Soja 2025/26: O que esperar da nova safra no Brasil?

Safra 25/26 de soja no Brasil: Expectativa de recorde de produção, desafios do clima e oportunidades no mercado de commodities.

Hedgepoint Global Markets
Oct 13, 2025 12:44:36 PM

 

Com o fim da colheita da segunda safra de milho em diversos estados brasileiros, foi dada a largada para a safra 2025/26 de soja. As projeções apontam para uma safra recorde de até 178 milhões de toneladas no Brasil. Contudo, a previsão da ocorrência do fenômeno La Niña, com 71% de probabilidade de ocorrer entre outubro e dezembro, traz preocupação para as condições climáticas e o risco de chuvas abaixo da média no Sul do país.

 

Neste conteúdo, você encontra:

 

Boa leitura!

 

Qual a importância da soja para a economia global e brasileira?

 

A soja desempenha um papel fundamental na economia brasileira e mundial, por ser uma das commodities agrícolas mais negociadas. Ela sustenta cadeias produtivas extensas, desde a alimentação animal até a indústria de biocombustíveis. 

 

No contexto global, o Brasil se consolidou como o maior país produtor e exportador de soja. Dessa forma, as oscilações da produção brasileira impactam diretamente os preços e a oferta no mercado internacional.

 

Como está o panorama atual da safra 25/26 de soja no Brasil?

 

A safra de soja 2025/26 no Brasil está cercada por expectativas de um novo recorde. As projeções iniciais da Hedgepoint estimam uma produção de 178 milhões de toneladas, o que consolidaria um novo patamar para a produção nacional, que em 2024/25 atingiu 171,6 milhões de toneladas. O USDA, por sua vez, projeta uma produção ligeiramente menor, mas ainda expressiva, de 175 milhões de toneladas.

 

O avanço na área plantada é um dos pilares para essas projeções. De acordo com Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado de Grãos & Oleaginosas da Hedgepoint, a estimativa é de um aumento para 48,2 milhões de hectares plantados, ou 1,2% em comparação com os 47,7 milhões do ciclo anterior, reforçando a expansão contínua da cultura no país. A produtividade média nacional também é esperada para ser elevada, em torno de 3,69 toneladas por hectare, superando os resultados da temporada passada (3,60 toneladas por hectare).

 

De forma similar, o USDA projeta um crescimento de cerca de 3% na área plantada, alcançando 49,1 milhões de hectares, enquanto a produtividade deve chegar a 3,59 toneladas por hectare. 



Regiões produtoras

 

O plantio da safra 25/26 já começou a evoluir em estados como Paraná e Mato Grosso, embora tenha havido um pequeno atraso inicial devido à falta de chuvas mais amplas. No entanto, esse atraso não gera grande preocupação em relação à janela de semeadura. Até 19 de setembro, 1,2% da área de soja projetada para o Brasil já estava plantada, um percentual superior aos 0,5% do mesmo período do ano anterior e alinhado com a média das últimas cinco safras de 1,1%, segundo avaliação da Hedgepoint. 

 

De acordo com o portal Mais Agro, as projeções regionais para a safra 25/26 apontam para:

 

  • Centro-Oeste: Deve manter sua posição como principal polo produtor. O estado do Mato Grosso, em particular, projeta semear cerca de 13,08 milhões de hectares, um aumento de 1,7% sobre a safra anterior.

  • Estados do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia): Tendem a continuar expandindo a cultura da soja, com abertura de novas áreas e investimentos em tecnologia.

  • Sul do Brasil: A expectativa é de recuperação na produtividade, caso as condições climáticas sejam favoráveis, especialmente após as frustrações em safras recentes no Rio Grande do Sul e em partes do Paraná.

Quais os principais riscos e incertezas para a safra 25/26?

Apesar das estimativas positivas para a produção brasileira, a safra 2025/26 de soja enfrenta desafios significativos, principalmente relacionados ao clima e aos custos de produção.

 

Clima

 

O principal ponto de atenção climática é a possível ocorrência do fenômeno La Niña. A Gerente de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, Thais Italiani, destacou que há chances de confirmação do La Niña nos próximos meses, o que pode provocar um clima mais seco no Sul do Brasil e na Argentina, impactando diretamente a produtividade. 

