Consumo de café no mundo: hábitos, curiosidades e impactos no mercado global
Você sabia que o café é a segunda bebida mais consumida no planeta (atrás apenas da água)? O mundo toma 2,25 bilhões de xícaras por dia, com padrões de consumo tão diversos quanto os países produtores.
Hoje, comemora-se o Dia Mundial do Café, e achamos que é a data perfeita para explorar como essa bebida movimenta o planeta. Então, neste artigo, vamos mapear os hábitos por região, destacar curiosidades e explicar como essas tendências influenciam o mercado global.
Se você atua no setor de commodities, entender esse panorama é essencial para tomar decisões mais assertivas. Boa leitura!
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O mapa global do consumo
África: o berço do café e de novos mercados emergentes
Enquanto a Etiópia é reconhecida como o local de origem do café, todo o continente africano apresenta dinâmicas singulares de consumo. Na África do Sul, o café ganhou espaço rapidamente entre a classe média urbana, com Joanesburgo e Cidade do Cabo se transformando em polos de cafeterias especializadas.
Na Argélia, por sua vez, mesmo sendo um país tradicionalmente consumidor de chá, o café conquistou popularidade. Em especial, entre os jovens, influenciados pela cultura francesa colonial.
Já em países como Uganda e Costa do Marfim, onde a produção é significativa e, interessantemente o consumo interno ainda é baixo. Destina-se a maior parte da produção para exportação.
Américas: contrastes entre produção e consumo
Os Estados Unidos são o maior mercado consumidor em valor absoluto. Diferente do que ocorre nas regiões cafeeiras do Brasil e da Colômbia, em que predomina o café preto e forte, os norte-americanos transformaram o café em experiência personalizada. Sendo assim, produzem infinitas variações de aromas, intensidades e preparos.
No Brasil, segundo maior consumidor global, 51,1% da população prefere o café puro. A tradição do “cafezinho” coado permanece forte, mesmo com a crescente popularidade das máquinas de expresso domésticas e do mercado de café especiais.
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Ásia: a revolução silenciosa do café
No Vietnã, durante períodos de escassez, houve o desenvolvimento de métodos criativos como o café com ovo batido (para substituir o leite) e até versões salgadas. Hoje, o país não só mantém essas tradições como se tornou o segundo maior exportador de café robusta com um consumo doméstico crescente.
Enquanto isso, na China, o consumo cresceu quase 150% nos últimos dez anos, impulsionado pela geração mais jovem. É possível chegar a 6,3 milhões de sacas consumidas na safra 2024/2025, com o Brasil sendo o principal beneficiário.
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Europa: o continente que transformou o café em ritual
Nos países nórdicos, o café é indispensável. Na Finlândia, recordista mundial de consumo per capita, as pausas para “kahvitauko” são sagradas tanto em escritórios quanto em lares.
Já na Itália, berço do expresso, a cultura cafeeira se manifesta nas movimentadas bancadas de bares, onde os cidadãos locais tomam seu café rápido e em pé. A Turquia, por sua vez, oferece talvez a experiência mais cerimonial. É o método de preparo em cezve (uma pequena panela de cobre), também conhecido como o café turco, o hábito de ler a borra do café: ambos foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial pela UNESCO.
Curiosamente, porém, enquanto os europeus consomem cerca de 30% do café mundial – considerado assim o maior mercado do produto quando olhamos o bloco, revelando sua dependência de importações.
Oceania: onde a cultura do café se reinventou
A Austrália e a Nova Zelândia não apenas abraçaram a cultura do café, mas a reinventaram. Enquanto o flat white se tornou um símbolo australiano, os neozelandeses desenvolveram uma cena de café especial que rivaliza com qualquer capital europeia.
Na Nova Zelândia, o café é tão parte da identidade nacional que até pequenas cidades como Wellington têm suas próprias torrefações artesanais.
Em Sydney e Melbourne, a densidade de cafeterias de qualidade é tão alta que a competição levou a padrões excepcionais. Hoje, a maioria dos estabelecimentos servem exclusivamente grãos de origem única ou blends premium.
Cafés extraordinários: onde tradição e inovação se encontram
O café é uma experiência cultural. Em cada canto do mundo, tradições e inovações se misturam, criando formas únicas de preparo e sabor. Conheça algumas com mais detalhe:
A cerimônia do café etíope –
Na Etiópia, a bebida é preparada em um ritual que pode durar horas. O processo começa com a torra manual dos grãos sobre brasas, cujo aroma se mistura ao incenso.
A seguir, o café é moído com um pilão e preparado em uma jarra de barro chamada jebena. Os convidados bebem três rodadas – cada uma com significado espiritual diferente.
O fenômeno do flat white australiano
A Austrália deu ao mundo recente o flat white. Diferente do cappuccino tradicional, essa versão apresenta microespuma mais aveludada e proporção maior de café. A perfeição técnica dos baristas australianos elevou os padrões de qualidade globais.
Café com queijo: a combinação inusitada da Suécia
No norte da Suécia, é comum encontrar o “kaffeost” – cubos de queijo leiteiro mergulhados diretamente no café quente. A combinação, que pode parecer estranha aos olhos estrangeiros, cria um equilíbrio único entre o amargo do café e o doce do queijo derretido.
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O mercado global: dinâmicas e oportunidades
A geopolítica do café
As cadeias de suprimento de café são notoriamente sensíveis a eventos globais. A crise no Mar Vermelho, em 2024, por exemplo, forçou desvios que elevaram custos logísticos, especialmente para a Europa. Paralelamente, o que acontece no mundo também impacta o acesso a mercados, tarifas de importação/exportação e investimentos no setor.
Recentemente, os principais produtores da commodities estão na lista dos países atingidos, pelas novas tarifas americanas, entrando nas tarifas bases de 10%, como o Brasil e Colômbia, mas outros na lista dos “worst offenders”, como no caso do Vietnã, que pode ter taxas de até 46% sobre seus produtos.
As diferenças tarifarias podem gerar mudanças na comercialização de café ao redor do globo, já que os EUA são o maior país consumidor do grão. As novas tarifas podem elevar o preço do café aos americanos. As importações (e demanda) do país tendem ser prejudicadas ao longo de 2025.
Tendências emergentes
- Cafés funcionais: versões com adaptógenos, proteínas ou CBD ganham espaço, atendendo a nichos de bem-estar.
- Rastreabilidade total: consumidores exigem transparência, impulsionando o uso de blockchain.
- Terceira onda nos mercados emergentes: países como China, Índia e Brasil aumentam o consumo de cafés especiais.
Gestão de riscos no setor
Para navegar neste mercado complexo, produtores e comerciantes estão adotando:
- Contratos a termo: para travar preços.
- Diversificação geográfica de fornecedores: para reduzir a dependência.
- Instrumentos de hedge financeiros: para mitigar riscos cambiais.
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Mais que uma bebida, uma linguagem universal
Do ritual solene etíope ao dinamismo das cafeterias asiáticas, o café continua a evoluir enquanto mantém seu papel como commodity estratégica.
Para profissionais do setor, compreender essas nuances culturais e econômicas vai além de mera curiosidade. É também ferramenta essencial para decisões informadas num mercado cada vez mais interconectado.
Quer entender mais como as tendências globais de café impactam o mercado de commodities? Fale com nossos especialistas!
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