Safra da soja 2022/23 no Brasil, perspectivas do mercado
A safra da soja 2022/23 entrou na reta final das operações no Brasil. Estima-se a produção total em 155,7 milhões de toneladas. O número representa um acréscimo de, no mínimo, 17 milhões de toneladas produzidas no país, em comparação com a última temporada recorde, segundo Pedro Schicchi, Analista de Inteligência de Mercado de Grãos, Oleaginosas e Pecuária da hEDGEpoint.
Aponta-se também um aumento de 6,1% da área plantada da cultura de soja, correspondendo a uma incorporação de 2,54 milhões de hectares. Os dados estão disponíveis no 9° Levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Schicchi destaca que a soja é importante, principalmente, no consumo de farelo de soja como fonte de proteína na alimentação animal, já que é a safra com maior conteúdo proteico por tonelada. Além disso, também é essencial para a indústria de biocombustíveis, tornando a nação brasileira cada vez menos dependente do mercado internacional de combustíveis fósseis.
Neste artigo, explicamos todos os detalhes sobre o balanço da safra de soja 2022/23 no país, quais as próximas perspectivas e por que proteger todas as etapas da cadeia de produção desta commodity.
Estimativas de exportação em alta
As expectativas para a safra da soja brasileira sempre dominam o mercado mundial. Afinal, o país é o maior produtor desta oleaginosa em todo o planeta.
Em 2022, Schicchi aponta que houve queda da produção de soja no Brasil: o número chegou a aproximadamente 125 milhões de toneladas, de uma expectativa inicial de mais de 140 milhões de toneladas, devido à quebra da safra. “Isso aconteceu porque a área plantada cresceu, mas a produtividade caiu”, explica. Mesmo assim, o complexo soja atingiu recorde de receitas: US$ 61,3 bilhões, correspondendo a 38% das exportações do agronegócio, segundo dados do Cepea-Esalq/USP (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Para a safra da soja de 2022/23, o levantamento realizado pela Conab aponta estimativas de volume de exportação em 95,64 milhões de toneladas:
“Até o final de maio, o Brasil exportou 49 milhões de toneladas, máximo no acumulado até este mês. O mercado fala em até 96 milhões de toneladas exportadas em 2023, com 53 milhões de toneladas destinadas para a demanda doméstica. Em 2021, havia sido registrado o último recorde, com exportação de 86 milhões de toneladas no ano e 46,4 milhões de toneladas até maio”, comenta Schicchi.
Porém, o especialista da hEDGEpoint indica que há preocupação em relação ao cenário global da demanda de soja, pois está menor do que o da oferta. A consequência? O mercado está pressionado, com os preços da soja em baixa. Até o final do ano, a análise da hEDGEpoint é de que o Brasil exporte 93 milhões de toneladas, um número abaixo do mercado, que fala em 96 milhões de toneladas. Ele explica:
“As indústrias de carne e biocombustíveis aumentaram a demanda doméstica brasileira, com o biodiesel em destaque. Nas exportações, estamos falando em um crescimento de quase 7 milhões de toneladas neste ano, quando comparado a 2021. Mas, ainda assim, esse aumento de demanda não é o suficiente para superar o aumento da produção.”
As expectativas de exportação do óleo de soja subiram para 2,6 milhões de toneladas, alta motivada pela maior venda do produto para o mercado externo no primeiro trimestre de 2023, com elevação de 42,74% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Esse aumento é motivado pela quebra da safra de soja na Argentina, marcada por uma seca histórica.
Fatores climáticos: conheça os impactos
No verão de 2023, o fenômeno climático La Niña afetou o início da safra de soja, principalmente no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Mas, foi no Rio Grande do Sul que os problemas continuaram ao longo da safra. Com clima quente e ausência de chuvas, os grãos semeados por volta de outubro e novembro de 2022 apresentaram dificuldade para crescer e amadurecer até a época da colheita, entre janeiro e abril, com perdas e prejuízos.
Já nos meses finais da safra de soja, ocorreu o inverso: as chuvas foram motivo de preocupação. No Rio Grande do Sul, houve atrasos e debulhos devido às chuvas em excesso, o que trouxe consequências no desempenho das exportações, criando um contexto de incertezas. Apesar disso, as regiões Centro-Oeste e Nordeste compensaram as perdas e mantiveram as estimativas de produção em alta.
Informações da Emater-RS/Ascar, divulgadas em 26 de maio, apontam que a colheita de soja atingiu 97% da área cultivada no Rio Grande do Sul. A reduzida ocorrência de precipitações na segunda metade de maio permitiu avanços, mas a presença prolongada de orvalho e neblina resultou em baixo rendimento operacional: muitas horas de trabalho foram atrasadas devido às condições inadequadas, além de grãos com alto teor de umidade.
Nos Estados Unidos, observou-se o fenômeno oposto: a produção corre riscos de ser afetada pela falta de chuva:
“Quando chove muito pouco, começa a ocorrer perda de produtividade no desenvolvimento da safra. Se a chuva for muito alta na colheita ou antes do plantio, haverá atrasos, pois não é possível entrar com máquinas no campo. A soja fica muito mais tempo do que deveria no campo e acontece a perda de qualidade devido ao excesso de chuva”, esclarece Schicchi.
