Como o valor dos insumos afeta a produção agrícola?
São recursos necessários para a produção de bens ou serviços em uma determinada atividade econômica. No mercado de commodities agrícolas, desempenham uma função essencial para trazer maior rentabilidade e eficiência nos processos produtivos. Na agricultura, os insumos são classificados em 3 tipos:
- Insumos biológicos: são os compostos orgânicos, como esterco animal, fertilizantes e adubo.
- Insumos mecânicos: tratam-se das máquinas, equipamentos e implementos agrícolas. Incluem tratores, pulverizadores, semeadoras e instrumentos de irrigação.
- Insumos químicos: referem-se aos materiais vindos de minerais e rochas, como calcário. Englobam também defensivos agrícolas (herbicidas, inseticidas e fungicidas sintéticos).
Fundamentais para os sistemas produtivos de qualquer cultivo, os insumos contribuem para garantir o bom rendimento da safra e a qualidade do produto final. O preço dos insumos pode variar, sendo anualmente reajustado e influenciado pela oscilação das taxas de câmbio. Por isso, os produtores precisam se atentar também ao mercado financeiro para acertar na hora da compra, tendo em vista ferramentas de hedge capazes de oferecer maior segurança aos negócios.
Neste artigo, você irá entender como o valor dos insumos afeta a produção agrícola e de que modo a gestão de riscos auxilia os produtores em relação às variações de preço.
Insumos: efeitos da variação de preços no mercado de commodities
A compra dos insumos é um passo essencial para o sucesso da safra de uma commodity. Sem eles, a produção pode ser inviabilizada. Por isso, é importante que os produtores estejam atentos e planejem a compra, pois os preços elevados têm risco de comprometer toda a produção agrícola.
Existem diversos efeitos causados no mercado de commodities devido à variação de preços dos insumos, repercutindo a nível local e global. Abaixo, explicamos os principais:
- Custo de produção: os insumos representam uma parte substancial dos custos de produção na agricultura. Quando os preços dos insumos estão em alta, os produtores enfrentam maiores despesas para adquirir os recursos necessários. Isso pode reduzir a margem de lucro e tornar a produção agrícola menos rentável.
- Acesso aos insumos: se os preços aumentam significativamente, os produtores com recursos financeiros limitados podem ter dificuldades para adquirir os insumos necessários. As possíveis consequências? Menor disponibilidade desses recursos e resultados negativos na produtividade e qualidade dos cultivos.
- Decisões de plantio e cultivo: os preços dos insumos podem influenciar as decisões dos agricultores em relação aos cultivos a serem plantados e às práticas adotadas. Se os preços de certos insumos estiverem altos, os agricultores podem optar por reduzir a quantidade aplicada ou buscar alternativas mais econômicas.
- Tecnologia e inovação: a variação nos preços dos insumos também pode acarretar a redução de métodos inovadores na agricultura. Se os preços dos insumos necessários para implementar certas tecnologias forem altos, os agricultores podem relutar em investir em soluções mais eficientes.
Oferta e demanda: impactos nos preços dos insumos
As mudanças nos preços dos insumos estão associadas a uma série de aspectos. Entre eles, há a oferta e demanda, fator essencial na determinação dos preços. Se a demanda por um certo insumo exceder a oferta disponível, a tendência é de aumento no preço. Caso a oferta supere a demanda, observamos o oposto, com provável queda nos valores.
Fatores como safras abundantes e condições climáticas favoráveis podem interferir na oferta de insumos. Casos de seca extrema, por exemplo, podem dificultar a extração e produção de determinados insumos, com risco de levar à escassez e aumento de preços. Novas políticas governamentais e econômicas e tendências de consumo também influenciam a demanda mundial.
Para você entender como isso acontece na prática, vamos usar o exemplo dos custos elevados dos insumos como fertilizantes, o que marcou a produção agrícola brasileira em 2022. No Brasil, boa parte das matérias-primas que compõem fertilizantes e defensivos agrícolas são importadas da China, Rússia e Índia. Essas nações vêm enfrentando desafios para manter o ritmo produtivo, além de estarem com embarques limitados devido à necessidade de priorizar o abastecimento local.
As rupturas nas cadeias de suprimento, intensificadas com a guerra na Ucrânia, elevaram os preços dos insumos para os produtores brasileiros, extremamente dependentes das importações. Custos de transporte e logística somados às flutuações cambiais são outros fatores que afetam os preços, principalmente quando há fortalecimento da moeda do país produtor em relação à moeda local.
