Qual a situação da safra de trigo 24/25 no Brasil e na Argentina?

Saiba qual é o cenário da safra de trigo 24/25 no Brasil e na Argentina, com destaque para o que esperar da produção nos próximos meses.

16 de Maio de 2024

Hedgepoint Global Markets

Qual a situação da safra de trigo 24/25 no Brasil e na Argentina?

A safra de trigo 24/25 do Brasil e da Argentina é extremamente relevante para ambos os países. Afinal, eles mantêm uma relação comercial importante: os argentinos são os principais fornecedores de trigo para os brasileiros.

Há inúmeras variáveis que podem afetar o mercado de trigo dessas duas nações. Desafios climáticos e a própria oferta da Rússia impactam os preços e a tomada de decisões dos agricultores a nível mundial.

Com o objetivo de explicar as principais perspectivas da safra de trigo para Brasil e Argentina, convidamos os profissionais da Hedgepoint:

  • Sol Arcidiacono, Head of Grains LATAM.
  • Andrey Cirolini, Relationship Manager.
  • Alef Dias, Analista de Inteligência de Mercado.

Boa leitura!

Produção da Rússia influencia a safra de trigo no Brasil e na Argentina

Para entendermos o cenário do mercado de trigo no Brasil e na Argentina, precisamos compreender a situação na safra da Rússia. O país é o maior exportador dessa commodity no planeta.

As condições do ciclo de inverno no Hemisfério Norte estavam bastante positivas nos dois últimos meses. A estimativa é de um bom volume exportado, totalizando cerca de 50 milhões de toneladas, com grande oferta e aumento da área plantada. Porém, o clima da região está mudando e há preocupações em relação à umidade do solo:

Imagem Alef Dias, Analista de Inteligência de Mercado da hEDGEpoint.“Começou a chover menos na Rússia, com períodos de seca. Em geral, ainda temos a indicativa de bons suprimentos para o ciclo 24/25, mas há uma possível mudança nas próximas semanas e meses”, explica Alef Dias.

Na União Europeia, houve fortes chuvas no final de 2023 e início de 2024. A dinâmica comercial de países como Romênia e Bulgária foi comprometida, além da redução significativa no plantio de trigo da França.

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Brasil: menor área plantada e riscos climáticos

Com o fim do fenômeno El Niño no Brasil e probabilidade de La Niña durante o inverno, a produção se encaminha para um momento de transição. Nesse contexto, poderá ocorrer a seguinte situação:

“Existe o risco de maior seca durante o período em que a cultura está estabelecida. Contudo, diminui-se a chance de chuvas demasiadas, principalmente na colheita. Foi o que vimos ano passado no Rio Grande do Sul”, explica Cirolini.

Outro ponto de destaque é a redução na área plantada de trigo no país. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta recuo médio de 4,7% na área semeada em comparação à temporada anterior. A diminuição se deve majoritariamente devido ao Rio Grande do Sul e Paraná, pois ambos reduziram a área em cerca de 100 mil hectares.

“Em 2023, o produtor gaúcho enfrentou muitas chuvas durante a safra, com perda tanto de quantidade quanto de qualidade do trigo. Com um cenário mundial de bastante oferta de trigo, não houve uma compensação nos preços, configurando-se menor competitividade”, pondera o Relationship Manager da Hedgepoint.

Atualmente, o Rio Grande do Sul vive a sua maior tragédia climática da história. Será essencial acompanhar a repercussão dos eventos recentes e como irão repercutir na produção de trigo.

“O período normal de plantio na Região Sul é em meados de junho. Por isso, esperamos que os produtores não sejam fortemente impactados”, comenta Cirolini.

Alef Dias também reforça a importância de analisarmos como as enchentes irão afetar a área plantada:

“Precisaremos analisar como as condições climáticas que assolam o Rio Grande do Sul irão atingir a área plantada. Inicialmente, esperava-se menor área plantada, mas com melhor produtividade, o que gera a compensação na produção total”, explana.

Argentina: recuperação da umidade do solo traz boas perspectivas

A Argentina é o principal produtor de trigo na América do Sul. Segundo Sol Arcidiacono, a recuperação da umidade do solo e os menores preços de fertilizantes fortalecem as expectativas de uma boa safra:

“Esse é um ótimo começo e também observamos uma queda nos preços da ureia, utilizada na fertilização do trigo. Esses dois aspectos são fundamentais para o cálculo da margem do produtor, o que define as intenções de plantio”, pontua.

