Como a volatilidade impacta o mercado de commodities?
A volatilidade é inerente ao mercado de commodities. Nos últimos anos, o mundo tem se deparado com os efeitos da pandemia de COVID-19, somados aos desdobramentos da guerra na Ucrânia. Além disso, fenômenos climáticos como o La Niña trouxeram consequências negativas para diversas regiões.
Esses acontecimentos acarretam mudanças não somente para as cadeias produtivas, mas também no dia a dia da população. As dinâmicas de produção e consumo são alteradas e muitas vezes resultam em variações bruscas de preços dos alimentos, combustíveis e insumos agrícolas.
Como tudo isso está interligado à volatilidade no mercado de commodities e à importância da gestão de riscos? É isso que você irá descobrir neste conteúdo.
O que é a volatilidade no mercado de commodities?
A volatilidade é uma variável que permite analisar a frequência e a intensidade das oscilações de preço de um certo ativo ao longo do tempo. No caso das commodities, cujos preços são determinados principalmente pela oferta e demanda internacional, a volatilidade evidencia o grau de sensibilidade do mercado em relação aos fatores que podem desencadear mudanças de valores nos produtos.
Na prática, commodities extremamente voláteis podem sofrer enormes variações de preço em um único dia. Assim, a volatilidade funciona como um indicador para o negociador ter o conhecimento prévio dos possíveis cenários de preço da commodity.
Para entender como a volatilidade ocorre na prática, pense em uma empresa brasileira que depende de café arábica. No primeiro dia, a saca de 60kg do café está cotada em R$ 800 na bolsa do mercado físico de referência. No dia seguinte, a mesma quantidade custa o valor de R$ 750. Ou seja, o café passou por uma oscilação significativa de cotação em um curto período.
Quais fatores causam volatilidade no mercado de commodities?
A volatilidade está sujeita a uma série de fatores que podem desencadear variações de preço. Mudanças na oferta e demanda são os principais impulsionadores da volatilidade das commodities. Qualquer evento que afete a produção e/ou o consumo pode influenciar a oferta e demanda, como:
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Condições Climáticas
As condições climáticas desempenham um papel crítico no mercado de commodities. Secas, inundações e geadas têm chance de modificar a produção de culturas e, consequentemente, os preços dos alimentos.
O La Niña, por exemplo, causa estiagem e inundações, variando conforme a área de atuação. Na América Latina, esse fenômeno natural chegou ao fim em março de 2023, após 3 anos de duração. Caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico, seus efeitos locais foram intensos em culturas como o trigo na Argentina.
A safra 2022/2023 argentina de trigo foi a pior dos últimos anos, marcada por uma seca histórica e que resultou em 10 milhões de toneladas produzidas a menos do que na temporada anterior. Com menor oferta local do produto e demanda inalterada, os preços sobem para o consumidor e as importações também ficam mais caras.
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Geopolítica
Tensões geopolíticas, anos de eleição, conflitos armados ou mudanças nas políticas comerciais de países produtores ou exportadores de commodities podem interromper as cadeias de suprimento e aumentar a volatilidade dos preços.
É o que percebemos com a guerra da Ucrânia. Iniciativas globais foram colocadas em prática para mitigar as consequências negativas na circulação de produtos básicos, como grãos, os quais os países envolvidos no conflito são importantes produtores e exportadores.
Entre elas, há o acordo para escoamento de grãos da Ucrânia pelo Mar Negro, firmado pelas Nações Unidas e pela Turquia em julho de 2022 e que permitiu as vendas externas de grãos ucranianos. Porém, o acordo foi encerrado neste ano e ainda não houve a sua renovação, o que gera ainda mais incertezas.
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Políticas Econômicas
Modificações nas políticas econômicas governamentais costumam repercutir em todo o mercado de commodities.
