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Safra de café no Brasil: estimativas para o ciclo 26/27

Escrito por Hedgepoint Global Markets | Dec 23, 2025 12:23:05 PM

 

A safra de café no Brasil em 2025 apresentou um cenário de contrastes, com a produção de café arábica em queda e a do conilon em alta, influenciada pela bienalidade negativa e por desafios climáticos, como estiagens prolongadas. No entanto, as projeções preliminares para o ciclo 2026/27 indicam um avanço significativo na produção total, sinalizando uma possível recuperação dos estoques globais, que estão em seu menor patamar dos últimos 25 anos.

 

Para esse próximo ciclo no Brasil, as estimativas apontam para uma colheita que pode atingir volumes recordes, impulsionada principalmente pela recuperação esperada para a variedade arábica. Esse cenário otimista é crucial, pois o desempenho do país, como um dos maiores produtores e exportadores mundiais, influencia diretamente a oferta, a demanda e os preços no mercado cafeeiro global.

 

Neste conteúdo, vamos abordar:

 

Boa leitura!

 

Qual foi o desempenho da safra de café no Brasil em 2025 e como isso impacta as projeções futuras?

 

A safra de café 2025/26 foi marcada por condições climáticas adversas e pela bienalidade negativa para o arábica, resultando em uma produção total estimada de 64,7 milhões de sacas, segundo a Hedgepoint. O volume total de café colhido na temporada 2025/26, segundo o USDA, deve ter uma leve diminuição de 2,0 milhões de sacas, indo para 63,0 milhões.

 

O arábica, que no ciclo anterior totalizou 37,7 milhões de sacas na estimativa Hedgepoint, enfrentou uma queda de 13,3% na produção devido principalmente ao ciclo de baixa bienalidade e à redução na área de produção, com produtores optando pela poda de suas áreas. 

 

A produtividade do arábica também diminuiu em 9,9%, atingindo 23,7 sacas por hectare, de acordo com a Conab. Minas Gerais, principal região produtora, sofreu com a seca prolongada em 2024 e um veranico no início de 2025, o que resultou em grãos com menor rendimento no beneficiamento. O Espírito Santo também registrou uma queda de 18,8% na produção de arábica.

 

O café conilon, por sua vez, demonstrou uma recuperação expressiva, com estimativa de 27 milhões de sacas pela Hedgepoint, representando um acréscimo de 37,2% em relação à safra passada. A produtividade do conilon cresceu 37%, alcançando 53,8 sacas por hectare, segundo a Conab, destacando o Espírito Santo como líder nacional nesse cultivo. A melhora no conilon deve-se à regularidade climática e à expansão da área, com Rondônia e Espírito Santo apresentando condições mais favoráveis. 

 

Esse desempenho contrastante entre as variedades de café define a base para as projeções otimistas da safra 2026/27, que tende a entrar em um ciclo de bienalidade positiva para o arábica.

 

Qual é o volume de produção esperado para a safra de café 2026/27 no Brasil?

 

A safra de café no Brasil para o ciclo 2026/27 tem uma produção total estimada pela Hedgepoint entre 71 e 74,4 milhões de sacas de café. Em linha com essa previsão, a consultoria Safras & Mercado estima preliminarmente um recorde de 71 milhões de sacas, com crescimento de 10,5% em relação ao ciclo anterior. Este crescimento é impulsionado pelo clima mais favorável comparado à seca no ciclo anterior.

 

As projeções para 2026/27 indicam que o aumento na produção total será majoritariamente impulsionado pelo café arábica, com diversas regiões entrando em bienalidade positiva, além do clima favorável após meados de outubro. A Hedgepoint projeta a produção de arábica entre 46,5 e 49 milhões de sacas, significativamente acima dos 37,7 milhões de sacas colhidas no ciclo 2025/26. A produção de arábica deve aumentar apoiada por novas áreas plantadas e melhoria no manejo das árvores, mas é improvável que atinja os níveis da safra 20/21.

 

Para o café conilon (robusta), a expectativa é de uma produção entre 24,6 e 25,4 milhões de sacas. Essa projeção representa uma queda de 6% a 9% em relação aos 27 milhões de sacas do ciclo 2025/26, mas ainda se mantém na faixa alta da produção. A redução é esperada após o ciclo forte anterior, no qual as plantas gastaram grande parte de sua energia. No entanto, a expansão das áreas cultivadas nos últimos anos, estimulada pelos preços altos desde 2023, compensa parcialmente o declínio esperado, com novas áreas entrando em produção neste ciclo.

 

Quais são os principais riscos e variáveis que podem limitar o potencial da safra de café 2026/27?

 

Apesar das projeções otimistas, a safra de café no Brasil 2026/27 está condicionada fortemente à evolução climática, que continua sendo um fator desafiador e incerto. A regularidade das chuvas nos meses cruciais de desenvolvimento, especialmente para o enchimento dos grãos (dezembro a março), será crucial para os números finais. Um período de seca de agosto até o início de outubro de 2025 criou incerteza e atrasou a floração do arábica, causando perdas em parte das primeiras flores.

 

Segundo o Conab, o cenário climático adverso, incluindo seca e calor intenso, tem sido recorrente e limita o potencial produtivo, mesmo em anos de bienalidade positiva. As "sequelas" das adversidades climáticas dos últimos anos ainda limitam o potencial produtivo da variedade arábica.

 

Além das questões climáticas, a variabilidade dos ciclos produtivos e a necessidade de renovação de lavouras mais antigas podem reduzir a resposta produtiva em diversas regiões.

 

A esfera global do mercado também introduz incertezas. Os estoques mundiais de café estão em patamares baixos, o que mantém a vulnerabilidade do mercado a qualquer adversidade climática que possa provocar picos de preços de curto prazo. 

 

Embora a remoção da maioria das tarifas dos EUA sobre o café brasileiro tenha levado a uma perspectiva mais pessimista no mercado de curto prazo, os estoques baixos nos destinos, incluindo os estoques certificados pela ICE, continuarão sendo um fator importante para os movimentos dos preços, mantendo algum suporte.

 

Qual o papel do gerenciamento de riscos no mercado de café no Brasil?

 

A safra de café no Brasil 2026/27 pode marcar um novo recorde histórico e restaurar a oferta global após ciclos desafiadores, mas a combinação de incertezas climáticas, volatilidade nos mercados financeiros e baixos estoques globais exige uma gestão de risco robusta. 

 

Os agentes da cadeia de commodities precisam adotar ferramentas de proteção para garantir previsibilidade, margens e decisões mais seguras diante de um panorama complexo. 

 

A Hedgepoint Global Markets oferece análises aprofundadas com inteligência de mercado e instrumentos de hedge para auxiliar na gestão de riscos e na tomada de decisões estratégicas.

 

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