Brasil garantirá até 50% da importação argentina de soja após seca, dizem analistas

29 de março de 2023

Money Times

Brasil deverá fornecer até metade da soja que a Argentina importará para manter operações de seu parque industrial em atividade, diante de uma seca histórica que devastou a safra 2022/23 no país, que normalmente é o maior exportador de óleo e farelo da oleaginosa, conforme analistas ouvidos pela Reuters.

Diante de uma colheita argentina estimada pelo mercado em torno de 25 milhões de toneladas, contra 42 milhões na temporada passada, o país vizinho poderá importar até 10 milhões de toneladas de soja, ou mais que o dobro do volume adquirido em anos anteriores, quando a origem foi principalmente o Paraguai.

Contando com uma safra recorde, o Brasil poderia elevar em pelo menos dez vezes os embarques para a Argentina, disse a head de Grãos Latam da hEDGEpoint Global Markets, Sol Arcidiacono, que atua em Rosário, principal polo de produção argentino de farelo e óleo de soja.

Ela lembrou que a média anual de embarques de soja do Brasil para a Argentina normalmente seria de 300 mil toneladas, mas em 2023 os brasileiros poderão responder pelo fornecimento de ao menos 3 milhões de toneladas, já que o Paraguai não teria capacidade de suprir os volumes adicionais necessitados pelos argentinos.

“(Há) chance de chegar a 5 milhões de toneladas se os preços internacionais do farelo de soja pagarem –e eu acredito que irão–, já que a oferta de farelo de soja argentino é difícil de substituir”, disse Arcidiacono.

A especialista ressaltou que, além de o país enfrentar uma das piores secas em 100 anos, que reduziu a safra da oleaginosa em 45% em relação às estimativas iniciais, a comercialização por parte dos agricultores argentinos é a mais baixa em 20 anos.

“Estão segurando a soja até a colheita, sem precificar”, disse ela, destacando que este seria mais um dos fatores que também impulsionam as importações para níveis recordes nesta temporada.

Segundo Arcidiacono, o preço do grão tem sido um problema na hora da venda, tanto pela falta de referenciais quanto pelas margens de esmagamento negativas, já que a oferta ainda é baixa no país vizinho, considerando também que a colheita está apenas começando e as importações do Brasil ainda são relativamente pequenas.

“O Brasil, caso confirme uma colheita superior a 152 milhões de toneladas, teria capacidade de exportar até 97 milhões de toneladas (para todos os destinos) e conseguiria atender a praticamente toda demanda importadora da Argentina”, disse o diretor da consultoria Cogo, Carlos Cogo.

Ele concorda que o Brasil poderá exportar 5 milhões de toneladas de soja para a Argentina, ou mais, principalmente se a China –maior compradora do grão brasileiro– vier com menor apetite.

Cogo salientou que o Paraguai também é um fornecedor importante, mas possui limitações de oferta, visto que sua safra de soja está estimada em cerca de 8,8 milhões de toneladas. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima a colheita paraguaia 2022/23 em 10 milhões de toneladas.

Bolívia e Uruguai também serão opções de fornecedores, mesmo que em volumes menores, adicionou o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Roque.

Roque comentou que o Brasil embarcou quase 230 mil toneladas da oleaginosa aos argentinos no primeiro bimestre de 2023, contra somente 167 quilos no mesmo período do ano passado, o que indica que os volumes serão crescentes ao longo do ano.

“Nesse ano, deve mesmo saltar para 10 milhões de toneladas a importação da Argentina, porque as perdas estão muito grandes, e mesmo assim vão ter que reduzir o esmagamento.”

Prêmios

Arcidiacono, da hEDGEpoint, destacou que o aumento do interesse pela importação deverá se manter nos últimos trimestres do ano, em meio a eleições do país aumentando as incertezas política e macroeconômica, e estoques de passagem muito pequenos devido à menor safra de duas décadas.

Texto publicado originalmente: https://www.moneytimes.com.br/brasil-garantira-ate-50-da-importacao-argentina-de-soja-apos-seca-dizem-analistas/

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