 

A última atualização da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) aponta uma probabilidade de 71% de o La Niña se desenvolver entre outubro, novembro e dezembro. O fenômeno tende a trazer chuvas abaixo da média para a Região Sul, colocando em risco lavouras do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

 

Além disso, temperaturas acima da média são esperadas em praticamente todo o país, especialmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Para novembro, o clima parece mais misto, com chuvas próximas da normalidade em estados como Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia, mas abaixo da média em Mato Grosso do Sul e São Paulo. As temperaturas elevadas devem continuar, mas em patamares menos intensos que em outubro.

 

Custos e rentabilidade 

 

A rentabilidade é uma incerteza considerável para a safra 25/26, com margens por hectare mais apertadas. De acordo com análises da CNA/CEPEA, apesar da estabilidade no Custo Operacional Efetivo (COE), a margem bruta pode cair drasticamente. Produtores em área própria podem ver a margem recuar 47,6% (de R$ 2.325/ha para R$ 1.219/ha), enquanto em área arrendada, a margem pode se tornar negativa em -R$ 229/ha.

 

Essa queda nas margens é impulsionada pela projeção de um preço da soja 13,3% menor em março de 2026 comparado ao ciclo anterior. Além disso, houve um aumento expressivo de 17,7% nos fertilizantes, apesar de reduções em defensivos e sementes. Assim, o custo total de produção ainda é ligeiramente maior (+0,4%), resultando em um ciclo mais desafiador para a rentabilidade dos produtores de soja.

 

Quais os impactos nos mercados interno e externo?

 

A dinâmica dos mercados, tanto interno quanto externo, será crucial para a safra 2025/26, sendo influenciada por um cenário mundial de grande oferta de soja e tensões geopolíticas.

 

O cenário internacional deve ser marcado por uma oferta global abundante. As projeções de setembro do USDA indicam um novo recorde de produção mundial em 2025/26, com 425,9 milhões de toneladas, mantendo os estoques globais confortáveis em 124 milhões de toneladas. Essa fartura de soja tende a manter os preços pressionados, com o próprio USDA projetando um preço médio de US$ 10,00 por bushel na Bolsa de Chicago para a temporada 2025/26.

 

Geopoliticamente, há um grande fator:

 

  • Guerra Comercial EUA x China: A China, devido às novas tarifas impostas pelos EUA, congelou as compras de soja norte-americana e passou a priorizar o Brasil como fornecedor. Dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que de janeiro a setembro de 2025 o Brasil exportou 77% de toda a sua soja para a China, evidenciando o aumento da dependência chinesa da soja brasileira.

  • "Tarifaço" dos EUA ao Brasil: Os Estados Unidos impuseram uma tarifa extraordinária de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto de 2025. Em resposta, o Brasil busca saídas diplomáticas e intensifica a diversificação de mercados, focando na Ásia, Oriente Médio e Europa. 

Apesar das pressões externas sobre os preços, a demanda interna e externa por soja brasileira permanece alta. A China deverá elevar suas compras para cerca de 112 milhões de toneladas em 2025/26. O Brasil, por sua vez, projeta exportar cerca de 112 milhões de toneladas na temporada, consolidando-se como maior exportador mundial.

 

Internamente, a demanda pelo complexo soja também está aquecida. A capacidade de esmagamento no país cresce, com a projeção de processar 59,5 milhões de toneladas de soja em 2025, segundo a Hedgepoint. Esse processamento recorde é essencial para suprir o mercado doméstico de farelo e óleo, incluindo o biodiesel, cujo mandato de mistura está em 15%, com expectativa de novo aumento no futuro.

 

Desafios e oportunidades da safra da soja 2025/26

 

A safra 25/26 apresenta um cenário complexo para os produtores brasileiros de soja, que exigirá inteligência e estratégia. Entre as oportunidades, podemos destacar a robusta demanda chinesa pela soja brasileira, impulsionada pela guerra comercial EUA-China, e a diversificação de mercados que o Brasil tem buscado. 

 

Já os desafios incluem a pressão sobre os preços internacionais devido à oferta global abundante, margens de lucro mais apertadas e os riscos climáticos associados ao La Niña. 

 

Para navegar com sucesso neste ambiente desafiador e proteger-se da volatilidade, a Hedgepoint oferece dados e análises detalhadas do mercado, combinados com ferramentas de hedge para uma gestão eficiente de riscos. 

 

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