O que esperar da Safra 2023/2024 da cana-de-açúcar
O Brasil é o líder absoluto na produção de açúcar, exportando mais do que todos os países exportadores do hemisfério Norte juntos. Por isso, há sempre grandes expectativas sobre como será o clima para saber se a safra terá bons resultados.
Os números mais recentes, são positivos, mostrando uma recuperação para valores anteriores a quebra de 21/22 . “Houve uma grande quebra na safra 21/22. Em 22/23, tivemos recuperação parcial. Este ano, há a expectativa de que a produção da região Centro Sul, responsável por 90% da produção brasileira, deve se aproximar de valores pré quebra ”, explica a Coordenadora de Inteligência de Mercado e especialista em Açúcar e Etanol da hEDGEpoint, Lívea Coda.
Para este ano, a projeção é de chegar a 595 milhões de toneladas de cana. No ano passado, foram 548,2 milhões. Lívea explica que isso ocorreu devido às secas provocadas pelo efeito La Niña, em 2021/2022. A produção de sacarose foi alta, porém as geadas e queimadas, características do tempo seco, prejudicaram boa parte da cana-de-açúcar. “Diferente de uma safra de soja, que é totalmente colhida e depois plantada novamente, a cana-de-açúcar leva cortes, mas continua lá. Assim, não é de um ano pro outro que ela se recupera totalmente, pois foi muito prejudicada e precisa se renovar”, explica.
Neste ano, por outro lado, temos previsão do fenômeno El Niño impactando na agricultura mundial. Veremos, a seguir, quais podem ser os impactos na produção de açúcar e outras perspectivas do mercado.
Como funciona o mercado do açúcar?
No Brasil, a safra da cana-de-açúcar começa na primeira quinzena de abril e vai até março do ano seguinte. Os outros grandes produtores de cana-de-açúcar estão localizados no hemisférios Norte. Então, a safra ocorre de outubro a setembro do próximo ano.
Sendo assim, o país supre a demanda mundial por boa parte do ano de forma intercalada com o hemisfério oposto. Assim, quando o clima está dentro do padrão e todos estão com boas produções, há açúcar o ano inteiro, pois uma safra complementa a outra.
Normalmente o clima do Centro-Sul do país, onde se concentra a maior parte da produção brasileira, é seco no inverno. Isso favorece a produção de sacarose, fazendo com que seja possível extrair mais açúcar da cana. Mas se ocorre um inverno chuvoso, como é a previsão, pode prejudicar a qualidade dessa cana.
Outra variável que contribui para a quantidade de açúcar produzido diz respeito a outro processo: o de moagem nas usinas. O usineiro decide se vai transformar em açúcar ou etanol, analisando qual será o caminho mais vantajoso para ele. “No momento atual, o açúcar está pagando mais do que o etanol no mercado, gerando uma tendência de maximização da produção do adoçante”, aposta Lívea.
Chuvas intensas no inverno podem adicionar um teto ao mix açúcar. Por prejudicar a qualidade da cana, interferindo na concentração de sacarose, uma parte maior de cana do que o inicialmente planejado pelas usinas pode ser convertida em etanol.
Perspectivas futuras para o açúcar
A safra atual carrega a expectativa de ser a grande recuperação pós quebra de 21/22. Com uma safra de cana-de-açúcar esperada em 595 milhões de toneladas, aponta-se para uma safra max sugar, com até 48% de açúcar produzido.
Este número é muito alto levando em conta a limitação das usinas e a qualidade da cana. Estima-se 137.8 quilogramas de ATR (açúcar total recuperável) por tonelada. No ano passado, tivemos 140 de ATR, porém com uma safra menor de cana-de-açúcar, e, portanto, um volume reduzido de açúcar.
Assim, o mercado aposta na recuperação da safra Brasileira, sendo a maior preocupação com os outros países produtores. “Se tivermos outro ano de adversidade no Hemisfério Norte, especialmente na Tailândia e Índia, o Brasil vir com força não será o suficiente pra fazer o balanço superavitário pro ano 23/24 out-set”, ressalta Lívea.
Para a safra brasileira, o cenário pode ser considerado positivo até o momento. “O Brasil tem recuperado seu ritmo e mostrado bons resultados”, aponta. A única dúvida é em relação à qualidade, que pode se manter ou não, dependendo do clima. “O prêmio do açúcar em relação ao etanol está muito alto, o sugar mix esperado é 48%, mas pode ser menor se as chuvas vierem a prejudicar de forma intensa a qualidade da cana”, reforça.
Como se proteger das volatilidades do mercado do açúcar?
Mesmo estimando possibilidades futuras, são apenas tendências, pois não é possível prever e nem evitar os acontecimentos reais. As intempéries do clima, as mudanças políticas e econômicas a nível local e/ou global e os eventos imprevisíveis, não se pode mudar, mas pode-se escolher como lidar com eles.
Em um mercado tão volátil, é imprescindível contar com um planejamento que dê segurança e mais previsibilidade para o futuro dos seus negócios.
A melhor opção para gerenciar riscos no mercado de commodities e evitar prejuízos é contar com um parceiro especialista em hedge que possua amplo conhecimento do mercado agro, como é o caso da hEDGEpoint.