Existe um momento certo para realizar a compra?
O melhor momento para realizar a compra é quando há queda dos preços de insumos, principalmente quando moedas fortes como o dólar estiverem em baixa. Para evitar valores abusivos, é essencial realizar um planejamento da safra, estabelecendo metas tanto para as quantidades a serem compradas quanto aos preços máximos de cada insumo agrícola.
A compra antecipada pode ajudar a garantir preços melhores, mas muitas vezes os produtores não têm o capital necessário no momento favorável. É aí que entra a
Gestão de riscos oferece segurança aos produtores
A gestão de riscos desempenha um papel importante na proteção dos produtores em relação à alta nos preços de insumos e em outras etapas da produção. A hEDGEpoint fornece produtos personalizados para proteção da variação de preços do setor de commodities.
Para isso, oferecemos produtos de hedge para criar estratégias de proteção por meio de contratos no mercado futuro ou de opções. Além disso, oferecemos análises e insights valiosos, por meio do nosso time de Inteligência de Mercado e a nossa plataforma hEDGEpoint Academy, para auxiliar os produtores na gestão e tomada de decisões assertivas.
Fale com um especialista da hEDGEpoint e descubra como podemos atuar no seu negócio!
5 macrotendências para o mercado de commodities até 2030
As macrotendências englobam tendências de longo prazo que afetam amplamente diversos espectros da sociedade, com impactos por vezes econômicos, políticos e culturais. Elas representam mudanças estruturais significativas e duradouras, com consequências a nível local e global.
Essas tendências são impulsionadas por diversos fatores e também têm efeitos no mercado de commodities. Confira exemplos de como as macrotendências podem influenciar neste setor:
- Crescimento populacional e urbanização: o aumento da população e a rápida urbanização repercutem diretamente na oferta e demanda por commodities.
- Avanços tecnológicos: a digitalização e a inteligência artificial podem otimizar a produção e comercialização, reduzindo custos e acelerando processos.
- Sustentabilidade: a busca por práticas que preservam o meio ambiente impulsiona a procura por commodities com menor impacto socioambiental, o que pode levar a novas exigências na matriz energética.
- Flutuações cambiais, políticas governamentais, conflitos sociopolíticos e tensões comerciais: são macrotendências capazes de afetar os preços das commodities, gerando volatilidade na cadeia global.
Compreender as macrotendências é fundamental para antecipar transformações necessárias e se adaptar a elas. Pensando nisso, selecionamos as principais macrotendências para o mercado de commodities, apontando qual o papel do gerenciamento de riscos nesse contexto. Continue a leitura e descubra!
Macrotendências: quebra de paradigmas no setor de commodities
Uma combinação de fatores está acelerando uma grande modificação de paradigmas das commodities. A análise da hEDGEpoint pontuou quais são as principais macrotendências até 2030. Explicamos abaixo como cada uma delas poderá transformar o mercado de commodities nos próximos anos, confira!
-
Tecnologias de impacto
De acordo com o estudo Digital 2022: Global Overview Report, mais de 60% da população do planeta está conectada à internet, totalizando uma marca de 5 bilhões de pessoas. A pesquisa também indicou que quase 23% dos usuários mundiais utilizam as redes sociais em suas atividades profissionais. Atualmente, há mais de 22 bilhões de dispositivos conectados globalmente. De acordo com o Statista, esse número passará para 50 bilhões em 2030.
Tendo em vista esse cenário, 90% das negociações de ações já são criadas por algoritmos. As consequências dessa realidade são inúmeras para o mercado de commodities. Uma delas é a eficiência na produção por meio da automação, com a aplicação de algoritmos avançados e análises de dados visando à otimização das operações.
Outra transformação é no comércio e na logística, com o uso de dispositivos móveis que facilitam transações em tempo real. Algoritmos de negociação automatizada, inteligência artificial e aprendizado de máquina são cada vez mais empregados para prever tendências e gerenciar riscos. A tecnologia também desempenha um papel crucial na descoberta, exploração e até mesmo extração de commodities, através do uso de drones, satélites e sensores que identificam áreas ricas em recursos.
-
Segurança alimentar, climática e energética
Essa é uma prioridade para a maioria dos países. A tendência da desglobalização foi ampliada ainda mais pela COVID-19 e Guerra da Ucrânia, acontecimentos que interromperam as cadeias de suprimento de commodities e impulsionaram a inflação. No médio prazo, é provável que sejam reduzidas as dificuldades de segurança alimentar conforme se encontrem novos fornecedores.. Em relação ao clima e à energia, há a tendência de adoção de práticas sustentáveis, o que aumentará a demanda por energias renováveis e estratégias para minimizar as emissões de gases de efeito estufa.
