O mercado bioenergético na Ásia
A crescente demanda por biocombustíveis está impulsionando o mercado bioenergético, especialmente na Ásia. Vários países do continente têm investido nessa fonte renovável e definido metas de produção cada vez mais ambiciosas para o futuro.
Mesmo em uma fase inicial, o setor bioenergético local demonstra um alto potencial devido ao interesse de grandes empresas e governos. Atualmente, Singapura, China e Índia são líderes em investimentos para reduzir a dependência de exportações de petróleo. O etanol, produzido a partir da cana-de-açúcar, abundante na região, tornou-se o principal biocombustível na Ásia.
A crescente demanda por biocombustíveis na Ásia
De acordo com a Market Research Future, o mercado bioenergético global deve crescer 11,74% ao ano na próxima década, aumentando de US$ 129,83 bilhões em 2023 para US$ 352,48 bilhões em 2032. A instituição também indica que, com o aumento da demanda por biocombustíveis, a tecnologia acompanhará, desenvolvendo produtos mais eficientes e econômicos.
Veja abaixo a projeção em gráfico:
O sudeste asiático desempenha um papel significativo na produção de combustível sustentável, principalmente no setor de transportes. Os principais biocombustíveis em crescimento são o bioquerosene de aviação (SAF) e o biocombustível marítimo (biobunker). Entenda mais sobre essas duas frentes do setor bioenergético:
● SAF
A S&P Global relata que a demanda por SAF (Sustainable Aviation Fuel) deve aumentar significativamente, atingindo seu pico em 2035. Os esforços do mercado e as regulamentações serão cruciais para dominar a mistura de combustível até 2050.
Recentemente, a National Research Foundation de Singapura lançou um programa de US$ 90 milhões focado na produção de SAF e outras fontes renováveis. Esses investimentos visam apoiar as metas globais de uso deste combustível na aviação, previstas para 3,24% em 2040 e 24,06% em 2050.
Os números estão crescendo com a maior planta de produção de SAF do mundo: a Neste Singapore. A empresa investiu US$ 1,4 bilhão em uma biorrefinaria em 2019 e já firmou contratos com a Singapore Airlines e a Scoot.
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Além disso, o Bangchak Group da Tailândia está desenvolvendo uma nova planta de SAF com capacidade para produzir 1 milhão de litros de biocombustível diariamente, com início previsto para o segundo trimestre de 2025.
O MSCI Sustainability Institute também publicou dados sobre o uso do SAF. Segundo a instituição, a escala será essencial para a contínua implantação desse biocombustível. Quanto maior a participação das empresas, maiores serão os resultados das iniciativas. Veja a lista das companhias aéreas com metas de SAF até 2030:
● Biobunker
Segundo a S&P Global, as vendas de biobunker em Singapura aumentaram de 140.200 toneladas em 2022 para 518.000 toneladas em 2023. A Autoridade Marítima e Portuária de Singapura evidenciou esse crescimento no gráfico abaixo:
Esse avanço no setor bioenergético na Ásia conta com o suporte de importantes empresas de transporte de contêineres, como Maersk e Hapag-Lloyd, que são abastecidas com combustível de bunker em Singapura e têm metas estruturadas para atingir emissões líquidas zero até 2050.
Iniciativas também sustentam esse progresso no uso de biocombustíveis marítimos. A União Europeia adotou o programa FuelEU Maritime, que define limites máximos de gases de efeito estufa (GEE) gerados por navios que atracam em portos europeus. O objetivo é reduzir gradualmente os GEE no transporte marítimo, com metas de 2% até 2025 e até 80% em 2050.
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Os desafios do mercado bioenergético na Ásia
O mercado bioenergético na Ásia está em fase inicial e enfrenta barreiras comuns para uma matéria-prima em ascensão. O MSCI Sustainability Institute cita a imaturidade do mercado e o preço como os principais obstáculos para o futuro.
Para aumentar a taxa de mistura de biocombustíveis até 2030, são necessárias inúmeras parcerias entre transportadoras e produtores para expandir a oferta de SAF e biobunker. Em 2022, por exemplo, a produção de SAF representou apenas 0,1% do volume total de combustível de aviação convencional.
Dados da IATA (International Air Transport Association) mostram um aumento nos preços do SAF e um crescimento inicial baixo da oferta:
A própria instituição afirma que será necessária uma combinação de soluções tecnológicas, sendo o SAF um componente chave na redução das emissões de carbono no setor de transporte aéreo. Para um aumento substancial na produção deste biocombustível, a IATA aponta para uma colaboração maior entre governos e a indústria, além de políticas estratégicas sincronizadas e tempo para que a aviação possa cumprir metas realistas.
Algumas medidas de curto prazo estão sendo adotadas para avançar o mercado bioenergético na Ásia. O ministro dos Transportes de Singapura anunciou que haverá um imposto sobre o combustível renovável e os valores serão repassados ao cliente final até que a indústria encontre um modelo de financiamento mais viável.
Até 2050, os custos para alcançar as emissões líquidas zero são estimados entre US$ 1,45 trilhões e US$ 3,2 trilhões, conforme o setor de aviação. Para isso, é necessário aumentar para 65% o uso do SAF nesse período.
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Principais iniciativas de outros países asiáticos no mercado bioenergético
Além de Singapura, outras nações asiáticas também estão incentivando o uso de biocombustíveis com metas estruturadas para o futuro. Veja as principais:
- A Malásia estabeleceu a meta de 47% de mistura de SAF até 2050;
- A Índia busca ter 1% de SAF na mistura de combustível até 2027 e 2% até 2028. O país também pode impulsionar sua produção de biocombustíveis por meio da Global Biofuels Alliance, lançada em 2023 com outros oito países;
- A China informou em novembro de 2023 que pretende lançar projetos para incentivar a produção e o consumo de biocombustíveis, além de investir em tecnologias avançadas para a produção a partir de resíduos agrícolas e algas;
- No Japão, o SAF deverá substituir 10% do combustível usado na aviação até 2030.
Fonte: The Straits Times
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