Contrato futuro no mercado de grãos e oleaginosas
O contrato futuro é um instrumento bastante utilizado no hedge do mercado de grãos e oleaginosas. Com ele, realiza-se a gestão de riscos para produtores rurais, indústrias agrícolas e demais empresas envolvidas nesta cadeia produtiva.
Esse tipo de derivativo se refere a contratos de compra e venda de uma determinada mercadoria, como a soja. A negociação é padronizada e regulada na bolsa de mercadorias e futuros.
Se você quer entender como o contrato futuro funciona na prática para grãos e oleaginosas, acompanhe a leitura deste conteúdo. Explicamos os detalhes!
O que leva uma empresa agrícola e produtores a utilizarem um contrato futuro?
A principal finalidade do contrato futuro é realizar a proteção contra a volatilidade de preços no mercado de commodities, seja para compra ou venda. Por meio dele, o produtor pode fixar o preço de venda de suas safras antes da colheita ou fixar o preço da compra de insumos, por exemplo.
Dessa forma, também se ganha maior previsibilidade nas receitas. Afinal, o contrato futuro oferece a oportunidade de garantir um preço justo e competitivo, pois mitiga os riscos financeiros associados a flutuações sazonais.
Entre os principais fatores de volatilidade, há as condições climáticas imprevisíveis e as oscilações de oferta e demanda, tanto a nível local quanto global. Portanto, ao recorrer a um contrato futuro, os participantes do mercado de grãos e oleaginosas conseguem planejar com mais confiança suas operações agrícolas.
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- Como a volatilidade impacta o mercado de commodities?
Antes de explicar os detalhes de como funciona a negociação do contrato futuro, é importante que você compreenda o risco de base. Quase sempre, o preço de uma commodity em um cidade específica pode apresentar fundamentos de oferta e demanda diferentes da cidade que é usada como referência pelas Bolsas de Mercado Futuro.
Exemplo: o preço do milho em Sorriso – MT quase sempre tem fundamentos diferentes que o milho em Campinas – SP. Essa última cidade é a referência para os contratos futuros da B3.
Os fundamentos de oferta e demanda diferentes resultam, portanto, em preços de commodity diferentes entre esses lugares. A essa diferença entre o preço da bolsa e o preço em um lugar específico, é dado o nome de base. O risco de base é a possibilidade de o preço na bolsa variar mais do que na praça específica, ou vice-versa.
Por enquanto, para os nossos exemplos aqui, consideraremos que o risco de base é inexistente. Ou seja: o preço da bolsa é idêntico ao preço negociado em alguma praça específica.
Saiba mais:
- O que é basis? Explicamos o conceito para você!
Como funciona a negociação do contrato futuro de grãos e oleaginosas para venda?
Lembra que falamos da soja lá no início do texto? Vamos voltar para esse exemplo. Imagine um produtor dessa commodity que deseja se proteger das variações de preços no momento de vender a sua produção. Atualmente, ele está no mês de maio.
Primeiro, ele precisará analisar o custo de produção da sua soja e o período em que quer vendê-la. Pense que o custo está em R$ 150,00 por saca de 60kg e ele pretende comercializar a safra em 90 dias, o que será em agosto.
Ele decide visualizar cotações dos contratos futuros da soja, praticados nas bolsas de referência, como a Bolsa de Chicago. Então, conclui que as cotações estão em uma curva positiva de preços, com contratos em valores adequados para as suas receitas.
Vamos supor que o contrato futuro da soja, daqui a 90 dias, esteja sendo comercializado conforme os cenários e valores a seguir:
Cenário | Valor |
Preço de venda do contrato futuro de soja em agosto | US$ 16,00/bushel |
Fator de conversão bushel/saca | US$ 2,2046 |
Preço total de venda do contrato futuro + fator de conversão | US$ 35,27/saca (número obtido pelo cálculo de 16 x 2,2046). |
Cotação do dólar em maio, quando o produtor irá realizar o hedge | R$ 5,00/US$ |
Custo de produção | R$ 150,00/saca
Em dólar: 150/5 = US$ 30,00. |
Lucro Bruto Fixo | US$ 35,27 (venda) – US$ 30,00 (custo de produção) = US$ 5,27/saca. |
Nessa situação, o preço de venda em agosto fixado por contrato futuro será de US$ 35,27 – US$ 30,00 = US$ 5,27/saca como lucro bruto fixo. Neste caso, o produtor poderá realizar o hedge de sua produção e obter mais de um resultado possível. Abaixo, explicamos cada uma das possibilidades.
1. Preço da soja continua em alta
Neste caso, o preço da soja fecha em US$ 16,50/bushel em agosto, no momento da liquidação.
Cotação da soja na liquidação | Preço fixado no hedge da venda | Ajuste financeiro decorrente do hedge | Preço final
da venda |
US$ 16,50 x 2,2046 = 36,3759/saca. | US$ 35,2736/saca | US$ 35,2736 – US$ 36,3759= – US$ 1,1023/saca. | US$ 36,3759 – US$ 1,1023 = US$ 35,2736 |
2. Preço da soja sofre queda
Neste caso, o preço da soja fecha em US$ 15,50/bushel em agosto, no momento da liquidação.
Cotação da soja na liquidação | Preço fixado no hedge da venda | Ajuste financeiro decorrente do hedge | Preço final
da venda |
US$ 15,50/bushel x 2,2046 = US$ 34,1713/saca | US$ 35,2736/saca | US$ 35,2736 – US$ 34,1713= US$ 1,1023/saca | US$ 34,1713 + US$ 1,1023 = US$ 35,2736 |
3. O que podemos concluir?
Em ambos os cenários, o ajuste financeiro decorrente do hedge garante que o preço final de venda se mantenha estável. Ou seja, fixo, conforme o valor de venda dos contratos futuros em maio.
Em outras palavras: no momento de liquidação, o produtor irá realizar a venda no mercado físico ao preço da cotação de agosto. Simultaneamente, irá liquidar sua posição no mercado financeiro.
Ele receberá o ajuste decorrente, o qual será positivo se os preços venham a cair ou negativo se venham a subir. O tamanho do ajuste será proporcional à diferença entre os preços de venda do contrato futuro e o preço spot na liquidação. Assim, assegura-se sempre um preço final de venda fixo.
Desse modo, ao realizar a gestão de riscos com contrato futuro, o produtor não precisa se preocupar com a volatilidade de preços até o momento da colheita e venda. Ele garante o preço com meses de antecedência. Porém, a operação não permitirá que ele aumente mais seu lucro caso os preços continuem subindo ao longo do período.
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- Hedge: guia para entender essa ferramenta e gerenciar riscos
Para você entender o funcionamento do contrato futuro na compra, pense em um consumidor do mercado de commodities, como uma indústria esmagadora ou de proteína animal. Ao analisar a conjuntura econômica mundial, ele acredita que os preços da soja vão subir e quer se proteger desse movimento.
Com o objetivo de proteger contra a alta, ele compra contratos futuros da soja para revender no momento da liquidação. Ele prevê um valor maior nesta data, quando terá que comprar o produto físico. Imagine que ele comprou o contrato futuro em R$ 40,00/saca.
Ele obterá ajuste financeiro positivo conforme o preço da soja subir e permanecer acima do valor pago de US$ 40,00 no momento da liquidação. Ou seja: compensando o aumento de preço no mercado físico. Contudo, se a cotação cair ao longo do tempo, ele terá ajustes financeiros negativos, o que será compensado por um preço mais baixo no mercado físico.
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