A ativação tardia do El Niño causou chuvas abundantes durante março e abril em toda a área agrícola do país. Assim, projeta-se uma recuperação drástica das reservas do perfil.

Porcentagem de água útil no perfil

Porcentagem de água útil no perfil

Fonte: SMN-INTA-FAUBA

Próximo da fase de plantio, apoiada também pela boa recuperação observada nos preços internacionais, a Argentina espera ver algum aumento na área, mais perto do recorde. O último número oficial foi revisto para 6,20 milhões de hectares (Bolsa de Cereais), a partir da ideia preliminar de 5,9 milhões de hectares, uma vez que o mercado e as condições climatéricas têm favorecido a decisão de plantação dos agricultores.

Evolução da área semeada de trigo

Evolução da área semeada de trigo

Fonte: Bolsa de Cereais

Os produtores argentinos se preparam para começar a plantar a partir de junho. Eles analisam, então, a umidade, os preços globais do trigo e também o valor dos insumos:

analista Sol Arcidiacono“Diante do cenário atual, esperamos uma recuperação de cerca de 50% na produção argentina em comparação com a média dos últimos 2 anos, que é aproximadamente 20 milhões de toneladas, o que impulsionaria a participação das exportações, com a necessidade de buscar outros destinos além do Brasil”, fala Arcidiacono.

Além disso, há a chance de diminuição da área plantada de milho devido aos possíveis efeitos do La Niña, pois podem ser mais intensos nesta cultura. Isso é um incentivo de certa forma para aumentar a plantação de trigo e plantação de soja no final da primavera/verão.

Nesse sentido, o clima e a rentabilidade econômica criam um panorama complexo para os produtores decidirem sobre o plantio de trigo.

Qual a relação entre o mercado de trigo do Brasil e da Argentina?

A evolução da safra brasileira de trigo influencia os agricultores argentinos, já que eles podem ter desvantagens competitivas se a produção do Brasil for substancialmente maior. Outro fator é o crescimento da importação de trigo russo pela nação brasileira.

Desde que a Argentina apresentou uma queda significativa em sua safra de trigo de 2023, a Rússia se tornou o segundo principal fornecedor da commodity para o Brasil, aumentando sua participação. Se o Brasil comprar menos trigo argentino, os produtores argentinos poderão expandir as vendas para países como Indonésia, Vietnã e Filipinas. Ou seja, estarão competindo com a Rússia e outros países da região do Mar Negro com preços historicamente mais baixos:

“Por exemplo, nos últimos dois anos, o Brasil apresentou safra recorde. Então, compensaram a menor oferta argentina”, explica a Head of Grains LATAM da Hedgepoint.

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A importância de compreender projeções da safra de trigo 24/25 para um bom gerenciamento de riscos de preços

Como você pode perceber, existem diversas expectativas relacionadas à produção de trigo na safra 24/25. Brasil e Argentina poderão enfrentar novos cenários à medida que o La Niña se confirmar.

Aliado a isso, fatores macroeconômicos e a oferta de trigo dos países do Mar Negro são aspectos-chave para a definição dos preços. Acompanhar todas as movimentações relevantes no mercado do trigo torna-se bastante desafiador.

Por isso, contar com inteligência de mercado e um time que entende sobre gerenciamento de riscos de preços faz toda a diferença aos negócios. A Hedgepoint tem um time de profissionais altamente conectados, com presença local e atuação global. Oferecemos análises de dados e relatórios completos, em conjunto com instrumentos de hedge sofisticados para proteger as operações da volatilidade.

Entre em contato com o nosso time e transforme riscos em oportunidades.

Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente com fins informativos e instrucionais, não tendo o propósito de estabelecer obrigações ou compromissos à terceiros, nem a intenção de promover uma oferta, ou solicitação de oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários, futuros, opções, moedas e swap ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral do HPGM, é uma Introducing Broker e um membro registrado do National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swap envolve riscos significativos de perdas e pode não ser adequado para todos os investidores. Performance anterior não é necessariamente indicativo de resultados no futuro. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e em consultores externos antes de entrar em qualquer transação que seja introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados expressamente não se responsabiliza por qualquer uso das informações contidas neste documento que resulte direta ou indiretamente em danos ou prejuízos de qualquer tipo. Em caso de questionamentos não resolvidos por nossa equipe de atendimento ao cliente ([email protected]), contate nosso canal de ombudsman interno ([email protected]) ou 0800-878 8408/[email protected] (somente para clientes no Brasil).

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