A safra de café 2025 no Brasil revela um cenário de contrastes, com a produção de café arábica em queda e a do conilon em alta. Como um dos maiores produtores e exportadores do grão, a performance do Brasil influencia diretamente a oferta e os preços do mercado cafeeiro global, tornando-se um fator importante para todos os atores dessa cadeia.
Neste artigo, preparamos uma análise completa sobre o desempenho da safra de café 2025 e projeções para o próximo ciclo.
Vamos abordar:
Boa leitura!
Como um dos maiores produtores e exportadores de café do mundo, o desempenho do Brasil influencia diretamente a balança de oferta e demanda global. A safra de café 2025/26, finalizada em agosto, aponta para uma produção total de 64,7 Milhões de sacas, segundo a Hedgepoint. Destes, 37,7 M de sacas de Arábica e 27 M de sacas de conilon.
Essa relevância no mercado se manifesta de forma clara. Em 2024, o Brasil bateu um recorde no volume de café exportado. Enquanto a oferta global atual está restrita, a demanda mundial se mantém firme. Esse cenário amplifica ainda mais a importância do país no cenário cafeeiro.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), os estoques mundiais de café no início da safra 2025/26, por sua vez, estão em seu menor patamar dos últimos 25 anos, com apenas 21,8 milhões de sacas. Com isso, a produção brasileira se torna um fator estabilizador essencial para o mercado global.
A safra de café 2025 apresenta um cenário de recuperação para o conilon e desafios para o arábica. A safra de 2025/26 teve um leve acréscimo de 0,7% frente 2024/25, devido ao incremento de conilon (+30%), enquanto o Arábica recuou (-13,3%). Fatores climáticos, como estiagens prolongadas e a bienalidade influenciaram esses resultados distintos entre as culturas.
Essa queda deve-se principalmente ao ciclo de baixa bienalidade, além da redução na área em produção, uma vez que parte dos produtores optou por podar suas áreas, devido à expectativa de baixa produção. Deste modo, segundo a Conab, a produtividade do arábica também diminuiu em 9,9%, atingindo 23,7 sacas por hectare. Minas Gerais, a maior região produtora de arábica, enfrentou um longo período de seca em 2024 e um veranico em fevereiro e março de 2025, o que resultou em grãos com menor rendimento no beneficiamento.
Outras regiões produtoras de arábica também sentiram os efeitos adversos. São Paulo registrou uma redução de 12,9% na produção, atribuída à baixa bienalidade e à restrição hídrica combinada com altas temperaturas. O Espírito Santo, por sua vez, teve uma queda de 18,8% na produção de arábica.
Lá, a bienalidade negativa, produtores priorizaram a recuperação vegetativa das plantas em detrimento do potencial produtivo. As lavouras de arábica no Paraná e na Bahia, no entanto, apresentaram leves crescimentos na produção, beneficiadas por condições climáticas mais favoráveis ou entrada de novas áreas produtivas.
Em contrapartida, a produção de café conilon mostra uma recuperação notável, com uma estimativa de 27 milhões de sacas, um acréscimo de 37,2% em relação à safra passada. A produtividade do conilon cresceu expressivos 37%, alcançando 53,8 sacas por hectare, segundo a Conab.
Essa melhora é atribuída à regularidade climática durante as fases críticas de floração e formação de frutos, além da expansão de área nos últimos anos. O Espírito Santo, líder nacional em conilon, e a Bahia, registraram condições mais favoráveis. Isso levou a uma produtividade superior ao esperado.
Em Rondônia, a produção de conilon aumentou 10,4%, mesmo com irregularidades climáticas, devido ao avanço da área cultivada e à modernização genética. A colheita do conilon, iniciada em abril de 2025, já está praticamente concluída na maioria das regiões.
De janeiro a julho de 2025, o Brasil exportou 29,105 milhões de sacas, registrando US$ 11,049 bilhões no período., registrando os Estados Unidos e a Alemanha como os principais destinos. Os embarques geraram US$ 9 bilhões, o maior valor para o período, apesar de uma redução no volume exportado.
A Alemanha manteve a liderança nas importações de café do Brasil em outubro, com 654.638 sacas, seguida pela Itália, com 334.654 sacas. Ambos, porém, registraram quedas nas compras, de 16,9% e 23%, respectivamente. Já os Estados Unidos, no segundo mês de vigência das novas taxas, reduziram em 52,8% as importações em relação a setembro de 2024, adquirindo 332.831 sacas e caindo para a terceira posição no ranking mensal.
Apesar da redução de 18,4% no volume exportado em relação ao mesmo período de 2024. Esse crescimento se deve à alta nos preços internacionais do café, especialmente nos primeiros meses do ano. Entretanto, a menor disponibilidade de café arábica pode afetar os fluxos de comércio. As tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro também geram incerteza nos mercados futuros.
Com os estoques globais no menor patamar dos últimos 25 anos, em apenas 21,8 milhões de sacas para 2025/26, os resultados da safra brasileira de café se tornam ainda mais relevantes.
A redução na produção brasileira de arábica em 13,3% tem um efeito direto na oferta global desta variedade. A baixa nos estoques mundiais intensifica a sensibilidade do mercado a qualquer alteração na produção brasileira. Por outro lado, a recuperação do conilon, com aumento de 37,2% na produção, oferece um contraponto.
Essa produção contribui para equilibrar a oferta de robusta no mercado internacional. Contudo, uma parcela maior do conilon brasileiro deve ser direcionado ao consumo interno, o que pode limitar o volume exportado e abrindo espaço para outras origens, como Vietnã e Indonésia.
Essa dinâmica de oferta impacta diretamente os preços do grão. Além disso, ainda que em negociação, as atuais tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos ao café brasileiro, por exemplo, alteram os fluxos comerciais e a volatilidade dos preços globais. Isso pode levar o mercado norte-americano a buscar café em outras origens, como Colômbia e países da América Central.
A menor disponibilidade de arábica brasileiro, junto à diferença de preços frente ao robusta, altera a dinâmica da comercialização internacional. Assim, a demanda global por robusta tende a aumentar. Este panorama, somado aos baixos estoques e desafios logísticos, resulta em alta volatilidade nos preços.
As perspectivas para a safra de café 2026/27 no Brasil ainda são incertas, condicionadas fortemente pela evolução climática. A regularidade das chuvas nos próximos meses será crucial para o desenvolvimento dos "chumbinhos" e enchimento dos grãos. Contudo, o investimento dos produtores, impulsionado pelos preços elevados do café, sugere um potencial de recuperação para o próximo ciclo.
Para o café arábica, a recuperação do potencial produtivo dependerá diretamente das chuvas nos próximos meses, essencial para o desenvolvimento dos chumbinhos. Níveis elevados de precipitação, como os observados em abril de 2025, já contribuíram para a melhoria das condições dos cafeeiros, preparando o terreno para uma possível recuperação. Os produtores têm direcionado recursos para as lavouras, visando uma melhor performance futura.
No caso do conilon, a continuidade das chuvas favoráveis nas principais regiões produtoras, como Espírito Santo e sul da Bahia, é um sinal positivo para a safra 26/27.
No momento os cafezais também se encontram no desenvolvimento dos chumbinhos, com o enchimento dos grãos esperado para o fim do ano. Além disso, a expansão das áreas de cultivo de conilon nos últimos anos, com algumas já em produção para o próximo ciclo, promete impulsionar a oferta. Caso as condições climáticas permaneçam favoráveis, há uma expectativa de resultados positivos na próxima safra.
Diante da complexidade do mercado de commodities agrícolas como o café, a inteligência de mercado e dados confiáveis são decisivos.
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