A temperatura também impacta: temperaturas muito frias comprometem a germinação e emergência da planta. Temperaturas acima de 40°C têm efeito adverso na taxa de crescimento, provocando danos à floração.
“Se a temperatura está muito acima do normal, a planta começa a evaporar mais água. Se a disponibilidade hídrica não for suficiente, o grão fica menor e perde produtividade. No Brasil, não costuma haver temperaturas que inviabilizam o crescimento da safra. Isso ocorre em temperaturas abaixo de 10°C, com perdas significativas de produtividade”, elucida Schicchi.
Quais são as perspectivas futuras?
Em relatório do USDA, o Brasil deve seguir como líder na oferta mundial do grão de soja para a safra 2023/24, com 163 milhões de toneladas produzidas e exportações que podem atingir até 96,5 milhões.
Para a oferta mundial de soja do próximo ciclo, o USDA aponta 410,59 milhões de toneladas. A safra norte-americana da oleaginosa começou com expectativas altas, 122,74 milhões de toneladas, porém a seca atual pode reduzir esse número caso persista ao longo de agosto. Já a Argentina deve voltar aos patamares normais, com média de 48 milhões de toneladas.
Schicchi aponta os principais desafios para o próximo ciclo:
“O preço da soja está em queda, mas o de insumos também. O desafio é compreender até que ponto o produtor irá manter o crescimento de área na próxima safra, além da necessidade de equilibrar oferta e demanda, verificando sempre as questões cambiais”, indica.
É importante acompanhar, também, a evolução do El Niño e suas consequências para a safra de 2023/24. Em atualização divulgada no dia 8 de junho, a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica) afirmou que o El Niño está de volta. Com o aquecimento das águas do Pacífico, a agência norte-americana prevê a permanência do fenômeno durante o inverno no Hemisfério Norte, ou seja, durante o verão no Brasil. A probabilidade de se tornar um evento forte está em 56%. Já as chances de pelo menos um evento moderado são de cerca de 84%, segundo a publicação.
Na América do Sul, o El Niño traz calor para a maior parte do Brasil e chuvas acima da média no sul do país. O evento costuma ser positivo para a soja. Já nos Estados Unidos, o El Niño costuma ser mais fraco durante o verão, com efeitos de leve impacto sobre a produtividade.
hEDGEpoint: proteção para a cadeia de produção da soja
As intempéries do clima, acompanhadas também de mudanças políticas e econômicas imprevisíveis, são apenas alguns dos fatores que tornam o mercado da soja volátil. É fundamental contar com um planejamento que ofereça segurança e previsibilidade para os seus negócios no futuro.
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Renovação do Corredor de Grãos do Mar Negro e suas implicações
O mercado de commodities é diretamente impactado pelas decisões políticas e econômicas de países do mundo inteiro. Quando ocorre um grande conflito, como o que está acontecendo entre Rússia e Ucrânia desde fevereiro de 2022, a produção e distribuição de produtos agrícolas podem ser afetadas, colocando em risco a segurança alimentar. Foi nesse contexto que surgiu o Corredor de Grãos, que acaba de ser renovado por mais 60 dias.
Os dois países que estão em guerra são grandes produtores principalmente de trigo, cereais, petróleo e gás natural. Com o início do conflito, as especulações já começaram a causar preocupação com aumentos de preços e a possível falta de trigo, no mundo inteiro, e gás natural, principalmente na Europa.
Os impactos desse acordo foram positivos, tanto para os países, que puderam manter suas exportações, quanto para o resto do mundo, que pode ter mais tranquilidade sobre a possibilidade de inflação e escassez desses produtos. Nesse texto, entenderemos um pouco mais sobre o que é e como funciona o Corredor de Grãos.
O que é o Corredor de Grãos?
O corredor de grãos do Mar Negro foi estabelecido em 22 de julho de 2022, como um esforço de colaboração entre a Rússia e a Ucrânia, países que estão em guerra desde fevereiro de 2022. A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Turquia também deram seu apoio a esta iniciativa, que permitiu à Ucrânia retomar suas exportações.
A Ucrânia costumava exportar 6 milhões de toneladas de trigo por mês, em tempos de paz, de acordo com o ministro da cultura ucraniano Mykola Solskyi. Porém, quando iniciou a guerra, uma grande quantidade ficou armazenada em estoques, sem a possibilidade de sair do país, prejudicando a economia local, impactando a economia global e pondo em risco a segurança alimentar mundial.
Diante dessa situação, a ONU mediou um acordo entre Ucrânia, Rússia e Turquia, chamada Iniciativa de Grãos do Mar Negro. A oficialização ocorreu em cerimônia em Istambul, cidade neutra em relação ao conflito.
Com este acordo, tornou-se possível exportar novamente grãos, outros alimentos e fertilizantes a partir de três portos importantes da Ucrânia para o resto do mundo. As embarcações que por ali passam, devem ser inspecionadas em Istambul, para garantir a segurança da operação.
A rota possui 320 milhas náuticas e conecta três portos ucranianos – Odesa, Chornomorsk e Yuzhny, com áreas de inspeção dentro das águas do território turco.
Quais foram os impactos do Corredor de Grãos no mercado de commodities?
