A evolução do mercado bioenergético
A indústria bioenergética é movida por diversos tipos de matéria orgânica, conhecida como biomassa. Sua energia pode vir da queima de produtos agrícolas, madeira, dejetos de lixo e outros. Com esses materiais são produzidos combustíveis como o bioetanol, biodiesel, biogás e mais.
O Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores de biocombustíveis no mundo. Porém, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês), o maior crescimento na procura de bioenergia ocorrerá em países emergentes, como o Brasil, a Índia e a Indonésia.
Crescimento da demanda de biocombustível por combustível e região – 2022-2024
Nos últimos anos, o mercado bioenergético cresceu devido à sua característica sustentável. A IEA afirma que a bioenergia já representa mais de 6% do fornecimento global de energia e tende a crescer ainda mais nos próximos anos.
Com essa evolução iminente, a equipe da Hedgepoint abordou as principais informações sobre esse mercado e quais as suas expectativas e desafios para o futuro. Veja os nomes dos profissionais:
- Lívea Coda, Coordenadora de Inteligência de Mercado.
- Carlos Murilo Barros de Mello, Head of Sugar and Ethanol Americas.
Boa leitura!
O cenário da bioenergia global atual
De acordo com Lívea Coda, a cana-de-açúcar é a principal matéria-prima mundial na produção de bioenergia porque possui um alto teor de açúcar. Na última década, o milho também tem sido altamente utilizado para a produção de combustível, principalmente o etanol.
Produção global de etanol por país ou região
Juntos, os Estados Unidos e o Brasil produzem 80% do etanol do mundo. A grande maioria do etanol dos EUA é produzida a partir do milho, enquanto o Brasil usa principalmente a cana-de-açúcar.
Globalmente, a bioenergia está em ascensão porque tem contribuído muito com as metas sustentáveis de diversos países, como a ODS7 das Nações Unidas. Veja alguns investimentos realizados ao redor do mundo de acordo com a IEA:
- Brasil
A aplicação de recursos no setor bioenergético começou ainda em 1975, com o Proálcool. O programa foi criado para intensificar a produção de etanol e diminuir os preços do combustível. Em 1993, o país também fixou o percentual de álcool misturado à gasolina em 22%, hoje está em 27.5% e no ano passado o governo já apresentou projetos que buscam aumentar o teto para 30%.
“Hoje, o Brasil continua sendo um dos maiores produtores de biocombustíveis com uma matriz energética que é uma das mais limpas do mundo – aproximadamente 85% é renovável combinando com o uso das hidrelétricas, energia eólica e solar”, afirma Mello.
- União Europeia
A IEA informa que a Europa estabeleceu a meta de atingir a produção anual de 35 bcm (bilhões de metros cúbicos) de biometano até 2030, em comparação com os 3,5 bcm que produz hoje.
- Estados Unidos
Novos financiamentos importantes fornecem recursos a várias etapas da cadeia de valor da bioenergia, incluindo o incentivo à produção de Combustíveis de Aviação Sustentáveis (SAF), produtos químicos e biomateriais.
- Índia
A índia estendeu o Programa de Biomassa para apoiar a produção e utilização de biogás até 2026, além de já estar produzindo etanol de cana-de-açúcar e ter uma meta de mistura na gasolina de 20% em 2025.
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O papel do mercado bioenergético na economia
No Brasil e no mundo, a transição energética pode exigir transferências fiscais e políticas para mitigar as perdas de quem depende dos fósseis. É importante que o novo mercado energético seja flexível, incorporando inovações e ajustando-se aos modelos antigos.
O setor de energia está diretamente ligado à transição energética, com novos investimentos, como o Combustível Sustentável de Aviação. A aviação enfrenta pressão para reduzir sua pegada de carbono devido à conscientização sobre as mudanças climáticas e os efeitos das emissões de gases de efeito estufa. O SAF é uma opção viável para reduzir as emissões de CO2, o principal gás de efeito estufa do setor, oferecendo benefícios ambientais significativos.
A Coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint afirma:
“A cana é o principal componente na produção do SAF, um combustível que pode reduzir as emissões de CO2 em 70% e até 90%, comparado com o combustível convencional”.
Murilo Mello também afirma que o SAF de etanol pretende substituir o petróleo na aviação sem necessidade de adaptação mecânica. Esse novo combustível pode ser uma nova alternativa econômica para os produtores, principalmente o Brasil que é um dos maiores nomes na bioenergia.
“Isso vai facilitar muito a introdução do SAF aos motores de aviões. Depois o mercado também pode focar em tecnologia para aprimorar e baixar os custos, além de agregar valor ao produto que vai gerar renda a um país exportador”, completa Mello.
A instituição Bloomberg NEF (BNEF) desenvolveu um gráfico que mostra os dados sobre o SAF até hoje e suas perspectivas para 2030. As previsões indicam um crescimento intenso no uso desse tipo de combustível bioenergético, principalmente na Europa e na América do Norte. Veja mais:
Em dados numéricos, a BNEF também estima uma evolução significativa:
- 5% de participação do combustível de aviação sustentável na demanda global até 2030;
- 6 bilhões galões de capacidade estimada de SAF até 2026;
- $1,50 dólares por galão beneficiado pelas margens de diesel renovável dos Estados Unidos em relação ao SAF.
O Head of Sugar and Ethanol Americas da Hedgepoint também aponta o poder econômico da bioenergia na geração de empregos. Por ser um combustível movido principalmente pela cana, o etanol precisa de mão de obra para ser produzido, seja no campo, na indústria ou no comércio.
Ademais, o mercado bioenergético também gera influência em outra questão social atual: a manutenção das pessoas no campo. Com mais empregos e renda no interior, a superpopulação urbana também é reduzida através do investimento na bioenergia, contribuindo indiretamente na preservação ambiental e na redução dos problemas advindos da super-população dos centros urbanos.
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Desafios e expectativas para o futuro da bioenergia
Coda enxerga um futuro promissor para a bioenergia. “É um mercado que tem muita oportunidade devido à necessidade de uma energia sustentável” – afirma ela.
Contudo, Lívea explica que ainda há muito a se fazer neste setor. Ambos os profissionais levantam obstáculos e perspectivas para o futuro bioenergético:
● Desafios de oferta com subprodutos
Por ser uma energia baseada em produtos agrícolas e orgânicos, a oferta pode sofrer com a concorrência entre mercados que usam a mesma matéria-prima, como o açúcar e o etanol (que usam a cana).
● Influência direta do clima
A oferta do produto fica dependente de uma boa safra de cana-de-açúcar ou de milho. Eventos climáticos podem influenciar essas plantações e impactar o estoque de matéria-prima.
● Alto custo de produção
Para Coda, ainda é necessário mais investimento na energia bioenergética para reduzir os custos de produção. Mello acredita que a tecnologia é o caminho para transformar a bioenergia em poder econômico, principalmente com o SAF.
● Perspectiva de longo prazo
Mello também afirma que a demanda por fontes alternativas de energia deve alavancar o mercado. Com isso, os novos produtos a partir da cana devem ganhar mais visibilidade, principalmente o uso de etanol como biocombustível marítimo e o etanol para aviação.
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Como gerenciar os riscos do mercado bioenergético?
A evolução do mercado bionergético volta a nossa atenção para o mercado de energia atual e se cruza com as demandas do mercado de commodities. Conforme listaram os profissionais da Hedgepoint, existem variáveis importantes que podem impactar o preço do etanol e de outros biocombustíveis.
Neste cenário, os produtos de hedge são importantes instrumentos para analisar as oscilações do mercado, contribuindo para o gerenciamento de riscos financeiros que podem impactar todos os agentes da cadeira. Entre em contato com nossos especialistas para entender como podemos te ajudar a transformar riscos em oportunidades.
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