Entenda como o clima extremo, os problemas logísticos e as perspectivas econômicas afetam a produção de grãos e oleaginosas na Argentina.
A produção de cereais e oleaginosas da Argentina está enfrentando uma de suas melhores safras dos últimos anos, embora não tenha atingido níveis recordes como originalmente esperado. O ciclo 2024/25, que começou com boas expectativas, foi afetado por uma série de fenômenos climáticos.
Houve uma combinação de seca, ondas de calor intenso e, posteriormente, chuvas excessivas. Isso afetou diretamente a produtividade das lavouras, a dinâmica logística e as perspectivas comerciais do país, que é um dos maiores exportadores mundiais de soja e milho.
Neste artigo, você entenderá:
Para nos aprofundarmos na análise desse cenário, convidamos Antonella Ortiz, Gerente de Relacionamento com Clientes da Hedgepoint, que acompanha de perto a evolução da safra no país. Boa leitura!
Leia também:
O início do ciclo foi promissor. As condições de plantio, embora não ideais em termos de umidade, foram satisfatórias graças às chuvas que recuperaram a umidade do solo. Entretanto, janeiro e fevereiro trouxeram um estresse hídrico severo e temperaturas acima da média.
Justamente quando o mercado havia desistido da ideia de uma safra recorde, um novo fator climático surpreendeu a todos. Em meados de maio, uma tempestade extrema atingiu principalmente o norte da província de Buenos Aires.
"Tivemos uma precipitação fora do comum. Em algumas localidades, choveu o equivalente a toda a precipitação anual: até 400 milímetros em poucos dias", comenta Antonella. De acordo com o órgão governamental INTA, logo após o evento, foi observado excesso de água no solo em grande parte da área produtiva".
As enchentes prejudicaram a colheita e ameaçaram entre 2 e 3 milhões de toneladas de soja que ainda estavam nos campos. Embora mais de 80% da soja já tenha sido colhida, o restante foi afetado pela saturação do solo.
Leia também:
● Estresse hídrico nas culturas sul-americanas e seus padrões climáticos.
Até antes das fortes chuvas de maio, as estimativas de produção de soja eram otimistas. "As projeções anteriores ao evento eram de 50 milhões de toneladas pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires, enquanto a Bolsa de Valores de Rosário estimava 48,5 milhões", diz Antonella.
Apesar do impacto das enchentes, estimamos que o dano deveria ser relativamente limitado na safra total. Minha previsão era de 48 milhões de toneladas, como um piso. As projeções mais recentes, com a debulha quase concluída, são de 50,3 milhões de toneladas (Bolsa de Cereais de Buenos Aires) e 48,5 milhões de toneladas (Bolsa de Valores de Rosário).
Cabe destacar que "apesar dos danos localizados, a soja cresceu em área plantada nesta safra: mais de 17,75 milhões de hectares, o que representa um aumento de 7,9% em relação ao ciclo anterior, segundo a Bolsa de Comércio de Rosário", detalha.
O milho, por outro lado, já enfrentava desafios estruturais antes dos recentes fenômenos climáticos. A presença no milho da chamada "chicharrita" causou uma queda de quase 20% na área plantada. "Essa praga quebrou uma tendência de nove anos de crescimento contínuo na área dedicada ao milho", diz o especialista.
Mesmo assim, as fortes chuvas de maio tiveram um impacto muito menor sobre o milho, uma vez que grande parte da safra já havia sido colhida. Portanto, não eram esperados ajustes significativos nas projeções de produção, que permaneceram sólidas e atualmente indicam 48,5 milhões de toneladas (Bolsa de Valores de Rosário) e 49 milhões de toneladas (BCBA).
A redução do volume não foi o foco das preocupações, mas a qualidade dos grãos sim, devido ao excesso de umidade. A água estagnada por mais de três ou quatro dias pode estragar completamente alguns lotes. Felizmente, "o clima mais seco e frio que se seguiu ajudou a acelerar a drenagem e a conclusão da colheita", observa Antonella.