A Ucrânia está exportando atualmente cerca de 15% do milho mundial e 7% do trigo, tendo grande importância na segurança alimentar. Destes, 22% são destinados a países de média e baixa renda, de acordo com a JCC (sigla inglesa para Centro de Coordenação Conjunta, com equipe formada por representantes dos três países e da ONU).
Com o corredor ativo, o total de embarques ucranianos de trigo, milho e cevada pode chegar a 6 milhões de toneladas por mês. Quando o corredor está fechado e o transporte é feito apenas por ferrovias, o número cai para apenas 2 milhões.
O acordo, que nasceu com um prazo de 120 dias para ser revisado, chegou agora a sua terceira rodada de renovação. Desde que foi firmado, 953 navios navegaram transportando 30 milhões de toneladas de alimentos para 45 países.
A nova renovação
Este mês, o Acordo do Corredor de Grãos foi prorrogado, valendo por mais 60 dias. Embora a extensão exerça uma pressão de baixa sobre os preços do trigo e do milho no curto prazo, as exportações da próxima safra continuam em risco.
Ainda assim, do ponto de vista da Rússia, a não prorrogação do Acordo do Corredor de Grãos em julho parece pouco atraente, pois poderia levar a uma retaliação dos países ocidentais, possivelmente prejudicando o potencial de exportação da Rússia.
Consequentemente, a não prorrogação do acordo teria um grande impacto nos mercados de trigo, pois afetaria as exportações de dois dos maiores exportadores do mundo em um cenário de estoques globais já apertados. O mesmo não se aplica tanto para o milho, dada a maior oferta esperada para a próxima safra em diversas regiões – inclusive na Europa.
Esse cenário é um bom exemplo que não nos deixa dúvidas: o mercado de commodities é muito volátil. Mesmo quando não está sendo impactado por um conflito internacional, o cenário político e econômico do Brasil e do exterior influenciam na formação de preço. Assim como as taxas de câmbio, que também podem variar.
Por isso é imprescindível contar com um planejamento que dê segurança e mais previsibilidade para o futuro dos negócios.
Utilizar estratégias de hedge é a melhor opção para evitar surpresas desagradáveis na programação financeira de quem trabalha na cadeia de commodities.
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Açúcar: disputa de espaço físico com grãos eleva risco?
Toda previsão sempre traz embutida algum grau de risco, diante da multiplicidade de fatores que influem nos mercados, mas, ao que tudo indica, a disponibilidade de açúcar deve seguir pressionada ao longo de 2023. E os principais fatores que sinalizam para o aperto de disponibilidade e, portanto, suporte de seus preços acima de 25USc/lb, são três:
– A queda na produção do Hemisfério Norte, em especial na Ásia (Índia e Tailândia);
– A intensificação da probabilidade do El Niño e seus possíveis efeitos negativos para disponibilidade futura do adoçante;
– O provável estresse na capacidade de exportação do Brasil, diante de uma estupenda safra de soja (e também de milho) – e, neste caso, sabemos, os grãos têm preferência em relação ao açúcar na hora do embarque.
Traduzindo: como não se tem conhecimento de investimentos em ampliações da infraestrutura e na capacidade portuária brasileira, a exportação do açúcar, ao competir com a vasta disponibilidade de grãos, poderá ser deslocada, em relação ao calendário. Usualmente, o pico de exportação do açúcar se dá entre junho e agosto, porém, este ano pode ocorrer no 4º trimestre, entre outubro e dezembro. Confira detalhes a seguir.
As condições precárias na Índia e na Tailândia
Como já era esperado, a estação das monções se estendeu até setembro-outubro de 2022 na Ásia, levando a uma queda na produtividade na Índia e na Tailândia, principais produtores do Hemisfério Norte, e a consequente necessidade de aumentar o ritmo da moagem.
Além do clima e do aspecto físico, existem outros fatores que podem influenciar o desempenho do açúcar no cenário global. Na Tailândia, há a competição com o mercado da mandioca, que pode resultar, inclusive, em redução na área plantada do país. Na Índia, variáveis do programa de etanol são o elemento que tende a reduzir a disponibilidade de açúcar.
Agora em 2023, especificamente, com a intensificação do fenômeno El Niño, o mercado deu início à precificação de um segundo ano de produção reduzida nos principais produtores do HN, visto que as monções podem vir abaixo da média e prejudicar o desenvolvimento da cana. Com isso, espera-se que o volume disponível nos fluxos comerciais de açúcar a partir de outubro seja reduzido.
O Hemisfério Norte e o “fator” Brasil
A deterioração das perspectivas da safra atual do Hemisfério Norte, que impacta suas expectativas de produção total e recuperação da safra futura, torna os fluxos comerciais mais dependentes da produção brasileira. Como e por que isso acontece?
