Estados Unidos: a influência no mercado de commodities
Veja as análises da equipe Hedgepoint sobre o mercado de commodities e o impacto que as políticas de governo americana podem gerar nos segmentos de energia e agrícola.
A posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro de 2025 introduziu diversas políticas e ações que prometem influenciar o mercado de commodities. Nos primeiros dias de seu mandato, o republicano anunciou medidas que afetam principalmente os setores de energia e agrícola.
O novo presidente dos Estados Unidos trouxe mudanças significativas para o setor de energia. Suas políticas se concentram na expansão da produção doméstica de combustíveis fósseis, na redução de regulações ambientais e em novas tarifas para parceiros comerciais. Esse novo panorama tem impactado os fluxos comerciais, os preços globais e a segurança energética de diversas regiões do mundo.
As sanções impostas pelo governo aos produtores de petróleo e petroleiros russos geraram um ambiente de incerteza no mercado global de energia. Como resultado, grandes importadores como Índia e China buscam fornecedores alternativos, o que pressiona os preços do petróleo Brent e do Oriente Médio para cima. A capacidade desses países de diversificar rapidamente suas fontes de suprimento determinará o impacto nos orçamentos.
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Mudança nos Fluxos Comerciais
De acordo com os especialistas da Hedgepoint, com a redução das importações russas, a Índia tende a aumentar sua dependência dos fornecedores do Oriente Médio. Isso pode reduzir a oferta na região e elevar os preços do petróleo, tornando a concorrência mais acirrada. O comportamento da OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e seus ajustes na produção serão determinantes para a dinâmica do mercado nos próximos meses.
A Índia, que dependia da Rússia para cerca de 40% de suas importações de petróleo, enfrenta desafios na garantia de suprimento energético. O acesso limitado ao petróleo russo com desconto pode forçar o país a explorar novas parcerias e aumentar as importações de fontes já existentes. O sucesso dessas estratégias determinará a estabilidade energética do país a longo prazo.
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Impacto nos custos e preços
A nova administração americana sinalizou a imposição de uma tarifa de 25% sobre todas as importações de petróleo do Canadá e do México, no dia 1º de março. Isso é especialmente relevante considerando que, entre janeiro e outubro de 2024, 66% de todas as importações de petróleo dos EUA vieram do Canadá, de acordo com a Energy Information Administration (EIA).
As tarifas sobre o petróleo canadense e mexicano podem resultar em custos mais altos para refinarias dos EUA, particularmente aquelas que dependem do petróleo bruto canadense. O aumento dos custos pode se traduzir em preços mais elevados para gasolina e diesel, afetando consumidores e a inflação doméstica. O impacto dependerá da capacidade das refinarias de absorver esses custos e da resposta das cadeias de suprimentos.
A nova direção da política energética americana
No primeiro dia de seu novo mandato, Trump assinou ordens executivas que favorecem o desenvolvimento de petróleo e gás no Alasca, revogam metas ambientais de Biden e facilitam a expansão da infraestrutura energética. Sua política prioriza a remoção de restrições ambientais e a aceleração do licenciamento de projetos de transmissão e oleodutos.
A exploração de petróleo no Ártico e no litoral dos EUA pode se tornar uma opção viável, mas os custos elevados tornam incerto se as empresas realmente investirão nessa expansão. Hoje, cerca de 40% da produção norte-americana está concentrada na Bacia do Permiano, e uma flexibilização nos licenciamentos de infraestrutura pode levar a uma maior produção nessa região.
O mercado de energia americano está passando por mudanças significativas. As sanções contra a Rússia, a imposição de tarifas sobre importações do Canadá e México, e a política de incentivo à produção doméstica podem redefinir os fluxos comerciais e os preços globais. Monitorar a resposta do mercado, os ajustes da OPEP+ e as estratégias de importadores-chave será essencial para entender a evolução do setor nos próximos anos.
Impacto no setor agrícola
A reeleição de Donald Trump levanta questões sobre os impactos no mercado de grãos, tanto nos EUA quanto globalmente. A experiência de seu primeiro mandato (2017-2020) pode oferecer pistas sobre o que esperar. Mudanças em tarifas comerciais, políticas de biocombustíveis e fluxos de exportação são fatores-chave a serem monitorados.
Embora tarifas comerciais sejam o foco de atenção, os impactos internos podem ser sentidos primeiro. Durante o governo Biden, muitas tarifas impostas por Trump foram mantidas, e um novo aumento poderia gerar volatilidade no comércio. No entanto, o fluxo atual de exportações já reflete essas barreiras.
A política de biocombustíveis nos EUA pode ser um dos principais fatores de impacto imediato. O etanol de milho e o farelo de soja são fundamentais para os agricultores americanos. Durante o primeiro mandato de Trump, a EPA concedeu isenções recordes a refinarias de petróleo, prejudicando o setor de energia renovável. Atualmente, a demanda interna por milho e soja supera as exportações: 55% da soja é destinada ao processamento interno, enquanto 42% são exportadas. No milho, 36% são utilizados para etanol e apenas 16% para exportação.
Mudança no Cenário Global
A China tem reduzido sua dependência da soja americana. Em 2023, importou 105 milhões de toneladas de soja, das quais 75% vieram do Brasil. Suas reservas aumentaram significativamente desde 2017/18, passando de 22,6 milhões para 46 milhões de toneladas em 2024/25.
O Brasil expandiu sua produção de soja durante a guerra comercial entre EUA e China e continua sendo o principal fornecedor de soja e milho para o país asiático. A desvalorização do real também favorece as exportações brasileiras.
O novo governo americano pode trazer mudanças significativas para o mercado de grãos, desde políticas de biocombustíveis até relações comerciais com a China. Embora tarifas possam gerar volatilidade, o fortalecimento da demanda interna nos EUA e a diversificação de fornecedores por parte da China mostram que o cenário atual é diferente do de 2017.
O Brasil continua a se consolidar como um dos principais fornecedores globais de soja e milho, e seu futuro dependerá de como os fatores políticos e econômicos se desenrolarão.
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