Para você compreender, sugerimos a leitura do nosso texto sobre a questão do setor imobiliário chinês. O mercado da China não está suficientemente aquecido com os incentivos fiscais e monetários atuais, o que levou à queda nos investimentos do ramo imobiliário e impactou a necessidade de importações do petróleo consideravelmente.
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Estoques e Armazenamento
Os níveis de estoque e a capacidade de armazenamento desempenham um papel na volatilidade. Baixos níveis de estoque tornam o mercado mais sensível a interrupções na oferta. Já o excesso de produtos tende a aumentar a necessidade de armazenagem e reduzir os preços de venda para os produtores, caso a demanda não acompanhe o mesmo crescimento.
É o que está acontecendo hoje no Brasil: o país produz mais do que efetivamente consegue armazenar. Com perspectiva de safra recorde de grãos para 23/24, a problemática corre risco de se fortalecer. Sugerimos a leitura deste texto para saber mais sobre a questão da armazenagem brasileira.
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Crises sanitárias
Crises sanitárias, como a pandemia da COVID-19, criam incertezas e levam a movimentos bruscos nos preços de commodities.
Esse foi um acontecimento que, assim como a guerra na Ucrânia, merece grande destaque, pois mostra de forma bastante explícita quais os impactos da volatilidade no mercado de commodities.
Abaixo, explicamos todos os detalhes.
Exemplos de como a volatilidade impacta preços das commodities a nível global
A pandemia de COVID-19 e o conflito entre Rússia e Ucrânia ocasionaram alta de preços no mercado de commodities e contribuíram para a inflação mundial. Vários países apresentaram dificuldades em lidar com a crise sanitária, cujas consequências foram potencializadas pela guerra em curso.
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Pandemia da COVID-19
Com a pandemia da COVID-19, muitas empresas interromperam o fluxo produtivo de commodities porque as pessoas não podiam ir para as fábricas trabalhar. Houve rupturas nas cadeias logísticas e disputa para garantir produtos básicos, com a preocupação da oferta reduzir em todo o mundo devido às medidas de isolamento social.
Os preços das commodities foram impactados e até hoje os efeitos da pandemia são sentidos. Os bancos centrais de diversas nações se movimentaram para incentivar a economia, reduzindo taxas de juros. Contudo, a maior disponibilidade de dinheiro não acompanhou uma expansão proporcional da oferta, cenário que manteve os preços de várias commodities em alta.
Uma situação de maior inflação de preços surgiu em todo o planeta, com as autoridades recuando em suas medidas e passando a elevar a taxa de juros, o que propicia o cenário perfeito para recessão econômica. O consumidor percebeu tudo isso no bolso, pagando mais caro por alimentos e combustíveis.
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Guerra entre Rússia e Ucrânia
A invasão do território ucraniano pela Rússia intensificou a preocupação que já existia em relação à oferta de alimentos, energia e insumos como fertilizantes. A Rússia é um importante país produtor e exportador de gás natural e petróleo. A Ucrânia, por sua vez, tem forte representação no comércio internacional de grãos. A possível redução da oferta acelerou ainda mais o valor das commodities.
Os preços internacionais das commodities, calculados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), indicaram elevação nos primeiros meses do conflito, principalmente em relação ao preço das commodities energéticas e dos fertilizantes (atingiram valores extremos em abril e maio de 2022).
No gráfico abaixo, você observa o índice de preço das commodities no intervalo de jan/20 a jan/23.
Gestão de riscos: aliada para proteger da volatilidade
A volatilidade não pode ser completamente eliminada, afinal, os acontecimentos são dinâmicos e por vezes imprevisíveis. Mas, existem ferramentas que auxiliam no gerenciamento de riscos do mercado de commodities.
Para isso, é imprescindível acompanhar as tendências e se informar sobre todos os aspectos que interferem nos preços das commodities. A hEDGEpoint une produtos de hedge sofisticados à análise de dados, o que ajuda na tomada de decisões mais informadas.
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