Em primeiro lugar, porque a produção de soja e milho no país deve melhorar significativamente – a soja, de 78,9Mt em 2022 para impressionantes 92,4Mt em 2023, e o milho, de 43,4M para 49,2Mt. Com isso, a capacidade de exportação deve testar seus limites durante a janela de junho a agosto. E é de conhecimento geral que a corrente tende a quebrar no elo mais fraco, ou seja, como o mercado de grãos tem maior margem/rentabilidade, geralmente o açúcar é realocado. Dito de outra forma: considerando a capacidade máxima histórica de exportação (grãos combinados com açúcar), as usinas teriam que esperar um pouco mais para que seu produto atingisse o mercado internacional. Ademais, reduzir o volume de junho a agosto, e aumentá-lo a toda velocidade a partir de setembro, contribuiria para que o atual aperto físico ganhe força e dure mais do que o esperado, persistindo até pelo menos até o terceiro trimestre de 2023.
Um aspecto interessante a destacar é que esse ajuste na sazonalidade das exportações brasileiras vai acabar se antecipando à menor produção do Hemisfério Norte em 23/24. Mesmo com uma safra expressiva, o Brasil não será capaz de resolver os fluxos comerciais. O deslocamento acaba por balancear o mercado de açúcar, evitando um superávit momentâneo que poderia ocorrer caso o Brasil colocasse grande parte do seu volume ainda no 2T. O deslocamento, portanto, faz com que o açúcar brasileiro chegue no mercado quando os efeitos de um possível segundo ano de baixa produção do Hemisfério Norte começariam a ser sentidos. Dessa forma, o preço do açúcar tende a seguir sustentado: o fluxo comercial permanece apertado. O risco a este cenário seria uma recuperação do HN. Caso ocorra, a maior disponibilidade em T4 pode ser vista como baixista.
De qualquer forma, seguiria havendo um viés de redução de preço, e este até poderia ganhar tração, mas apenas se a produção do Hemisfério Norte em 23/24, contrariando todas as perspectivas atuais, vier a adicionar um volume extra a esse excesso de oferta esperado.
O cenário para o açúcar brasileiro
Como referido no início, toda análise possui algum grau de risco. No caso do açúcar brasileiro, trabalha-se com a perspectiva de que o país seja capaz de produzir cerca de 595Mt de cana, alcançando cerca de 37,6Mt do adoçante. Embora um ano max açúcar se torne mais claro a cada dia, especialmente considerando o atual aperto do mercado físico e a alta dos preços, há fatores que vão influenciar esse cenário. Entre eles, decisões do governo sobre combustíveis, seus impostos e metodologia de preços. Ademais, um El Niño forte pode penalizar a qualidade da cana e o ritmo da safra.
De outra parte, a sinalização é de que seja superado o nível de 18Mt de exportações em um mês (grãos e açúcar combinados), o que seria problemático. É preciso, entretanto, considerar que a capacidade de exportação é extremamente difícil de estimar, e sempre pode haver surpresas. De qualquer forma, mantendo-se ou não a sazonalidade habitual, esse fator não altera o cenário de aperto do físico: apenas o redistribui.
A síntese possível
Como referido anteriormente, considera-se que há pouca ou nenhuma perspectiva de recuperação nos principais players do Hemisfério Norte (Índia, Tailândia e UE), cujo fluxo pode ficar ainda mais apertado, a depender do impacto do El Niño.
Em resumo, o aperto físico deve persistir, dando suporte aos preços do adoçante. Caso haja uma alteração no ritmo de exportação do país, o fluxo comercial se torna mais balanceado e mantêm-se o suporte – ainda mais dentro de um contexto de deterioração das safras do Hemisfério Norte. Caso não haja uma redistribuição da exportação brasileira, uma maior disponibilidade pode encontrar seu caminho para o fluxo global ainda em T2, induzindo possíveis correções.
O maior risco aos patamares de preços hoje observados é climático: qualquer melhora na perspectiva para o HN pode induzir correções de preços.
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Dia internacional do milho: a importância global dessa commodity
O milho é, atualmente, um dos grãos mais produzidos no mundo. Apesar de a América ser a sua origem, hoje ele é cultivado em regiões espalhadas globalmente. Para o Dia Internacional do Milho, elaboramos este post especial para falar sobre essa commodity.
Foi na América do Norte, mais especificamente no México, que ele foi encontrado, há pelo menos 7 mil anos. Depois, espalhou-se pelo continente inteiro, até que foi levado para a Europa, servindo de alimento para a população mais pobre.
No Brasil, quando os portugueses chegaram, o milho já era cultivado e consumido pelos povos indígenas. Então não se tem certeza de quanto tempo faz que ele está presente em terras brasileiras.
Se em tempos passados ele era cultivado basicamente para a alimentação humana, hoje, além de ainda ter muita relevância na culinária, também é matéria-prima para outros produtos, como alimentos e bebidas (a pipoca e a cerveja, por exemplo), mas também em outras indústrias, como na fabricação de ração animal, farmacêutica e a de biocombustíveis.
A produção anual do grão nos últimos anos é de mais de 1,2 bilhão de toneladas, segundo a USDA. E a estimativa é se manter acima de 1,1 bi na safra 22/23 também. Com tanta oferta, esse mercado também tem diversas características próprias, como veremos a seguir.
Mercado do milho: principais características e como funciona
O milho é um ingrediente comum, e até tradicional ou típico, em muitos pratos e áreas da gastronomia. Mas, segundo o Analista Sênior de Grãos e Proteína Animal da hEDGepoint Pedro Schicchi, o consumo humano desse grão é pequeno se comparado aos números de produção global.
