Valor do cacau: o que explica o cenário atual de oferta e demanda?

O mercado global de cacau enfrenta um momento de desafios significativos, marcado pela combinação de preços historicamente altos e uma demanda em retração. Este cenário reflete tendências econômicas globais, como a inflação persistente, mudanças nos padrões de consumo e questões relacionadas à oferta limitada da commodity.

Para agentes da cadeia, como produtores, exportadores, traders e indústrias, entender os fatores que influenciam a dinâmica da demanda é essencial para uma atuação estratégica. Tais fatores redefinem o equilíbrio no mercado de cacau, o que traz impactos relevantes tanto para os preços quanto para decisões de longo prazo no ciclo de valor.

Com menor oferta das amêndoas e o custo elevado da matéria-prima, os efeitos se propagam em diferentes níveis do setor. Por isso, este artigo explora, de forma detalhada:

• Os fatores responsáveis pela queda na demanda de cacau globalmente;
• A relação entre demanda enfraquecida e o valor do cacau no mercado de commodities;
• As perspectivas futuras para a recuperação da demanda e desafios do mercado;
• Instrumentos estratégicos para proteção contra a volatilidade nos preços.

Boa leitura!

Por que a demanda global por cacau está mais fraca?

A queda da demanda global por cacau se explica por uma série de condições macroeconômicas e mudanças comportamentais nos mercados consumidores.

Além disso, os preços do cacau, que permanecem em patamares historicamente altos mesmo após recentes correções, levaram as indústrias a repassar parte dos custos da matéria-prima ao consumidor final. Índices de preços ao consumidor em grandes mercados como Europa e EUA apontam aumentos sucessivos nos produtos derivados do cacau.

Esse encarecimento vem afetando a demanda global. Dados trimestrais de moagem registraram queda na Ásia, Europa e América do Norte. O movimento é confirmado pelos resultados financeiros de grandes fabricantes de chocolates, que reportaram retração nas vendas diante dos preços elevados da commodity.

Outro fator determinante é a oferta limitada da commodity. A produção do ciclo 2024/25 segue sob forte pressão devido a desafios climáticos e estruturais enfrentados pelos principais países produtores. Gana e Costa do Marfim, por exemplo, lidaram com condições adversas, incluindo seca durante o desenvolvimento dos frutos da safra intermediária na Costa do Marfim. Além disso, problemas estruturais, sem perspectiva de solução no curto prazo, continuam limitando a oferta global.

Apesar dos sinais de desaceleração na demanda, o cenário de oferta permanece apertado. Os reflexos são sentidos principalmente pelas indústrias, que precisam lidar com o repasse parcial dos custos elevados da matéria-prima e rever estratégias para manter a competitividade.

Como o enfraquecimento da demanda afeta o valor do cacau?

A relação entre demanda e preço no mercado de commodities é direta. Quando a demanda diminui, os preços tendem a recuar ou se estabilizar, mesmo que a oferta também esteja limitada.

No caso do cacau, sinais dessa dinâmica começaram a aparecer nos últimos meses. Apesar das cotações seguirem historicamente elevadas e oscilando bastante, o consumo mais fraco já pode desacelerar novas contratações no mercado futuro. Porém, o cenário atual de oferta e demanda ainda contribuem para a volatilidade do setor.

O mercado futuro de cacau apresentou movimentos significativos entre fundos especulativos e processadores. A baixa atratividade dos vencimentos mais longos tem reduzido a liquidez da curva e reforça a percepção de cautela entre os agentes.

Além disso, fatores externos aumentam a volatilidade. Políticas comerciais, como as tarifas impostas pelos Estados Unidos, também entram no radar, já que o país tem peso relevante na demanda global por cacau. Esses movimentos, somados às flutuações cambiais, contribuem para um cenário de maior instabilidade nos preços.