-
Aumento da volatilidade
Desde o início da pandemia, observa-se a tendência de preços altos e voláteis, principalmente no mercado de energia. Na Europa, por exemplo, o aumento dos preços de gás natural causou uma crise de liquidez nos últimos 12 meses. À medida que novas fontes de energia se tornarem disponíveis até 2030, é provável que haja maior estabilização dos preços, mas precisamos ficar atentos.
Com a volatilidade, produtores de commodities poderão sofrer impacto direto em suas receitas e lucros, enfrentando incertezas em relação às suas vendas e à compra de insumos. Investidores também correrão o risco de enfrentar dificuldades em planejar a longo prazo, com obstáculos até mesmo no acesso ao crédito devido à instabilidade. As cadeias de suprimento e os preços finais dos produtos têm chances de serem afetados, caso haja mudanças na oferta e demanda.
-
Transição ESG
Juntando as palavras Environmental (Meio Ambiente, em português)), Social (de tradução equivalente) e Governance (governança, em português), o termo ESG tem sido aplicado por empresas que elaboram planos de redução ou contenção de impactos ambientais. Essa é mais uma tendência importante para todos os agentes que atuam no mercado de commodities.
As transições ESG incorporam estratégias que fazem parte dos mais amplos setores organizacionais. Com isso, são adotadas práticas como a reciclagem de metais, as reduções nas emissões de carbono e a garantia de boas condições de trabalho nas cadeias de suprimento. A governança também é imprescindível, com protocolos rígidos e códigos de conduta adequados para garantir total conformidade com leis e regulamentos.
-
Alterações demográficas
Até o fim do século, a população mundial deverá atingir a marca de 11 bilhões, com crescimento exponencial na África e Ásia. A expectativa de vida é cada vez maior, prevendo-se menos filhos, principalmente nas nações ocidentais. As mudanças também são geracionais, com os millennials e aqueles que os seguem, impulsionando a economia global a partir de novas preferências e maneiras de consumo.
Todos esses aspectos afetarão a demanda e a oferta de commodities, influenciando a disponibilidade de recursos, bem como o eixo de influência para negócios ligados às commodities, com a Ásia e África assumindo um papel central nos mercados
Ásia e África: crescimento e maior demanda
A análise da hEDGEpoint também destaca o crescimento populacional da Ásia e da África, o que irá exigir maior demanda de commodities nessas regiões, principalmente de energia: a Energy Information Administration (EIA) projeta um aumento de quase 50% no uso mundial de energia até 2050, liderado pela ascensão do continente asiático.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que a população da África crescerá de 18% em 2022 para 26% até 2050, adicionando cerca de 1,1 bilhão de pessoas no mundo. Confira a comparação no gráfico abaixo:
Na Ásia, a estimativa de aumento é de 628 milhões de pessoas. Novos centros de crescimento urbano também estão surgindo nesses continentes. Atualmente, 50% da população mundial vive em cidades, enquanto elas consomem ¾ dos recursos naturais do mundo. Neste cenário, será importante observar a dinâmica de oferta e demanda, o que poderá impactar o mercado de commodities.
hEDGEpoint: atuação estratégica na gestão de riscos
A hEDGEpoint leva em consideração todas as macrotendências: estamos sempre acompanhando o que está acontecendo no mercado a nível local e global. Dessa forma, conseguimos traçar uma estratégia de negócio que leva em conta alterações na sociedade e define a melhor resposta pela nossa empresa, para oferecer as melhores soluções adequadas de hedge aos nossos clientes.
Ter conhecimento de todas essas tendências é fundamental para traçar estratégias de genciamento de riscos mais eficazes e capazes de trazer segurança para os negócios. A hEDGEpoint fornece produtos de hedge com base em inovação, disponibilizando insights valiosos aos clientes. Buscamos antecipar mudanças, mapeando tendências e contribuindo na tomada de decisões estratégicas.
Fale com um especialista da hEDGEpoint para saber mais!
Armazenamento de grãos no Brasil: entenda o problema
A capacidade insuficiente para o armazenamento de grãos no Brasil ganha destaque com a colheita da safra 22/23. A estimativa atual, conforme o 9° levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), é de que a produção de grãos chegue a 315,8 milhões de toneladas, um aumento de 15,8% ou 43,2 milhões de toneladas sobre a temporada anterior.
