Setembro é um mês festivo na cultura gaúcha pois celebra a Revolução Farroupilha, acontecida entre 1835 e 1845. O Rio Grande do Sul é rico em tradições que relembram suas origens, principalmente relacionadas aos seus colonizadores. A agricultura local foi altamente influenciada por seus imigrantes, de grande parte européia. Jovens agricultores chegaram ao estado para cultivar áreas férteis, criando uma base forte para o setor primário local. 

Ainda hoje, a agricultura representa grande parte da economia gaúcha. No Rio Grande do Sul, a produção agropecuária corresponde a 40% do PIB e impulsiona 30% da produção industrial. Neste texto, vamos entender a importância do setor para o estado, dados de produção e exportação, como anda a recuperação após as enchentes e mais. Boa leitura!

O poder da agricultura no Rio Grande do Sul

Segundo o Painel do Agronegócio no Rio Grande do Sul 2024, existem 365.094

estabelecimentos agropecuários no estado, perfazendo uma área de 21,7 milhões de hectares. Deste espaço, 36% são utilizados por lavouras permanentes e temporárias. Veja mais nos dados abaixo:

Uso do solo nos estabelecimentos agropecuários do Rio Grande do Sul:

Fonte: Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2020).

O estado gaúcho é a quinta maior economia do Brasil pelo tamanho do Produto Interno Bruto (PIB). Conforme dados do IBGE para o ano de 2021, o PIB do RS chegou a R$581 bilhões, representando 6,5% do PIB nacional. O setor agropecuário teve 14,9% de participação destes dados. 

Em 2023, a soja foi a matéria-prima mais produzida na agricultura gaúcha, com quase 13 milhões de toneladas. Veja os levantamentos mais recentes sobre esse setor no estado:

Fonte: IBGE

Em 2021, o Rio Grande do Sul contribuiu com 12,7% do total do Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária brasileira. Essa performance colocou os gaúchos na segunda posição do ranking VAB agropecuário nacional.  Entre 2010 e 2021, a participação média da agricultura no VAB local foi de 72%, além de 22% da pecuária e 6% da produção florestal, pesca e aquicultura. Veja mais detalhes no gráfico abaixo:

Fonte: Sistema de Contas Regionais (IBGE, 2024c).

O Rio Grande do Sul também tem um papel relevante nas exportações agrícolas do Brasil. A conhecida importância do estado nas exportações está diretamente associada ao agronegócio. O setor respondeu por 72,9% do total das vendas externas do RS em 2023. 

De acordo com a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão do RS, os principais produtos exportados pelo RS em 2023 foram:

• Soja em grão (US$ 4,05 bilhões);
• Fumo não manufaturado (US$ 2,29 bilhão);
• Farelo de soja (US$ 1,81 bilhão);
• Carne de frango (US$ 1,45 bilhão);
• Cereais (US$ 1,41 bilhão);
• Celulose (US$ 832,6 milhões);
• Carne suína (US$ 637,4 milhões).

A China está entre os principais destinos dos produtos do agronegócio gaúcho no 2º trimestre de 2024. O país asiático é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e o estado gaúcho tem alta importância no abastecimento alimentar desta nação. Veja outros destinos para os produtos agrícolas do RS:

• China, com 34,1% das exportações;
• União Europeia, com 12,7% das exportações;
• Estados Unidos, com 6,2% das exportações;
• Coreia do Sul, com 3,4% das exportações.

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Os efeitos das enchentes na agricultura gaúcha

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou fortes chuvas e enchentes em toda a área do estado. Cidades inteiras foram inundadas e lavouras completamente destruídas, resultando em danos econômicos profundos. 

Segundo o Painel do Agronegócio 2024 do RS, foram registrados 929 eventos de precipitação extrema entre junho de 2023 e junho de 2024. 70% destas ocorrências foram relatadas neste ano, o que também prejudicou o cultivo e a colheita agrícola. Conforme o governo do estado, mais de 206 mil propriedades rurais foram afetadas pelas enchentes. 

Fonte: Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (Brasil, 2024c).

Na agricultura, o Painel do Agronegócio 2024 relata que os principais impactos foram registrados nas áreas plantadas e ainda não colhidas da safra de verão. De acordo com o documento, a maior parte das lavouras já haviam sido colhidas antes das enchentes, porém as remanescentes foram fortemente afetadas. 

Na soja, ainda restava um quarto da área plantada para colher e a perda estimada neste cultivo foi de 2,7 milhões de toneladas. A cultura do milho registrou prejuízos em 244 municípios. No arroz, ainda restavam 89.931 hectares a serem colhidos, sendo que 22.952 hectares foram totalmente perdidos. Veja o quadro completo abaixo:

Fonte: Emater-RS/Sistema de Levantamento de Perdas (Sisperdas).

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As perspectivas gaúchas para as próximas safras

Apesar do desastre climático, a agricultura do estado riograndense já está em processo de recuperação. A previsão da Conab no Boletim de safra de grãos é de que o RS terá um aumento significativo na produção de grãos, tanto nas safras de inverno como nas de verão. Segundo a instituição, as lavouras semeadas dentro do período recomendado alcançaram produtividade bem acima da média. 

O levantamento também prevê que essa temporada agrícola pode ser a segunda maior colheita de grãos do estado gaúcho, alcançando a produção de 37,1 milhões de toneladas. Veja as informações da Conab para as principais culturas do RS:

Soja 

Lavouras com bom suprimento hídrico em todo o ciclo. O estado apresenta uma forte recuperação nas produtividades em relação às duas últimas safras.

Arroz

A produtividade média foi inferior ao projetado no início da safra. Porém, as lavouras semeadas dentro do período recomendado alcançaram produtividade bem acima da média. Segundo o IBGE, o Rio Grande do Sul será responsável por 69,3% da produção de arroz nacional em 2024. 

Milho

O Rio Grande do Sul apresentou um desempenho superior ao da safra passada, com produtividade de 5.952 kg/ha, 32,6% a mais do que em 2022/23. As chuvas no começo de setembro favoreceram a ampliação da semeadura, já alcançando 37% da área projetada para 2024/2025.

Trigo

O clima após as enchentes favoreceu a produção do trigo gaúcho. Os dias mais secos que ocorreram a partir da segunda quinzena de julho propiciaram boa condição fitossanitária das plantas. Contudo, a maior parte das lavouras de trigo ainda estão em fase reprodutiva: (38% em floração e 19% em enchimento de grãos). Além disso, a Secretaria de Agricultura do RS relata que 43% das lavouras ainda estão em desenvolvimento vegetativo. 

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