No transporte, os efeitos foram imediatos. "A rede rodoviária da Argentina foi gravemente afetada. O fluxo de caminhões para os portos foi reduzido em mais de 50% durante os dias críticos", lembra ela.
Para se ter uma ideia, antes das chuvas, os portos recebiam cerca de 3.000 caminhões de soja e 1.700 de milho por dia, um volume médio de acordo com a sazonalidade da colheita. Esses números caíram temporariamente.
Embora os impactos sobre a produção de cereais e oleaginosas na Argentina sejam localmente relevantes, seu peso no cenário mundial é limitado, especialmente no caso da soja. De acordo com os dados do relatório de junho do USDA, as reservas mundiais de soja são abundantes, com projeções de 124,2 milhões de toneladas para 2024/25, número que deve aumentar para 125,3 milhões na safra seguinte.
Diante desse cenário, a perda potencial de 2 a 3 milhões de toneladas na Argentina não deve gerar grandes distorções nos preços internacionais. O efeito mais direto será sobre a produção de subprodutos, como farelo e óleo de soja, uma vez que o país está focado no setor de processamento.
No caso do milho, a situação é semelhante. A demanda interna da Argentina está estável em torno de 14,5 milhões de toneladas. Portanto, o saldo exportável funciona como uma variável de ajuste em caso de possíveis quedas. No entanto, a oferta mundial abundante, com os EUA plantando uma área recorde e o Brasil colhendo mais de 130 milhões de toneladas, ajuda a equilibrar o mercado.
Os riscos climáticos imediatos parecem estar sob controle. Com relação à próxima safra, "não há sinais claros de El Niño ou La Niña, o que favorece um cenário de neutralidade climática", diz Antonella.
Com relação à temporada atual, a colheita da soja está quase concluída, de acordo com a Bolsa de Cereais, em 19 de junho, estimava-se que 96,5% da área havia sido colhida. O trabalho restante está concentrado no centro de Buenos Aires, onde as condições de alagamento ainda dificultam o acesso das máquinas.
No restante da região central, o clima frio recente ajudou a secar os lotes de terra. As geadas recentes podem até ajudar a reduzir a população de cigarrinhas, o que diminui o risco para o milho de 2025.
O maior fator de incerteza continua sendo o macroeconômico: a taxa de câmbio, o acesso ao crédito e o retorno dos impostos retidos na exportação (em 1º de julho termina a queda transitória) devem influenciar as decisões de investimento e plantio.
Apesar de não ter alcançado uma safra recorde, a produção de cereais e oleaginosas da Argentina continua sólida após superar importantes desafios climáticos e logísticos. Esse cenário reforça a resiliência do setor agrícola argentino.
Ao analisar o contexto atual da Argentina, fica clara a importância de levar em conta não apenas as variáveis climáticas, mas também as econômicas. Se você deseja entender como essas forças impactam seus negócios, a Hedgepoint Market Intelligence pode ser sua melhor aliada.
Tenha acesso a análises aprofundadas, insights estratégicos e dados que o ajudarão a antecipar os movimentos do mercado, proteger seus negócios e maximizar as oportunidades. Acesse nossa inteligência de mercado e transforme dados em planejamento.
Leia mais:
A análise da Hedgepoint para o mercado agrícola global após o relatório WASDE.
___________________________________________________________________________________________________________________________________
Rua Funchal, 418, 18º andar - Vila Olímpia São Paulo, SP, Brasil
Contato
(00) 99999-8888 example@mail.com
Section
Home
O que Fazemos
Mercado
Quem Somos
HUB
Blog
Esta página foi preparada pela Hedgepoint Schweiz AG e suas afiliadas (“Hedgepoint”) exclusivamente para fins informativos e instrutivos, sem o objetivo de estabelecer obrigações ou compromissos com terceiros, nem de promover uma oferta ou solicitação de oferta de venda ou compra de quaisquer valores mobiliários, commodity interests ou produtos de investimento.