A soja apresenta o maior crescimento, totalizando um volume de cerca de 155,7 milhões de toneladas, seguida do milho, com 125,7 milhões de toneladas. Juntas, essas duas commodities representam 72,5% do total de grãos na safra 22/23. Nesse cenário, a armazenagem se torna ainda mais desafiadora. Segundo Marcelo Lacerda, Head of Desk – Sales – Brazil Grains/Cotton da hEDGEpoint, o problema está no fato de que a produção é significativamente maior do que o espaço de estocagem disponível, com risco de haver um déficit de quase 124,9 milhões de toneladas:
“Hoje, o país produz mais do que consegue efetivamente armazenar. A nossa capacidade de armazenar está em torno de 180 a 190 milhões de toneladas, muito inferior ao que as projeções indicam em relação à produção total”, explica.
Neste artigo, você irá entender por que a armazenagem de grãos é um problema a ser enfrentado na nação brasileira e como a gestão de riscos pode ajudar os produtores.
Capacidade estática inferior à produção
A capacidade estática se refere à disponibilidade de estruturas disponíveis para o armazenamento de grãos. No Brasil, ela é consideravelmente inferior à quantidade de grãos produzidos. Por isso, muitos produtores têm depositado parte da colheita em métodos alternativos como silo bolsas, que são compartimentos que permitem armazenar todo tipo de grão e silagem: “É uma medida paliativa, mais arriscada e que pode acarretar a perda produtiva”, comenta Lacerda.
Analisando-se a evolução da capacidade de armazenagem a partir de dados da Conab, aponta-se taxa média de crescimento de apenas 2,3% ao ano em um histórico de 10 anos. Nesse mesmo período, o aumento da produção de milho e soja foi de 5,6% ao ano. Esse é um panorama preocupante, visto que o déficit de armazenagem reduz o poder de escolha do melhor momento de venda, pressionando as cotações:
“O produtor pode se ver obrigado a vender a soja ou o milho, caso a produção seja maior que a capacidade de armazenamento considerando safra e safrinha, mesmo que os preços não sejam atrativos. Isso faz com que haja uma pressão de venda no mercado, diminuindo os preços ao produtor ainda mais”, esclarece Lacerda.
Capacidade de Armazenagem de Grãos vs Produção de Soja e Milho (M ton, %):
A safra de soja 22/23 apresentou uma colheita bastante elevada e ainda estão acontecendo as negociações de venda. De acordo com análise da hEDGEpoint, ainda há a estimativa de quase 40% da safra 22/23 de soja para ser comercializada. Com a entrada da colheita do milho, a disputa de espaço com a soja se intensifica dentro da capacidade de armazenagem, impactando a comercialização.
Comercialização da Safra de Soja a Nível Nacional (% da produção):
O mercado da soja tem uma liquidez maior quando comparado ao de milho. Na prática, significa que é mais fácil resgatar os valores investidos nessa commodity. Lacerda pontua que isso faz com que alguns produtores optem por estocar a soja e vender o milho:
“O risco é a redução das exportações norte-americanas, já que o Brasil estará vendendo bastante milho no mercado externo, afetando as cotações da Bolsa de Chicago”, elucida.
Perdas podem somar até R$ 30,5 bilhões em 2023
Com safras recordes e o elevado déficit de armazenagem de grãos, os prêmios de exportação da soja e do milho estão em níveis negativos em relação ao mercado internacional. O prêmio é um valor que pode ser positivo ou negativo, representando um ágio ou um deságio frente ao balizador internacional dos preços. Reflete o valor que o importador está disposto a pagar pela commodity, determinado por meio de negociações entre exportadores e importadores, utilizando o valor da Bolsa de Chicago como referência.
Segundo a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, as perdas geradas na cadeia produtiva brasileira podem chegar a R$ 30,5 bilhões em 2023. Das perdas totais, a soja responderia a R$ 19 bilhões; o milho, por R$ 11,5 bilhões. Os valores foram avaliados considerando prêmios negativos e os embarques realizados e previstos para os próximos meses.
Outro ponto importante é a diferença na capacidade de armazenagem entre os diversos estados. Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo são exemplos com maior espaço de armazenamento, enquanto o Mato Grosso, principal produtor de grãos do país, apresenta déficit de 50%, ou seja, apenas metade do que é produzido consegue ser estocado.
