Os desafios da armazenagem e do transporte de grãos no Brasil em 2025

Entenda os desafios do armazenamento e do transporte de grãos no Brasil para 2025.

16 de maio de 2025

Hedgepoint Global Markets

O transporte de grãos no Brasil enfrenta obstáculos estruturais que limitam o pleno desenvolvimento do agronegócio. Mesmo sendo um dos maiores produtores do mundo, o país ainda lida com desafios na armazenagem e na logística.

A produção cresce em ritmo acelerado (mais de 10 milhões de toneladas por ano), mas a capacidade de armazenagem avança em menos da metade disso. O resultado? Parcela importante das safras expostas à necessidade de comercialização, o que reduz a possibilidade de maximizar a rentabilidade.

E não para por aí. A logística do transporte também entra na conta. Estradas precárias, distâncias longas e falta de estrutura adequada fazem com que parte da safra se perca antes mesmo de chegar ao destino.

Em 2025, os desafios se intensificam. Neste post, você vai entender:

  • O que está em jogo com o crescimento acelerado da produção;
  • Onde estão os maiores problemas na armazenagem e no transporte de grãos;
  • Quais mudanças são urgentes para que o agronegócio brasileiro continue crescendo de forma sustentável.

Boa leitura!

Armazenagem de grãos: quando falta espaço para tanto crescimento

A produção de grãos no Brasil cresce, em média, 10,9 milhões de toneladas por ano. Em contrapartida, a capacidade de armazenagem avança a um ritmo significativamente menor, de apenas 4,8 milhões de toneladas ao ano.

 

Além de limitar o tempo de comercialização e aumentar pressões logísticas no pico da safra, esse descompasso resulta em perdas substanciais.

Entre os principais métodos utilizados no país, estão os silos graneleiros, armazéns de sacaria, silo-bolsa e coberturas temporárias. Porém, as condições de conservação nem sempre são ideais. Além disso, fatores como umidade, pragas e impurezas podem comprometer a qualidade dos grãos.

Um dado chama atenção: apenas 16% da capacidade de armazenagem está dentro das propriedades rurais. Os outros 84% estão concentrados em estruturas urbanas e industriais, pertencentes a cooperativas ou empresas de grande porte. Essa concentração limita a autonomia do produtor, aumenta os custos com transporte e reduz a flexibilidade na gestão da colheita.

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Logística de transporte: rodovias frágeis, perdas em movimento

A dificuldade não termina quando o grão sai da lavoura. O transporte no Brasil, majoritariamente rodoviário, enfrenta desafios que afetam tanto a velocidade quanto a qualidade da entrega. Estradas mal conservadas, frota envelhecida e falta de alternativas logísticas elevam os custos e ampliam o risco de perdas.

Especialistas da Conab apontaram em seus estudos que as perdas no transporte variam entre 0,1% e 0,25% do volume total, dependendo do tipo de grão e das condições logísticas. Além do desperdício, há impacto direto na sustentabilidade da cadeia, com emissão elevada de gases poluentes e ineficiência no escoamento.

Regiões de produção como o Centro-Oeste sofrem de maneira mais intensa com esse cenário. A área, responsável por 162,4 milhões de toneladas, só consegue armazenar 78,4 milhões, menos da metade da produção local. Essa limitação força o escoamento imediato da safra, muitas vezes em janelas pouco favoráveis de mercado.

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O que esperar de 2025: obstáculos antigos, pressão renovada

Com o ritmo atual de crescimento, o Brasil deverá produzir ainda mais grãos nos próximos anos, pressionando uma infraestrutura que já opera no limite. A perspectiva para 2025 é de continuidade desse descompasso, a menos que avanços importantes ocorram em financiamento, logística e ampliação da armazenagem nas propriedades.

Segundo as estimativas da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), seriam necessários cerca de R$15 bilhões ao ano apenas para acompanhar o crescimento atual da produção agrícola. Cada tonelada adicional exige investimentos em equipamentos, obras civis, terraplanagem, parte elétrica e transporte, totalizando cerca de R$1.500 por tonelada armazenada.

Embora existam linhas de crédito como o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), vinculado ao Plano Safra, os recursos têm se esgotado rapidamente. A falta de suplementação de verbas compromete a capacidade de resposta do setor privado e inibe novos projetos.

Enquanto isso, o comparativo internacional mostra o quanto o Brasil ainda pode evoluir. Nos Estados Unidos, mais de 60% da capacidade de armazenagem está nas propriedades rurais, o que permite aos produtores armazenarem até mais de uma safra e meia. Já no Brasil, ainda não se consegue armazenar nem uma safra completa.

Quais caminhos são possíveis?

A modernização da infraestrutura de armazenagem e transporte é essencial para dar conta do novo patamar produtivo brasileiro. Algumas frentes que merecem atenção:

  • Investimentos em armazenagem nas fazendas: além de reduzir perdas, permite melhor planejamento de vendas e reduz custos logísticos.
  • Planejamento logístico mais flexível: dado o caráter imprevisível das safras, é essencial contar com sistemas capazes de se adaptar rapidamente às variações de volume e tempo.
  • Integração de ferramentas de gerenciamento de riscos: considerando o alto grau de volatilidade do mercado agrícola, é importante que produtores e empresas tenham acesso a instrumentos que permitam mitigar riscos operacionais e financeiros.
  • Expansão do acesso ao crédito: linhas de financiamento mais robustas e ágeis são fundamentais para destravar os investimentos em infraestrutura.
  • Melhoria na malha de transporte multimodal: com maior integração entre rodovias, ferrovias e hidrovias, o escoamento da safra pode se tornar mais eficiente e sustentável.

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Oportunidades e desafios para o agronegócio brasileiro

O cenário da armazenagem e transporte de grãos no Brasil exige atenção urgente. Com perdas acumuladas por falhas na estocagem e no deslocamento da safra, produtores e empresas do setor enfrentam desafios crescentes.

Antecipar-se a esses obstáculos e entender as movimentações do mercado é cada vez mais estratégico. Para seguir evoluindo em 2025 e além, o agronegócio brasileiro dependerá de investimentos, adaptação e acesso a informações confiáveis e atualizadas.

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