“Hoje, os principais produtos gerados a partir do milho são a ração para animais, principalmente suínos, na China, e o etanol”, informa Schicchi. No ranking dos países que mais produzem estão, em ordem, Estados Unidos, China, Brasil e Argentina.
A China consome praticamente todo o milho que produz, devido ao gigantesco rebanho suíno do país. “Existe, lá, uma política de produzir internamente 95% de todo o milho que é usado. Ainda assim, eles precisam importar para dar conta de toda a demanda”, acrescenta o especialista.
Já nos Estados Unidos e Brasil, há consumo interno, mas também altos índices de exportação.Nos Estados Unidos e Brasil, o consumo interno também é alto, mas as exportações são parte integral da demanda. No mercado de ração, frangos, suínos e bovinos são os maiores consumidores nos EUA. No Brasil, o gado bovino representa uma parcela menor, já que aqui ele é alimentado majoritariamente de pasto.
Sendo assim, em termos de exportação, os Estados Unidos lideram, seguidos de Brasil e Argentina. O próximo país desse ranking seria a Ucrânia, que nos últimos anos teve sua participação prejudicada pela guerra. A região é muito favorecida pela posição geográfica, que facilita e torna mais barata a importação da Europa e da Ásia
O mercado de etanol também demanda milho como matéria-prima, apesar de no Brasil não ser tão comum quanto a fabricação a partir da cana. Assim como no mercado de açúcar, existe o dilema: destinar o milho para a alimentação ou para o combustível? Essa decisão acaba acontecendo através dos preços que, seguindo a oferta e demanda, ditam quais dessas indústrias poderão oferecer uma melhor proposta de compra, sem prejudicar suas margens.
Como funciona a produção de milho?
O milho é produzido e consumido em muitos locais do mundo – diferente de commodities, como a soja por exemplo, que tem sua produção e consumo concentrada em um número menor de países. Mas, é claro, ainda assim existem os grandes players, que produzem e exportam em maior quantidade. É o caso dos Estados Unidos e do Brasil.
O Brasil tem uma peculiaridade na produção, pois tem duas safras do cereal, conforme destaca Thais Italiani, gerente de Inteligência de Mercado. Muitos produtores plantam soja no verão e utilizam a mesma área para plantar milho no inverno como forma de rotação de cultura. Assim, após a colheita da soja – entre final de janeiro e início de março – a terra recebe o plantio de milho. Em meados de julho ele já começa a ser colhido. “É importante mencionar que nos últimos anos, esta segunda safra do milho cresceu expressivamente, dando importante posicionamento para o Brasil no cenário global”, afirma a especialista.
Já nos Estados Unidos, o milho é plantado entre abril e maio e será colhido a partir de setembro, até novembro. “Os EUA plantam sua safra em abril, junto com a safrinha do Brasil e coincidindo com o período de enchimento de grãos do milho argentino. A safra dos EUA emergirá no período de colheita do milho brasileiro/argentino. A safra americana acontece pouco antes do plantio na Argentina. Cada um desses períodos oferece sua própria oportunidade de gerenciar riscos do ponto de vista da produção”, informa John Payne, relationship manager na hEDGEpoint.
“Além dos riscos que vêm com o cultivo da safra, o preço do milho comercializado é correlacionado a uma variedade de commodities”, alerta Payne. Confira a relação:
- Açúcar/óleo cru/gasolina – dado o componente etanol também obtido através do milho;
- Gás natural – é um insumo para fertilizantes aplicados no milho, ou seja, implica no custo de produção;
- Soja – é o principal concorrente por área de produção nos EUA e na Argentina;
- Farelo de soja – o milho é usado como ração em conjunto com farelo de soja;
- Óleo de soja/canola – o óleo de milho compete com cada mercado;
- Trigo – é um substituto para o milho na ração alimentar, dependendo dos preços;
- Pecuária – é o principal uso do milho no mundo.
Sendo assim, é possível e muito importante fazer operações de hedge nas transações em qualquer etapa da cadeia do milho. São muitas as variáveis que podem influenciar nos preços e gerar ganhos, mas também prejuízos.
Como e por que gerenciar riscos no mercado de milho?
Muitos fatores políticos e econômicos que ainda estão em aberto afetarão a formação de preço do milho, seja num futuro próximo ou no mais distante. O especialista John Payne alerta para alguns deles.
“A Ucrânia pode se tornar um produtor de milho para o mundo novamente? Os produtores brasileiros continuarão a aumentar sua área e sua produção nos próximos ciclos? As políticas para o etanol dos EUA mudarão? A China continuará a ser um importador global?”. Todos esses são questionamentos relevantes e ainda sem resposta.
“O milho CBOT é um mercado de futuros e de opções muito líquido, muito mais do que as bolsas da concorrência. Ele oferece a capacidade de negociar três anos à frente”, acrescenta Payne. Por isso, proteger os preços no momento adequado é a melhor estratégia.
Para fazer hedge de forma segura e estratégica, a melhor opção é contar com um parceiro especializado, como a hEDGEpoint. Além de tecnologias e ferramentas para analisar as perspectivas futuras, os especialistas possuem conhecimentos nas mais diversas commodities, como o milho.