Capacidade de Armazenagem de Grãos vs Produção de Soja e Milho por Estado (%):
Concluímos que o Brasil não tem a estrutura suficiente para armazenar a produção das safras anuais de grãos. Além disso, alguns estados carecem de espaço, enquanto outros têm sobras. Nesse sentido, é importante que o país adote uma logística melhor de distribuição, incentivando a adoção de políticas que possam aumentar a capacidade estática de armazenamento.
Com essas medidas, o produtor poderá vender em um momento mais favorável, havendo maior controle sobre os preços dos produtos exportados. A gestão de riscos também assume importante papel, proporcionando ainda mais segurança, conforme explicamos a seguir.
Como a gestão de riscos pode ajudar os produtores?
Vários fatores interferem na volatilidade do mercado de commodities. Incertezas devido ao contexto político e econômico a nível local e global e a própria estocagem podem afetar na oferta e demanda. O especialista Marcelo Lacerda alerta sobre uma das funções principais da gestão de risco em relação ao armazenamento:
“O produtor poderá vender o produto e montar estratégias de derivativos que vão fazer com que ele participe de uma eventual alta. Ele vende a soja dele no mercado físico, por exemplo, e forma uma estrutura de proteção contra a alta, através de derivativos. Essa é uma solução de gestão de risco em relação à questão da da armazenagem”, argumenta.
Desse modo, o gerenciamento de riscos desempenha um papel fundamental. A hEDGEpoint oferece produtos de hedge que possibilitam ao produtor garantir um preço mínimo de venda, assim, ele poderá participar da alta do mercado por meio de estruturas de opções. Além disso, disponibilizamos análises valiosas e tecnologias que unem o conhecimento de especialistas para a tomada de decisões estratégicas em cada modelo de negócio.
Fale com um especialista da hEDGEpoint e saiba mais!
Mercado de proteína animal: risco de colapso nos Estados Unidos?
A commodity de proteína animal se refere aos produtos de origem animal que são negociados em mercados internacionais como bens básicos homogêneos. Além disso, são amplamente comercializados e com preços influenciados por diversos fatores, incluindo: oferta e demanda, condições climáticas, ração animal, políticas governamentais, conflitos sociopolíticos, mudanças econômicas e doenças sanitárias.
A proteína animal pode incluir uma variedade de produtos, como carne bovina, suína, aves, cordeiro, peixes, laticínios, ovos e demais derivados de origem animal. Essas mercadorias são produzidas em escala industrial e estão sujeitas a padrões e regulamentações específicas para garantir a segurança alimentar e a qualidade.
Atualmente, é um setor caracterizado por um contexto mundial complexo e desafiador. A pandemia da COVID-19, por exemplo, impactou significativamente a oferta e demanda, bem como os preços. Um dos países mais afetados por esse panorama foram os Estados Unidos.
Neste artigo, você irá entender como está o cenário da carne bovina e suína na nação norte-americana e por que há riscos de colapsar, com destaque para a importância da gestão de riscos.
Carne bovina enfrenta produção reduzida nos EUA
John Payne, Relationship Manager da hEDGEpoint com atuação nos Estados Unidos, explica o principal desafio do mercado de carne bovina no país:
“Estamos em um ponto no qual não há muitos animais disponíveis no curto prazo. O abastecimento de gado foi eliminado nos últimos 5 anos por causa de fazendas não lucrativas, COVID-19 e seca extrema. Os produtores estão sendo incentivados a aumentarem os rebanhos, mas é um processo longo e com custos variados”, argumenta Payne.
Após a pandemia, a demanda voltou a aumentar, mas o ciclo de produção da carne bovina leva tempo e não acompanha o ritmo do consumo. Só para se ter uma ideia, o rebanho de vacas de corte do país caiu para o seu nível mais baixo desde 1962, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Uma das razões para isso foi a seca extrema sofrida pelos Estados Unidos em 2022. Com isso, elevaram-se os custos de alimentação animal, pois o clima adverso reduziu a quantidade de pasto disponível. Os pecuaristas enviaram cada vez menos vacas ao abate, em vez de mantê-las para se reproduzirem.
Outra questão relevante é a quantidade de feno disponível. Uma parte considerável do rebanho bovino dos EUA ainda enfrenta efeitos da seca, apesar de as condições terem melhorado. Isso resultou em escassez de feno, cujos estoques em 1º de maio caíram 13% em relação a 2022, nível mais baixo em uma década.
