Retrospectiva 2024: um ano de volatilidade e desafios no mercado de commodities
Confira a retrospectiva 2024 para soft commodities, grãos, energia e macroeconomia.
O ano de 2024 trouxe desafios importantes no mercado de commodities, influenciado por um cenário macroeconômico dinâmico e eventos climáticos significativos. A persistência da inflação nos Estados Unidos fortaleceu o dólar, enquanto mudanças nas políticas monetárias do BCE (Banco Central Europeu) e os impactos das eleições americanas adicionaram volatilidade ao panorama global.
No âmbito das commodities agrícolas, o clima adverso impactou os rumos do açúcar, café e cacau, com secas severas e custos elevados pressionando a produção em regiões-chave. Por outro lado, os grãos enfrentaram um cenário mais favorável, com recuperação na Argentina e produtividade elevada nos EUA, embora o clima seco no Brasil trouxesse novos desafios.
O setor energético também passou por altos e baixos: tensões geopolíticas impulsionaram os preços do petróleo, mas a demanda global enfraquecida sinalizou uma perspectiva de baixa para o próximo ano.
Esse balanço macro reflete os principais fatores que moldaram os preços e a oferta no mercado de commodities, destacando a complexidade e a interdependência desses mercados em um ano cheio de desafios e incertezas.
Neste artigo, a Hedgepoint faz uma análise completa dos principais acontecimentos no setor de commodities. Acompanhe o texto e veja todos os destaques apontados pelos nossos especialistas.
Resumo macroeconomia em 2024
Após um início de ano marcado por inflação persistente nos EUA, as pressões inflacionárias começaram a ceder, permitindo ao Federal Reserve (Fed) iniciar cortes nas taxas de juros em setembro, com uma redução de 50 pontos-base. Antes disso, o Banco Central Europeu (BCE) já havia dado início à sua flexibilização monetária em abril, resultando na depreciação do euro em relação ao dólar.
Mesmo com os cortes promovidos pelo Fed a partir de setembro, o dólar permaneceu valorizado, sustentado por incertezas ligadas às eleições americanas. Em novembro, com a confirmação da vitória de Trump, essas expectativas foram reforçadas, mantendo o dólar em patamares elevados.
A vitória de Donald Trump nas eleições trouxe especulações sobre uma agenda econômica inflacionária, com possíves cortes de impostos e políticas comerciais protecionistas. Enquanto isso, o BCE flexibilizou sua política monetária, melhorando a perspectiva econômica da região, mas depreciando o euro em relação ao dólar, que permanece forte devido à manutenção de taxas de juros mais altas por mais tempo.
Esse contexto macroeconômico evidenciou a complexidade de equilibrar estímulos econômicos e estabilidade cambial em um ambiente global de incertezas. Veja os dados levantados ao longo do ano sobre o Índice do Dólar Norte-Americano (DXY) e o JP Morgan Emerging Markets Currency Index (Usd):
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Clima e mercado de açúcar em 2024: desafios e projeções
O clima foi o principal protagonista no mercado de açúcar em 2024. A seca e os incêndios no Centro-Sul (CS) do Brasil sustentaram os preços, enquanto a recuperação das safras no Hemisfério Norte (HN) limitou a alta. A expectativa para 24/25 é de redução na produção brasileira após o recorde de 23/24.
O início forte da moagem no CS em 24/25, favorecido pela baixa precipitação, trouxe alívio para a oferta e pressionou os preços para baixo. No entanto, a persistência da seca e no fluxo comercial previsto para o final de 2024 e início de 2025 deram suporte aos preços. No entanto, a persistência da seca e o déficit comercial previsto para o final de 2024 e início de 2025 deram suporte aos preços. A disparidade entre a disponibilidade prevista para açúcar bruto e branco, pressionou o prêmio do açúcar branco.
As chuvas no CS começaram a beneficiar a safra 25/26, enquanto regiões como Europa, Tailândia e América Central indicam maior oferta futura. Além disso, a fraca demanda tem exercido pressão sobre os preços do açúcar, que encontram algum suporte nas restrições de oferta durante a entressafra brasileira.
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Café em 2024: um ano de alta e volatilidade
As adversidades climáticas tornaram o ano desafiador para o mercado de café, com restrições na oferta e estoques abaixo da média em vários países produtores e consumidores. As quedas na produção no Brasil e no Vietnã foram os principais fatores por trás da oferta apertada e da volatilidade dos preços.
No Vietnã, a produção reduzida em 23/24 deixou estoques menores, com agricultores relutantes em vender, mesmo com preços mais altos. As condições climáticas quentes e secas no início de 2024 aumentaram os riscos para a safra 24/25, pressionando os preços do robusta e, consequentemente, do arábica. Na Ásia, a escassez de robusta no Vietnã prejudicou o comércio.