Para produtores, a volatilidade eleva os riscos financeiros, podendo comprometer investimentos futuros, enquanto as indústrias enfrentam desafios de manter competitividade. Nesse momento, entender o comportamento dos preços no mercado global torna-se uma prioridade.

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Como os eventos climáticos e regulatórios podem impactar o mercado de cacau?

As condições climáticas desempenham um papel crucial na produção de cacau e, consequentemente, nas variáveis de oferta e preço. Áreas produtoras, como a África Ocidental, enfrentam secas e períodos de instabilidade pluviométrica mais frequentes nos últimos anos. Isso impacta diretamente o rendimento das safras e pode agravar a limitação de oferta projetada para os próximos ciclos.

Outro fator com potencial de impacto são mudanças regulatórias no setor de alimentos. Demandas relacionadas à rastreabilidade e sustentabilidade das cadeias aumentam custos operacionais, especialmente para pequenos e médios produtores. O alinhamento às novas regras pode trazer implicações para mercados exportadores, o que afeta até mesmo negociações bilaterais.

Nesse contexto, o Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR) surge como um elemento adicional de pressão. A norma, que busca restringir a entrada de produtos associados ao desmatamento, pode limitar o acesso de parte do cacau africano ao mercado europeu, afetando a demanda e reconfigurando os fluxos comerciais.

Esses fatores reforçam a necessidade de maior atenção no ciclo. Monitorar variáveis climáticas e criar alternativas às exigências regulatórias são passos essenciais para se preparar para o futuro.

Quais são as perspectivas para o mercado de cacau nos próximos meses?

As cotações do cacau continuam elevadas e ainda pesam sobre a demanda. Esse cenário limita uma retomada mais forte do consumo, mesmo com uma melhora no ambiente macroeconômico.

Além disso, o crescimento de economias emergentes pode ser um fator a contribuir com a demanda. Regiões como o Sudeste Asiático apresentam um apetite crescente por chocolates, mesmo em formatos mais populares e acessíveis. Essa tendência pode reequilibrar parte do consumo global, criando novos fluxos de exportação.

Outro ponto é o papel da inovação no processo de recuperação. Grandes indústrias têm diversificado seus produtos para reduzir perdas diante da queda nos volumes de venda. Isso busca atrair um público mais amplo, o que pode impulsionar a demanda.

A Hershey’s, por exemplo, tem diversificado seus produtos para reduzir o impacto da queda nos volumes de venda causada pelos custos elevados de cacau. No segundo trimestre de 2025, apesar do aumento da receita, a margem da divisão de confeitaria caiu. Para mitigar isso, a empresa aposta em pacotes menores, reformulação e maior oferta de snacks sem chocolate.

No entanto, desafios persistem. A imposição de tarifas comerciais em mercados centrais aumenta os desafios para o fluxo global de comércio, enquanto eventos climáticos extremos continuam a ameaçar a produção. Com incertezas sobre oferta e demanda, o mercado segue em um cenário de forte volatilidade, exigindo atenção redobrada de todos os elos da cadeia.

Hedgepoint HUB: como se preparar para a volatilidade no valor do cacau?

A volatilidade nos preços do cacau exige estratégias que combinem preparação e informação. Produtores, indústrias e traders podem se proteger utilizando ferramentas de hedge adequadas ao contexto de mercado. Isso reduz riscos e otimiza a gestão financeira.

Entre as melhores práticas, destacam-se:

• Monitoramento contínuo de indicadores econômicos e tendências globais de consumo;
• Uso de instrumentos de hedge para mitigar o impacto das oscilações de preços;
• Inteligência de mercado com análises detalhadas da cadeia do cacau para ajustar posições de compra e venda.

A HedgePoint Global Markets oferece esse conjunto de serviços e te auxilia nessa preparação. Conheça o HedgePoint HUB e tenha acesso a dados, relatórios e ferramentas avançadas para melhorar sua tomada de decisão. Conte com mais segurança frente à volatilidade e incertezas do mercado de cacau.

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