Dessa forma, o suprimento reduzido de feno pode não ser suficiente para compensar as pastagens ruins e sustentar os rebanhos no verão norte-americano, o que afetará a reprodução. Por isso, o USDA afirma que o abate de vacas de corte continuará em uma taxa relativamente alta.
Como consequência, Payne sinaliza a elevação expressiva dos preços dessa commodity devido à baixa oferta no mercado, como podemos ver no gráfico abaixo:
Tendo em vista esses fatores, o USDA estima que a produção mundial da carne bovina deverá diminuir 0,2,% em 2023. A queda acontece, principalmente, pela redução na produção dos Estados Unidos: o país deve somar 12,01 milhões de toneladas, quantidade 6,3% menor do que em 2022. Já as projeções do banco holandês Rabobank indicam que a produção de carne bovina estadunidense deve diminuir de 400 mil a 500 mil toneladas por ano até 2026.
Carne suína: demanda doméstica menor do que a oferta
No mercado de suínos dos Estados Unidos, a demanda doméstica está mais lenta neste ano. A inflação continua reduzindo o poder de compra da população e desacelerando a economia. O USDA aponta que a produção comercial dos EUA está prevista 1,4% maior em 2023, totalizando cerca de 12,4 milhões de toneladas, com o aumento gradual das safras de suínos e pesos maiores.
Esse cenário contribui para a maior oferta de carne suína em relação ao consumo interno. Por isso, os preços reduziram e estão com valor extremamente atrativo para grandes importadores, como China e México. O USDA prevê exportações ligeiramente maiores também para Japão e Coreia do Sul, devido ao aumento da competitividade do país em relação à União Europeia. O crescimento se deve, sobretudo, à demanda maior desses países asiáticos, pois há recuperação do consumo em direção aos níveis anteriores à pandemia.
Outro aspecto importante que poderá ampliar o volume de exportações norte-americanas é um novo surto de Peste Suína Africana (PSA) na China, principal exportador e importador de carne de porco do planeta. As interrupções nas cadeias de fornecimento chinês implicam a reorganização dos mercados de proteínas globais, bem como o possível aumento de preços.
Segundo análise da hEDGEpoint, no curto prazo, o mercado não deverá sentir o problema envolvendo a PSA na China, pois a oferta está elevada: “O que poderá acontecer é a tendência de aumento das importações da nação chinesa no longo prazo, caso haja surto de PSA novamente”, pontua Payne.
Estados Unidos: entenda por que existe risco de colapso
Com o atual cenário da carne bovina e suína estadunidense, identificamos alguns fatores principais que podem levar ao colapso:
- A baixa produção de carne bovina;
- O desequilíbrio entre oferta e demanda da carne suína;
- Surto de PSA;
- Mudanças climáticas.
John Payne explica que o risco de colapso está na própria lógica de funcionamento da cadeia produtiva deste setor:
“Você não tem a capacidade de aumentar ou diminuir a produção rapidamente. O processo reprodutivo é mais demorado, principalmente para a carne bovina e, ainda, há a necessidade de mais ração quando se aumenta a reprodução”.
No caso da carne de porco suína, a PSA poderá afetar a produção estadunidense no futuro. As perdas seriam, em média, de US$ 7,5 bilhões por ano, de acordo com o economista Dermot Hayes, da Universidade Estadual de Iowa.
Isso ocorreria porque as exportações seriam perdidas e parte do produto que poderia ter ido para a China seria processado, tornando-se inútil ou perdendo muito valor. Mas, grande parte da carne muscular acabaria no mercado interno, aumentando o consumo em até 30% e causando uma enorme queda nos preços, segundo Hayes.
Em relação às transformações climáticas, a Climate Risk Tool da FAIR aponta que os custos relacionados ao clima poderão afetar a produção agrícola, como os preços mais altos de ração e taxas de carbono esperadas. A elevação no valor da ração será responsável por 5% do aumento de custos para as empresas de pecuária, sendo mais um obstáculo para as indústrias. Já os impostos de carbono esperados sobre as emissões da produção pecuária representarão 4% do acréscimo de custo.
Qual a importância da gestão de riscos?
O cenário de proteína animal nos Estados Unidos é um exemplo que não deixa dúvidas: o mercado de commodities é extremamente volátil. Mudanças econômicas, políticas e climáticas interferem na produção e nos preços.
Contar com um planejamento que dê segurança é fundamental para os agentes envolvidos nesta cadeia global. Por isso, utilizar estratégias de gestão de risco é imprescindível. Com produtos de hedge, conhecimento de especialistas e análises de inteligência do mercado, a hEDGEpoint oferece todo o suporte para a melhor experiência em operações de futuros.