Os preços do café voltaram a subir em novembro, impulsionados por tempestades na América Central e preocupações com uma pequena safra de arábica no Brasil em 25/26. Esse cenário levou os futuros de arábica a novos recordes, enquanto os preços do robusta também registraram altas significativas.
Mercado de grãos: fundos, clima e incertezas geopolíticas
O ano foi marcado por fatores macroeconômicos e climáticos que moldaram o mercado de grãos. Fundos permaneceram vendidos durante todo o ano, refletindo o sentimento pessimista impulsionado por safras robustas nos EUA e na Argentina, além de condições climáticas favoráveis no Brasil.
A guerra no Mar Negro também impactou o setor, com ataques russos danificando portos estratégicos e afetando o comércio de grãos na região. Na Argentina, a produtividade de soja voltou aos níveis normais após a seca de 2023, enquanto problemas como a praga Chicharrita reduziram as estimativas de milho.
Na China, compras estratégicas no mercado à vista pressionaram os preços, enquanto o país buscava diversificar suas fontes antes da posse de Donald Trump. A reeleição de Trump trouxe incertezas sobre a guerra comercial, com o fortalecimento do dólar e o aumento dos estoques chineses reduzindo as exportações americanas e pressionando os preços na CBOT.
Apesar das boas safras no Hemisfério Sul, o clima seco no Brasil atrasou o plantio de soja e ameaçou o milho nos EUA. As chuvas no final do ano ajudaram a melhorar as condições de plantio no Brasil e na Argentina e sustentaram a logística americana, mas o ambiente político e geopolítico ainda adicionou volatilidade aos preços.
Óleos vegetais em 2024: China, margens e dólar forte
O mercado de óleos vegetais foi impactado por dinâmicas econômicas e políticas globais, com destaque para a China, margens de moagem reduzidas e um dólar fortalecido. Ao longo do ano, rumores sobre o adiamento da EUDR também influenciaram o mercado.
O dólar americano forte desempenhou um papel importante nos meses finais de 2024, tornando o óleo de soja mais competitivo em relação ao óleo de palma. No entanto, os baixos números de produção e os preços locais elevados na China impulsionaram os futuros do óleo de palma. A atividade dos fundos, especialmente no óleo de soja, sustentou os preços, enquanto realizações de lucro no meio do ano pressionaram os valores do óleo de palma.
Com a recuperação das margens de moagem na China, a atividade econômica voltou a ganhar força, apoiando o mercado. A escassez de oferta na Tailândia e o aumento das importações pela Índia contribuíram para uma recuperação no óleo de palma. As decisões políticas do governo Trump, especialmente sobre tarifas, são aguardadas e podem alterar ainda mais o equilíbrio entre os óleos vegetais.
Produção de cacau: desafios e perspectivas de recuperação
A produção global de cacau enfrentou grandes desafios no período de 23/24, com a Costa do Marfim e Gana registrando volumes abaixo da média devido ao clima extremo, altos custos de produção e crises econômicas. Embora haja uma expectativa de recuperação em 24/25, os números ainda devem ficar aquém do esperado, especialmente em Gana.
No início de 2024, os preços começaram a reagir a uma oferta global mais restrita, mas o mercado ainda acreditava em cortes na demanda devido aos preços mais altos. Tanto a Associação de Cacau da Ásia quanto a da Europa informaram que a moagem caiu no final do ano anterior. Porém com os desafios climáticos das principais regiões produtoras, o cacau atingiu recordes sucessivos durante o primeiro e início do segundo semestre.
Apesar de previsões otimistas, como o aumento da produção da Costa do Marfim para 2 Mt em 24/25, o índice de estoques globais caiu para o menor nível em 50 anos, mantendo o mercado em alerta sobre os impactos climáticos e fitossanitários nas próximas safras.
Geopolítica e petróleo: os destaques de 2024
O cenário geopolítico definiu os rumos do mercado de energia em 2024. Conflitos como o de Israel e Hamas, além da guerra entre Ucrânia e Rússia, impulsionaram os preços do petróleo, enquanto a demanda global enfraquecida, especialmente na China, trouxe perspectivas de baixa para 2025.
O ano começou com suporte aos preços devido às baixas temperaturas nos EUA, que interromperam a produção e as operações de refinarias. Em abril, os ataques relacionados ao conflito entre Israel e Hamas, incluindo tensões diretas com o Irã, elevaram os prêmios de risco.
A partir de agosto, sinais de demanda enfraquecida, especialmente com a queda nas importações de petróleo pela China, aumentaram as preocupações no mercado. Com a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA em novembro, espera-se um estímulo à produção de combustíveis fósseis e ao aumento da produção doméstica.
Apesar disso, o aumento da oferta global combinado com uma demanda asiática mais fraca resultou em um tom mais pessimista para as commodities energéticas no final do ano, preparando o mercado para uma transição em 2025.
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