O mercado bioenergético no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores de etanol e biodiesel no mundo, ocupando uma posição de liderança no mercado bioenergético. O país se destaca como maior produtor mundial de cana-de-açúcar e soja — matérias-primas fundamentais para a produção de biocombustíveis no Brasil. A cana-de-açúcar é amplamente utilizada na produção de etanol, enquanto a soja é a principal fonte de biodiesel.
Além de ser um grande produtor, o Brasil também se sobressai como um dos maiores consumidores de biocombustíveis. Segundo a IEA (Agência Internacional de Energia), a maior parte da nova demanda por esse tipo de energia vem de economias emergentes, especialmente o Brasil, a Indonésia e a Índia. Conheça de perto a matriz energética da nação, seus números de produção, potencial para o futuro e mais. Boa leitura!
Veja dados sobre o mercado bioenergético brasileiro
De acordo com o Balanço Energético de 2023 do Ministério de Minas e Energia, as fontes renováveis representaram 87,9% da matriz energética brasileira em 2022, com a hidrelétrica respondendo por 61,9% desse total. Em 2023, a geração de eletricidade a partir da biomassa já corresponde a cerca de 8% da produção total de energia elétrica do país.
No setor de biocombustíveis, a nação brasileira é a segunda maior produtora do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O país norte-americano alcançou 1.795 petajoules em 2023, enquanto o latino-americano chegou a 1.016 petajoules no mesmo ano. Ambos os países possuem uma posição praticamente isolada no topo produtivo. Veja abaixo:
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Fonte: Statista
No Brasil, a produção de biocombustíveis atingiu recorde histórico em 2023, com crescimento e diversificação das fontes renováveis. Segundo a Secretaria de Comunicação Social Brasileira, o etanol e o biodiesel totalizaram quase 43 bilhões de litros – 35,4 bilhões são de etanol e 7,5 bilhões são de bioediesel.
Os dados confirmam que o etanol é o principal biocombustível do Brasil, sendo o responsável por posicionar o país como líder no mercado global de bioenergia. De acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, ambas as nações produzem juntas 80% do etanol ofertado no mundo. Veja no gráfico abaixo:
Produção global de etanol por país:
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Fonte: Energy.gov
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O potencial brasileiro para o futuro da bioenergia
Tanto os biocombustíveis quanto a bioeletricidade têm alto potencial de crescimento devido às metas de energia renovável no mundo. O Brasil é um dos países com maior possibilidade de evolução neste mercado e os números já suportam essa ascensão iminente.
A Agência Internacional de Energia divulgou dados sobre o crescimento da demanda por biocombustíveis no mundo entre 2022-2024. O Brasil, os Estados Unidos e a Europa são os principais mercados que evoluíram nos últimos dois anos. Confira no gráfico:
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Fonte: IEA
Segundo a instituição, a demanda por biocombustíveis deve aumentar em 23% até 2028, atingindo 200 bilhões de litros. Os dados mostram que o diesel renovável e o etanol respondem por dois terços desse crescimento e o Brasil terá papel fundamental no suprimento desse avanço.
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O futuro do SAF no mercado bioenergético brasileiro
O SAF (Sustainable Aviation Fuel) é um combustível sustentável para a aviação, produzido a partir da biomassa. Assim como o etanol e o biodiesel, o SAF também deve ganhar protagonismo no Brasil devido ao seu alto potencial produtivo.
A presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), afirma que o país é um nome consolidado no mercado bioenergético e pode usar essa posição para se tornar um grande exportador de SAF no futuro. De acordo com a Abear, o Brasil conta com possíveis matérias-primas para se tornar autossuficiente na produção de SAF e ainda exportar 1,8 bilhão de litros.
Algumas medidas estão sendo aplicadas no Brasil para fortalecer o mercado bioenergético interno. O Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV) tem o objetivo de incentivar a produção e o uso do SAF no país com metas estruturadas até 2037. A nova política indica que as empresas aéreas devem reduzir as emissões de dióxido de carbono em 1% a partir de 2027, alcançando redução de 10% em 10 anos.
A própria Petrobrás, empresa brasileira que atua na indústria de petróleo, gás natural e energia, anunciou que vai trabalhar na produção de SAF em duas refinarias. As unidades entrarão em operação a partir de 2028 e vão impulsionar ainda mais a produção do SAF.
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Desafios para o futuro da bioenergia brasileira
Em curto prazo, o principal desafio brasileiro no mercado bioenergético é o estímulo da demanda interna e do avanço tecnológico. O país precisa aumentar a busca pelo uso do etanol e do biodiesel para dar vazão a toda oferta que será produzida no futuro. Além disso, também há a necessidade de reduzir custos no processo produtivo para controlar o preço final nos postos de combustível.
Atualmente, a produção de etanol no Brasil é predominantemente à base de cana-de-açúcar, que também é utilizada na fabricação de açúcar. Como ambas as produções compartilham a mesma matéria-prima, as lavouras de cana são frequentemente direcionadas para o setor que oferece maior rentabilidade, o que afeta diretamente a oferta e os preços nos mercados concorrentes.
Esse desequilíbrio contribuiu para a recente elevação no preço do etanol no Brasil. Com os valores em alta, a demanda interna pelo biocombustível tem diminuído. Para enfrentar essa situação, o governo brasileiro tem adotado medidas para estimular o uso de etanol e de biodiesel, como o aumento gradual da mistura obrigatória de biocombustíveis para 15% até 2026. Além disso, a indústria vem explorando alternativas, como o uso de milho e resíduos orgânicos na produção de etanol.
Recentemente, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) intitulada “Combustíveis do Futuro” foi aprovada e representa um marco significativo na transição energética brasileira. A PEC visa promover o desenvolvimento e a utilização de fontes de energia mais limpas e sustentáveis, como biocombustíveis avançados, hidrogênio verde e eletricidade renovável.
Ao incentivar a inovação tecnológica e a infraestrutura necessária para a produção e distribuição desses combustíveis, a PEC busca reduzir a dependência de combustíveis fósseis, diminuir as emissões de gases de efeito estufa e impulsionar a economia verde. Com essa iniciativa, o Brasil se posiciona na vanguarda da sustentabilidade energética, alinhando-se às metas globais de combate às mudanças climáticas e promovendo um futuro mais limpo e sustentável para as próximas gerações.
O papel do hedge no mercado bioenergético brasileiro
Em um mercado emergente como o bioenergético, o hedge é essencial para mitigar riscos financeiros relacionados à volatilidade do mercado. O uso de ferramentas avançadas permite que as empresas de bioenergia no Brasil e no mundo planejem suas operações com maior segurança, se protegendo de possíveis oscilações nos preços.
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