Quer receber um material exclusivo sobre Livestock Margin Swaps? É só clicar aqui!
Fale com um especialista da hEDGEpoint para saber como podemos atuar na gestão de riscos do mercado de proteína animal.
Mercado do trigo: cenário na Argentina e no Sul do Brasil
No Brasil, o mercado do trigo é marcado pela dependência de importações. O país também vem recebendo destaque devido à produção em ascensão na Região Sul. A Argentina, por sua vez, sempre foi o principal exportador de trigo para a nação brasileira, mas a safra 2022/23 dessa commodity agrícola sofreu impactos pela seca extrema.
Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção brasileira de trigo, na safra 22/23, tem previsão estimada de 10,4 milhões de toneladas, tornando-se o 14ª maior produtor mundial. Andrey Cirolini, Relationship Manager da hEDGEpoint, reforça o bom desempenho do Rio Grande do Sul para esse resultado: “A área de plantio aumentou consideravelmente neste estado, saindo de 1,165 milhão de toneladas para 1,5 milhão”.
Na Argentina, a produção chegou a 12,4 milhões de toneladas na safra 22/23 de trigo, o que representa 8,1 milhões abaixo das projeções iniciais. Além disso, são 10 milhões de toneladas a menos que o recorde de 22,4 milhões de toneladas da safra anterior, ou seja, uma queda de 45%. Sol Arcidiácono, Sales Head Desk da hEDGEpoint, aponta que o clima contribuiu para a redução expressiva:
“Foi um panorama complexo, ocorrendo falta de chuvas, com seca severa que afetou toda a região produtiva da Argentina e impediu o bom desenvolvimento das lavouras”, explica.
Safra de trigo 22/23 marcada por seca histórica na Argentina
A situação de estiagem na Argentina definiu a safra 22/23 de trigo como a pior dos últimos anos. Devido ao clima irregular, muitas áreas não foram plantadas. A presença de seca rigorosa está fortemente associada ao La Niña, que durou três anos e chegou ao fim em março de 2023.
Esse fenômeno causa um resfriamento do Pacífico e é capaz de alterar o regime de chuvas e as temperaturas em todo o planeta, com efeitos em diversas culturas. No país argentino, afetou consideravelmente a produtividade do trigo semeado no final do inverno de 2022.
Conforme divulgado pelo USDA, as exportações de trigo na temporada 22/23 estão previstas em 5,8 milhões de toneladas, com destino principalmente para o Brasil, Indonésia e demais países da América Latina. A BCR (Bolsa de Comércio de Rosário) indica que a queda na produção total do grão deve ter consequências significativas nas receitas: os embarques ao exterior estão projetados em 5,6 milhões de toneladas, um número 40% menor do que na safra de 21/22.
No gráfico, exibimos as estimativas de exportações mensais de trigo nas safras de 2021/22 e 2022/23 e o preço médio mensal FOB:
Para Sol Arcidiácono, o ano foi um dos mais difíceis aos produtores argentinos, com quebra de expectativa e necessidade urgente de recuperação. Muitos haviam, inclusive, vendido a produção de forma antecipada. Contudo, não puderam cumprir diversas dessas vendas, que se prorrogaram para a próxima safra:
“As vendas dos produtores para o ciclo que está sendo plantado atualmente estão em mínimos históricos. Isso se deve aos preços consideravelmente mais baixos e ao desafio climático da transição do ano do La Niña para o El Niño. As reservas de umidade estão em baixa, e as chuvas não devem melhorar até a primavera. Os produtores não se sentiram confortáveis com a aceleração das vendas. A incerteza política também é outro fator, já que é ano eleitoral e não há candidato favorito”, explica a especialista da hEDGEpoint.
O gráfico ilustra a fala de Arcidiácono, exibindo as vendas de produtores até a semana de 24 de maio de 2023:
Região Sul do Brasil: protagonismo na produção de trigo
Apesar da seca histórica da safra de 22/23 na Argentina, o Brasil não sentiu os impactos da seca no país vizinho porque teve sua necessidade de importações reduzida. Segundo dados do 9° levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), em abril de 2023, para suprir a demanda interna, foram importadas 312,8 mil toneladas de trigo. Esse número representa 26,96% a menos do que em março/2023 e 38,87% a menos do que no mesmo período do ano passado. Do total importado, 54,79% são da Argentina.
