

 

 

 

 

 

Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente com fins informativos e instrucionais, não tendo o propósito de estabelecer obrigações ou compromissos à terceiros, nem a intenção de promover uma oferta, ou solicitação de oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários, futuros, opções, moedas e swap ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral do HPGM, é uma Introducing Broker e um membro registrado do National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swap envolve riscos significativos de perdas e pode não ser adequado para todos os investidores. Performance anterior não é necessariamente indicativo de resultados no futuro. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e em consultores externos antes de entrar em qualquer transação que seja introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados expressamente não se responsabilizam por qualquer uso das informações contidas neste documento que resulte direta ou indiretamente em danos ou prejuízos de qualquer tipo. Em caso de questionamentos não resolvidos por nossa equipe de atendimento ao cliente ([email protected]), contate nosso canal de ombudsman interno ([email protected]) ou 800-8788408/[email protected] (somente para clientes no Brasil.

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