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Mercado de etanol: cenário atual e perspectivas futuras
Quem acompanha o mercado de combustíveis sabe que, nos últimos anos, ocorreram muitos altos e baixos tanto para quem é produtor, quanto para quem consome.
A oscilação do preço da gasolina durante todo o ano de 2022, que chegou a custar mais de R$8 por litro em alguns locais do país, e a alta no diesel, que encarece o transporte e por consequência o valor final de muitos produtos, fizeram consumidores mais uma vez se questionarem sobre as alternativas a estes combustíveis.
Por outro lado, o etanol também sofreu muita variação, mas vem sendo cada vez mais valorizado por ser uma fonte de energia limpa e menos poluente, em tempos em que pautas ESG estão tão em alta.
Há ainda outros pontos que impactam o mercado do etanol, como a disseminação do carro elétrico, o hidrogênio verde, os investimentos para utilizar outras matérias-primas na fabricação do biocombustível, sem contar, é claro, a influência política e econômica, que são sempre motivo de atenção.
Diante deste cenário, é difícil visualizar as perspectivas futuras, mas nossos especialistas abordam aqui algumas possibilidades de caminhos para o etanol baseadas em dados e tendências do mercado atual.
O carro elétrico e o etanol
O etanol como combustível surgiu no Brasil nos anos 1980 com o Programa Pró-Álcool, como alternativa aos combustíveis fósseis, pois o país era dependente do mercado exterior em petróleo e durante a grande crise que ocorreu em 1979, tornou-se inviável continuar com as taxas tão altas de importações.
Foi assim que surgiu no Brasil o carro movido 100% a álcool, movimentando toda a indústria automobilística e também a produção de cana no país, que passou a ter novo destino para o plantio desta cultura, além do açúcar.
Depois, o etanol anidro passou a ser misturado na gasolina, em índices que variaram ao longo dos anos. Até que, em 2003, foram lançados no mercado os carros flex, capazes de rodar com qualquer proporção de gasolina e etanol hidratado. A inovação foi um sucesso e, em 2009, eles já eram 92% de todos os veículos novos vendidos no país.
A recente chegada do carro elétrico e o aumento da aderência a este modelo de abastecimento têm animado as montadoras, que veem como uma novidade capaz de empolgar o consumidor preocupado com o meio ambiente e gerar um novo mercado impulsionado pelas pautas de sustentabilidade.
Por outro lado, a inovação ainda traz incertezas para o produtor de etanol. Hoje, ao pensar em “carro verde” o que vem à mente do público consumidor é o carro elétrico à bateria, e não mais o que utiliza combustível de matéria-prima vegetal.
Enquanto isso, outra inovação que vem sendo testada é o carro elétrico movido a etanol. Visto que, em muitos países a energia elétrica é produzida via combustíveis fósseis, a versão à bateria, que exige horas ligado à tomada para recarregar, continuaria sendo poluente, perdendo o seu valor.
Porém o modelo elétrico a base de etanol seria abastecido normalmente com etanol no posto de gasolina e o hidrogênio gerado a partir desse biocombustível seria capaz de carregar as células de bateria e fazerem o carro rodar novamente, economizando tempo e energia elétrica.
Assim, o carro elétrico volta a animar o produtor de etanol, que atualmente vê mais vantagem em produzir açúcar e exportar para ter margens maiores de lucro.
E o etanol que não vem da cana?
As perspectivas são boas também para o etanol fabricado a partir do milho. Há uma expectativa de, até 2030, a produção com esta origem atingir 10 bilhões de litros, aumentando a participação nacional de 15% para 20%, segundo estudo da União Nacional do Etanol de Milho (Unem).
Para a safra 2022/23 do milho, a projeção da Conab é de colher 126,9 milhões de toneladas, um aumento de 12,5% em relação à safra passada no Brasil. Sendo esta segunda safra a que mais transforma milho em etanol, a expectativa é de crescimento da produção do combustível também.
O milho também é uma alternativa sustentável e a sua utilização é uma forma de trazer mais visibilidade para ambos os mercados, do etanol e do milho, que ganham mais relevância juntos.
Além do milho, há mais uma nova fonte de etanol surgindo no país. É o trigo, que terá em 2023 sua primeira usina. Se na Europa e Canadá o etanol de trigo já é comum, aqui no Brasil a tecnologia está apenas começando e deve ser uma boa alternativa para suprir as demandas desse mercado em crescimento.
O projeto já teve início no Rio Grande do Sul e pretende já estar produzindo etanol até 2024.
Como se proteger das variações do mercado do etanol?
Como a produção de etanol depende das safras da cana, do milho e futuramente do trigo, o mercado fica à mercê da disponibilidade desses produtos, o que torna o cenário muito instável.
Sabemos que na economia, instabilidade significa variação de preços. Ao longo do ano, o valor do etanol pode chegar a variar em até 50%. Por isso, é muito importante assegurar uma boa estratégia de gerenciamento de riscos.
A melhor opção é contar com um parceiro especialista em estratégias de hedge que possua vasto entendimento no mercado financeiro e, ao mesmo tempo, no de energia. Somente a partir de uma visão ampla de um contexto tão complexo e do mercado global será possível tomar as melhores decisões.
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