A redução se deve ao fato de termos colhido uma safra maior, com a indústria originando principalmente no mercado interno. Andrey Cirolini esclarece: “O Brasil aumentou bastante a produção de trigo até chegar ao recorde de 10 milhões de toneladas. Obtivemos uma quantidade maior de produção, por isso reduzimos também essa dependência. Além disso, a Região Sul ainda exportou quase 3 milhões de toneladas”.
O Rio Grande do Sul é protagonista nesse contexto: na safra 22/23, foram 6,01 milhões de toneladas de trigo produzidas, em um total de 1,6 milhão de hectares. As condições climáticas para o trigo no RS foram importantes para os bons resultados:
“O clima foi favorável para a produção de trigo no Rio Grande do Sul com o La Niña contribuindo para uma primavera seca, o que favorece o cultivo no momento da colheita. Antes, o Paraná ocupava a posição de principal produtor. Porém, nos últimos anos, vem perdendo esse posto para o estado do Rio Grande do Sul. Chuvas no final do ciclo da cultura no ano passado geraram problemas de qualidade no trigo paranaense, provocando a necessidade de exportação de aproximadamente 300 mil toneladas de trigo ração, o que contribuiu para consolidação desse cenário”, pondera Cirolini.
Perspectivas de mercado apontam recuperação argentina
Segundo análise da hEDGEpoint, a perspectiva é de recuperação argentina e retorno do equilíbrio nas exportações para o Brasil na safra de trigo 23/24. Dessa forma, prevê o restabelecimento do funcionamento habitual do mercado.
A estimativa é de que a nação argentina alcance a produção de 18 milhões de toneladas para a safra 23/24, com plantio de 6,3 milhões de hectares, conforme a Bolsa de Grãos de Buenos Aires.O USDA tem uma estimativa mais otimista do que as fontes locais, projetando 19,50 milhões de toneladas.
Veja no gráfico o volume de trigo negociado na nova campanha na semana 18 de cada ano, sobre a área + produção de trigo na Argentina:
“Na Argentina, o avanço atual do plantio de trigo é de quase 40%, em meados de junho. Há uma expectativa de produção melhor, impulsionada pelo El Niño, que deve trazer mais chuvas no segundo semestre, embora o investimento em fertilizantes seja menor neste ano”, diz Sol Arcidiácono.
Confira o volume de água na camada superficial do solo e no perfil, até 12/06/2023:
No Brasil, a safra de trigo da temporada 23/24 foi estimada em 10 milhões de toneladas, conforme informações do USDA. Os estoques foram apontados em 1,83 milhão de toneladas, com exportações em 3,50 milhões de toneladas. Estados como o Rio Grande do Sul e Paraná já estão com áreas semeadas, iniciando o desenvolvimento vegetativo.
É importante observar os possíveis impactos do El Niño na produção da Região Sul. Em Santa Catarina, a Conab sinaliza a expectativa de menor área cultivada e queda de produtividade devido ao fenômeno. Andrey Cirolini destaca:
“Com a chegada do El Niño, haverá risco de mais chuvas nos meses de inverno e primavera, o que pode impactar negativamente na safra de trigo. Desse modo, tanto a produtividade quanto a qualidade das lavouras podem ser afetadas. Precisamos ficar atentos”, elucida o especialista da hEdDGEpoint.
Como se proteger dos riscos desse mercado?
Apesar de todas as previsões realizadas, é importante lembrar que são apenas tendências. Não é possível evitar acontecimentos como mudanças políticas, eventos imprevisíveis, intempéries climáticas e conflitos econômicos a nível local e/ou global.
Em um mercado tão volátil como o de commodities, é importante contar com a gestão de riscos. Na hEDGEpoint, aliamos o conhecimento de especialistas com produtos de hedge que oferecem sempre a melhor experiência em operações de futuro. Os seus negócios recebem análises e insights valiosos para um planejamento seguro, em que são identificadas oportunidades estratégicas.
Fale com um especialista da hEDGEpoint para saber mais!
Recent Comments
Search
Recent Posts
Recent Comments
Archives
- janeiro 2025
- dezembro 2024
- novembro 2024
- outubro 2024
- setembro 2024
- agosto 2024
- julho 2024
- junho 2024
- maio 2024
- abril 2024
- março 2024
- fevereiro 2024
- janeiro 2024
- dezembro 2023
- novembro 2023
- outubro 2023
- setembro 2023
- agosto 2023
- julho 2023
- junho 2023
- maio 2023
- abril 2023
- março 2023
- fevereiro 2023
- janeiro 2023