Assim, podemos oferecer um trabalho personalizado para cada negócio, independente de que etapa da cadeia ele esteja.
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Estiagem no Rio Grande do Sul: prejuízos para a agricultura e a economia local
O RS tem um importante papel no agronegócio brasileiro. A soja, o milho, o arroz e o trigo estão entre as principais commodities produzidas e exportadas pelo estado. Mas a estiagem no Rio Grande do Sul vem causando prejuízos aos agricultores.
Durante o verão, período crucial para o desenvolvimento da soja, o efeito La Niña prejudicou as plantações. Com clima quente e ausência de chuvas, os grãos semeados por volta de outubro e novembro de 2022 tiveram dificuldades para crescer e amadurecer até a época de colheitas, entre janeiro e abril.
Diante desse cenário, mais de 200 cidades do RS já decretaram situação de emergência. Mesmo com chuvas no radar e já se manifestando em algumas regiões, ainda é difícil visualizar um bom cenário para produtores.
Perdas e prejuízos estimados no RS
No Brasil, quatro estados são responsáveis por 70% da produção de grãos no país: Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Entre eles, MT é o maior produtor e RS o quarto, no ranking nacional. Mesmo assim, a commodity é de grande importância para a economia do estado gaúcho.
Já são três anos seguidos de fenômeno La Niña no verão, período de crescimento da soja. Mas mesmo com a estiagem, as exportações de grãos do agronegócio brasileiro atingiram o maior valor da série histórica em 2022.
Isso porque houve queda no volume embarcado, mas aumento nos preços médios dos itens. A venda de trigo e o estoque de soja (da safra 20/21) compensaram a quebra de safra 21/22. Mas com a volta da seca no verão 22/23, já fica mais complicado ter estimativas de aumento, seja em volume ou em valores.
Como a precificação da soja depende também de oferta e demanda, quando há pouca oferta o preço pode subir. E nesse caso, o Centro-Oeste deve suprir as demandas, pois lá o clima é mais previsível e já se consolida uma nova safra recorde em 22/23.
Essa mesma safra de grãos no Rio Grande do Sul já estima perda de 50 a 60%. Se a produtividade esperada do milho de verão, por exemplo, era de 5 a 6 milhões de toneladas, devem ser colhidas cerca de 3 milhões.
Na soja, a expectativa de 22 milhões caiu para 15 milhões. E atualmente, se esse número se mantiver será uma excelente notícia. Olhando para os prejuízos financeiros, estima-se perda de 6 a 7 bilhões para a economia gaúcha.
Apesar de o principal impacto ser no bolso do agricultor, toda a cadeia econômica acaba sendo afetada. É um valor que deixa de chegar ao estado e circular no comércio, serviços e outros.
O que fazer para gerenciar os riscos no mercado agrícola?
No mercado de commodities, para minimizar os impactos é preciso fazer gestão de risco. Mas são diversos os tipos de riscos envolvidos, logo, existem diversas possibilidades de gerenciamento.
Uma prática muito comum no mercado de grãos é a realização de contratos a termo. Quando o produtor de soja investe em insumos para a próxima safra, ele vende parte dessa safra travando o preço futuro para obter na hora o valor que precisa.
O problema disso é que há um compromisso com a entrega física do produto. E com as quebras de safra que vêm acontecendo, pode não haver produto suficiente para entregar a este comprador. No RS, já houve casos de um produtor precisar comprar soja de outro para poder entregar ao comprador.
É aí que entra a estratégia de hedge como uma possível alternativa para reduzir prejuízos. Pois apesar de também travar um preço para a commodity, os contratos são realizados em bolsa.
Como usar estratégias de hegde no mercado de commodities?
As estratégias de hedge surgem como um novo patamar de negociação para o agricultor. É uma opção onde o produtor pode encontrar mais tranquilidade para negociar sem tanta pressão para a entrega final.
Uma das grandes vantagens é que não há comprometimento físico. Ou seja, os valores são negociados a partir da bolsa de valores de Chicago, e não em contraparte de produtos. Assim, se a safra não atingir a expectativa desejada, basta desfazer o contrato.
Além disso, é uma forma para se precaver das instabilidades do clima e das taxas de câmbio. Ou seja, uma boa estratégia de hedge pode ser a chave para um gerenciamento de riscos eficaz, evitando surpresas desagradáveis em sua programação financeira.
A melhor opção para entrar neste universo é contar com um parceiro que possua vasto entendimento no mercado agro e, ao mesmo tempo, no financeiro. Somente a partir de uma visão ampla de um contexto tão complexo e do mercado global será possível tomar as melhores decisões.
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Guerra na Ucrânia: os principais impactos no mercado de commodities
No dia 20 de fevereiro de 2022, um evento chocou o mundo. Foram os primeiros ataques russos à Kiev, capital ucraniana, e outras áreas. Um ano depois, a Guerra na Ucrânia já trouxe diversos desafios ao mercado de commodities e algumas mudanças.
A partir das dificuldades que se apresentaram, soluções foram propostas, novos acordos surgiram, e assim o mercado foi se modificando. Além de todas as tragédias consequentes de uma guerra, os prejuízos econômicos afetam principalmente os dois países envolvidos.