A Hedgepoint e suas associadas renunciam expressamente a qualquer uso das informações contidas neste documento que direta ou indiretamente resulte em danos ou prejuízos de qualquer natureza. As informações são obtidas de fontes que acreditamos serem confiáveis, mas não garantimos a atualidade ou precisão dessas informações.
O trading de commodity interests, como futuros, opções e swaps, envolve um risco substancial de perda e pode não ser adequado para todos os investidores. Você deve considerar cuidadosamente se esse tipo de negociação é adequado para você, levando em conta sua situação financeira. O desempenho passado não é necessariamente indicativo de resultados futuros. Os clientes devem confiar em seu próprio julgamento independente e/ou consultores antes de realizar qualquer transação.
A Hedgepoint não fornece consultoria jurídica, tributária ou contábil, sendo de sua responsabilidade buscar essas orientações separadamente.
A Hedgepoint Schweiz AG está organizada, constituída e existente sob as leis da Suíça, é afiliada à ARIF, a Associação Romande des Intermédiaires Financiers, que é uma Organização de Autorregulação autorizada pela FINMA. A Hedgepoint Commodities LLC está organizada, constituída e existente sob as leis dos Estados Unidos, sendo autorizada e regulada pela Commodity Futures Trading Commission (CFTC) e é membro da National Futures Association (NFA), atuando como Introducing Broker e Commodity Trading Advisor. A Hedgepoint Global Markets Limited é regulada pela Dubai Financial Services Authority. O conteúdo é direcionado a Clientes Profissionais e não a Clientes de Varejo. A Hedgepoint Global Markets PTE. Ltd está organizada, constituída e existente sob as leis de Singapura, isenta de obter uma licença de serviços financeiros conforme o Segundo Anexo do Securities and Futures (Licensing and Conduct of Business) Act, pela Monetary Authority of Singapore (MAS). A Hedgepoint Global Markets DTVM Ltda. é autorizada e regulada no Brasil pelo Banco Central do Brasil (BCB) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A Hedgepoint Serviços Ltda. está organizada, constituída e existente sob as leis do Brasil. A Hedgepoint Global Markets S.A. está organizada, constituída e existente sob as leis do Uruguai.
Em caso de dúvidas não resolvidas no primeiro contato com o atendimento ao cliente (client.services@hedgepointglobal.com), entre em contato com o canal de ouvidoria interna (ombudsman@hedgepointglobal.com – global ou ouvidoria@hedgepointglobal.com – apenas Brasil) ou ligue para 0800-8788408 (apenas Brasil).
Integridade, ética e transparência são valores que guiam nossa cultura. Para fortalecer ainda mais nossas práticas, a Hedgepoint possui um canal de denúncias para colaboradores e terceiros via e-mail ethicline@hedgepointglobal.com ou pelo formulário Ethic Line – Hedgepoint Global Markets.
Nota de segurança: Todos os contatos com clientes e parceiros são realizados exclusivamente por meio do nosso domínio @hedgepointglobal.com. Não aceite informações, boletos, extratos ou solicitações de outros domínios e preste atenção especial a variações em letras ou grafias, pois podem indicar uma situação fraudulenta.
“Hedgepoint” e o logotipo “Hedgepoint” são marcas de uso exclusivo da Hedgepoint e/ou de suas afiliadas. O uso ou reprodução é proibido, a menos que expressamente autorizado pela HedgePoint.
Além disso, o uso de outras marcas neste documento foi autorizado apenas para fins de identificação. Isso, portanto, não implica quaisquer direitos da HedgePoint sobre essas marcas ou implica endosso, associação ou aprovação pelos proprietários dessas marcas com a Hedgepoint ou suas afiliadas.
aA Hedgepoint Global Markets é correspondente cambial do Ebury Banco de Câmbio, de acordo com a resolução CMN Nº 4.935, DE 29 DE JULHO DE 2021, Artigo 14 do Banco Central do Brasil (BACEN).
Para mais informações sobre nosso parceiro, serviços disponíveis, atendimento e ouvidoria, acesse o link a seguir: https://br.ebury.com/