Com isso, outros países entram em cena para suprir as demandas deixadas e acabam sendo beneficiados. Foi o que aconteceu com outros fornecedores das mesmas commodities das quais Rússia e Ucrânia eram grandes fornecedoras.
Nossos especialistas nas principais commodities afetadas fizeram um overview dos principais acontecimentos deste um ano de guerra. Olhamos para os impactos, prejuízos e mudanças que ocorreram.
Impacto da Guerra na Ucrânia no mercado de grãos
É claro que quando dois grandes países estão passando por uma guerra, muitos mercados serão afetados de muitas formas. Com o mundo globalizado, todo o comércio internacional está entrelaçado de maneira que, se um grande player vê o seu fluxo alterado, acaba afetando todo o resto do mundo em efeito cascata.
No caso desse conflito, o principal mercado agrícola afetado foi o de grãos, especialmente o trigo. A Rússia é o maior exportador mundial da commodity e a Ucrânia ocupa o quarto lugar nesse ranking. Juntos, os países são responsáveis por 30% da exportação de trigo global.
Até mesmo o Brasil, que assiste a uma alta da sua produção e caminha em direção à autossuficiência, ainda precisa importar entre 50-60% de todo o trigo que consome. Nosso maior fornecedor é a Argentina, sétimo maior produtor mundial. Mas o exemplo mostra o impacto, já que outros países, principalmente os que não produzem, são muito dependentes da Rússia e Ucrânia nesse sentido.
Com o conflito, o preço do trigo registrou, em 2022, a maior alta de preços da série histórica. Os preços internacionais do trigo tiveram aumento de 76% acima da média de fevereiro, segundo o Ipea. Com isso, houve incentivo para maior produção no Brasil, mas poucos produtores conseguiram adaptar suas produções para realizar a mudança.
Diante dessa situação, Rússia e Ucrânia assinaram um acordo em julho para a criação de um corredor marítimo para exportação de grãos. Supervisionado pela Turquia e pelas Nações Unidas, o “corredor de grãos”, como ficou conhecido, ajudou a dar alívio à crise alimentar.
Com seis meses de atividades, 19 milhões de toneladas de produtos agrícolas já embarcaram no porto de Odesa, no Mar Negro.
Impactos no mercado de energia
Logo que a guerra começou, uma das grandes preocupações foi com o fornecimento de energia para a Europa, principalmente de gás natural e petróleo. A Rússia é o maior fornecedor do continente e, além das dificuldades de negociações e logística de um país em guerra, houve sanções impostas aos produtos russos.
Mas a preocupação foi maior que a realidade. Como o inverno na Europa não foi tão frio como os anteriores, a produção própria, e a importação de outros players, deu conta de suprir a necessidade. E quanto ao petróleo, os Estados Unidos conseguiram atender à demanda através de estoques que possuíam.
Durante o ano, a oscilação do preço de petróleo foi uma das maiores desde a grande crise de 2008. Logo que a guerra iniciou, o preço disparou subindo em 20%. Ao longo do ano, foram altos e baixos e a instabilidade é que reinou. No Brasil, o cenário político tornou o mercado de energia ainda mais imprevisível.
Ainda não há expectativa de um fim à guerra na Ucrânia. Mesmo que se chegue a um acordo, deve levar um bom tempo para que tudo se estabilize e volte ao que era antes – se é que tem como voltar, pois algumas mudanças do período vieram para ficar.
Como se proteger das oscilações no mercado de commodities?
Como vimos, o mercado de commodities é muito instável. Mesmo quando não está sendo impactado por um conflito internacional, o cenário político e econômico do Brasil e do exterior influenciam na formação de preço. Assim como as taxas de câmbio, que também oscilam muito.
Com tantas variações, é imprescindível contar com um planejamento que dê segurança e mais previsibilidade para o futuro dos negócios.
Utilizar estratégias de hedge é a melhor opção para evitar surpresas desagradáveis na programação financeira de quem trabalha na cadeia de commodities.
A hEDGEpoint une o conhecimento de especialistas em gestão de risco por meio de tecnologias e produtos personalizados para oferecer sempre a melhor experiência.
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Soja: como gerenciar riscos da produção à comercialização
A soja é atualmente a commodity agrícola mais produzida e exportada pelo Brasil. E, não poderia ser diferente, o país é o maior exportador e produtor do mundo. Estão no ranking, em seguida, Estados Unidos, Argentina, China e Índia.
São diversos os pontos favoráveis para que o Brasil se destaque. Um deles é o clima quente e úmido, apesar da instabilidade em algumas regiões. Em estados do Centro-Oeste, onde as chuvas são mais previsíveis, a incerteza quanto à produtividade é menor.
Mas em estados como o Rio Grande do Sul, por exemplo, onde as temperaturas variam muito e as chuvas são imprevisíveis, o clima requer mais atenção e preocupação. No momento, por exemplo, o estado passa por uma seca, podendo haver uma redução na produção esperada.
Porém, a imensidão do país é outro ponto a favor. O vasto território brasileiro oferece muita área para plantio. E ela vem aumentando. Espaços que já foram pasto e hoje são improdutivos para a criação de animais, se tornam campos de soja.
Assim, o Brasil vem se transformando nessa potência no mercado da soja. Mas, quanto maior o crescimento, mais necessário se torna o conhecimento para administrar, negociar, lucrar e gerenciar riscos.
Como funciona a produção de soja no Brasil?
A produção brasileira de soja tem características bem específicas. Uma delas é o calendário de safra. A soja de verão começa a ser plantada em setembro e vai até final de novembro. A soja se desenvolve no período mais quente do verão e começa a ser colhida no primeiro trimestre do ano seguinte, dependendo de quando foi plantada e de qual região do país.
O que acontece de diferente dos outros países, é que junto com a colheita de soja, ocorre o plantio de milho de inverno. Ou seja, o produtor, principalmente no Centro-Oeste, não precisa escolher entre milho ou soja.
Já nos Estados Unidos e na Argentina, os produtores costumam optar pelo que estiver valendo mais a pena.
Outro ponto que influencia o mercado nacional é a logística. Os principais estados produtores de soja são Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. Nem todos eles estão próximos a portos e hidrovias. Ou seja, no Brasil há muito transporte rodoviário, por caminhões, e assim o valor dos combustíveis, principalmente do diesel, acaba afetando muito no preço final.
Os números projetados para a safra 22/23 preveem 153 milhões de toneladas , segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Isso significa um crescimento de 22,2% em relação ao ciclo anterior. Mas os números de produção não significam necessariamente bons lucros para os produtores.
Para aumentar as possibilidades de melhores margens de lucros, é preciso estar atento aos riscos do mercado e saber como se precaver.
Quais são os riscos existentes no mercado da soja?
Antes de falar em gerenciamento, é preciso entender quais são os tipos de risco existentes no mercado de commodities. Existem os sistêmicos e os não sistêmicos. Sistêmicos, significa que englobam toda a cadeia de suprimentos, e não sistêmicos, dizem respeito à realidade de cada um e não necessariamente vão afetar toda a cadeia.
Os não sistêmicos, são aqueles considerados incontroláveis e que normalmente não estão diretamente ligados às transações financeiras. Podemos citar como os principais os riscos climáticos e os operacionais (falha humana, problemas com maquinário, enfim, que envolvem a operação).
E por sistêmicos, podemos compreender aqueles que podem levar a um efeito bola de neve. Quando afeta uma parte da cadeia, provavelmente acabará afetando toda ela.
Entre os riscos sistêmicos, podemos nomear dois tipos principais: os de mercado/preço e os de crédito/da contraparte.
Os riscos de crédito abrangem aqueles em que uma das partes acaba não honrando suas obrigações estabelecidas em contrato. Aqui entram questões como não cumprimento de prazo, não entrega do produto, pagamento atrasado, entre outros.
Para problemas desta natureza, a melhor forma de se precaver é por meio de recomendações, busca de referências de quem se compra ou vende, levantamento do histórico do contratante ou contratado e de outras informações que tornem a transação mais segura.
Já o risco de mercado é o que diz respeito à variação de preços. Como são definidos internacionalmente, são muitos os aspectos que influenciam, pois depende da situação da economia mundial.
Como é a formação de preço da soja?
O preço das commodities em geral são determinados pela oferta e procura internacional – mesmo quando a distribuição fica em solo nacional. Isso porque a demanda gera competição tanto entre os países que produzem quanto pelos que consomem.
Sendo assim, a Bolsa de Chicago, nos EUA, é a principal referência da formação de preços de grãos, pois é por lá que é feita a maioria das negociações de compra e venda de grãos.
Já o preço FOB (Free on Board) indica o preco da commodity dentro do navio no porto. Ele é resultante do preço da bolsa mais o prêmio de exportação, entre outros custos.
Por isso, o risco de mercado está muito relacionado à variação cambial, pois ela pode influenciar não apenas uma, mas diversas vezes na definição de preço de uma mesma commodity – por exemplo, o valor na hora de se prepararpara a próxima safra, nacompra de insumos, importação de suprimentos e, é claro, a cotação no momento da venda.
Essas variações até podem acabar gerando lucro quando a cotação do dólar está maior no momento da venda, em comparação ao período de investimentos, mas para isso ocorrer é preciso contar com a sorte.
Para não ficar à mercê do azar, é preciso fazer gerenciamento de riscos. Hoje, existem no mercado recursos para se proteger da volatilidade, tanto do risco de preço como do risco cambial, e se prevenir de surpresas, garantindo bons negócios.
Como se proteger da volatilidade do mercado de soja?
Desenvolver uma boa política de hedge pode ser a chave para evitar surpresas desagradáveis no seu orçamento. Mas, para isso, é preciso entender as ferramentas de derivativos disponíveis no mercado de forma a escolher e aplicar as melhores alternativas de acordo com a estratégia e resultado almejado.
Por isso, a melhor opção para enfrentar esses riscos é contar com um parceiro que possua vasto entendimento de produtos de derivativos e de mercado, tanto cambial como da commodity. Somente a partir de uma visão ampla de um contexto tão complexo e do mercado global será possível tomar as melhores decisões.
A hEDGEpoint alia o conhecimento de especialistas do mercado agro com produtos de gestão de risco para oferecer sempre a melhor experiência em operações de futuros.
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